O sobrepeso e a obesidade infantil podem oferecer sérios riscos à saúde das crianças. Especialistas do Hospital Regional Norte (HRN), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), do Governo do Estado, administrado pelo Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH) reforçam a importância da alimentação saudável e da prática regular de atividades físicas para prevenir os problemas.
No HRN, as crianças internadas que têm algum grau de obesidade passam por uma avaliação nutricional e médica. É o caso de Maria Raquele da Silva dos Santos. Com apenas 12 anos, ela está com 62 kg, peso acima do ideal para sua idade. A criança realizou uma cirurgia de apendicite no hospital e aprendeu que, para uma melhor recuperação, também precisa readequar a alimentação. “Ela gosta muito de comer, mas já estava fazendo caminhada comigo antes da cirurgia”, conta a mãe, Osvaldina da Silva, que vai ajudar a filha neste processo.
Criança acima do peso nem sempre é sinônimo de saúde, garante a médica gastropediatra do HRN, Jamille Linhares. “As crianças acima do peso podem não ter uma nutrição adequada à idade delas”, afirma. A obesidade infantil pode ser classificada como endógena, causada por doenças orgânicas, e exógena, que é quando ocorre um desequilíbrio entre a ingestão alimentar e o gasto energético.
A obesidade infantil exógena está relacionada tanto ao fator genético quanto a aspectos sociais, culturais e psicológicos. “A obesidade exógena pode levar a doenças crônicas, como doenças cardiovasculares, e alterações hepáticas, como esteatose hepática, e até a síndrome metabólica, que é um conjunto de riscos metabólicos que provoca alterações como diabetes, alterações renais e até acidentes vasculares cerebrais, mais raros em crianças”, explica a médica.
Jamille Linhares ressalta que hábitos alimentares saudáveis são decisivos para que a criança não tenha outras complicações. “O principal fator determinante nestes casos é a educação familiar. O meio em que o paciente vive é muito importante para que se tenha um adequado ganho corporal”, avalia.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma em cada três crianças de 5 a 9 anos está acima do peso no Brasil. A estimativa é que, até 2025, o País tenha até 11,3 milhões de crianças obesas com chances de continuar acima do peso até a idade adulta e desenvolver doenças cardiovasculares, diabetes e hipertensão.
Diagnóstico e tratamento
Para avaliar se uma criança está ou não acima do peso, os especialistas analisam o crescimento e desenvolvimento dela com base na idade, peso e altura. Além disso, são levados em conta fatores como histórico pessoal, rotina e hábitos alimentares. A nutricionista do HRN, Larissa Leite, complementa que, para o diagnóstico, também são realizados exames ambulatoriais para verificar as taxas de colesterol, triglicerídeos e glicemia. “A criança deve ter uma rotina com horários regulares de alimentação, evitando beliscar entre as refeições. Quando tiver sede, é importante ofertar água e não sucos açucarados ou refrigerantes”, ressalta Larissa.
Os alimentos processados também devem ser evitados. “A introdução de açúcares artificiais deve acontecer apenas após os dois anos, quando a criança deixa de ser lactente”, completa Jamille Linhares.
O tratamento da obesidade consiste em uma reeducação alimentar, realização de atividades físicas e, se necessário, controle das taxas da criança com medicamentos receitados pelo pediatra. Jamille reforça que, quanto mais tempo a criança fica sem tratamento, mais ela está propensa a ter complicações da saúde e traumas psicológicos que podem torná-la um adulto obeso e mais fragilizado.
“Em casa, a criança precisa ter escolhas alimentares saudáveis e ela precisa participar desse processo, indo ao mercado com os pais, ajudando a escolher as frutas e verduras”, finaliza Larissa. A nutricionista recomenda, ainda, uma refeição colorida e um prato mais atrativo, além de evitar alimentar-se em frente às tecnologias, como TV e videogame.
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