O reajuste de 7,6% no preço da gasolina nas refinarias anunciado ontem (18) pela Petrobras deve provocar um aumento de cerca de R$ 0,05 para o consumidor final. Com isso, o preço máximo do combustível nos postos cearenses deve ultrapassar a marca dos R$ 5 já nos próximos dias, uma vez que o litro da gasolina já foi encontrado por até R$ 4,98 na semana passada, no interior do Estado, segundo levantamento da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP).
Na avaliação do consultor na área de Petróleo e Gás, Bruno Iughetti, o aumento praticado pela estatal, que vai encarecer em R$ 0,15 o preço do litro nas refinarias, deve se diluir ao longo do caminho até as bombas dos postos de gasolina.
“Essa alta deve ser de 4% nos preços da gasolina nos postos, cerca de R$ 0,05 por litro do combustível. É importante lembrar que a alta anunciada pela Petrobras se refere ao valor nas refinarias. O preço final do produto para o consumidor vem acrescido de impostos e biocombustível de mistura. O que tem acontecido é que há uma certa diluição quando se escala o preço do produto para as distribuidoras e revenda”, explica Iughetti.
Ele prevê que, em até cinco dias, as bombas de combustíveis contarão com os reajustes no preço da gasolina.
Novos aumentos previstos
Essa diluição, justifica o consultor, ocorre por uma questão de competitividade. “Isso não significa, porém, que os reajustes vão parar por aí. Existe ainda uma defasagem muito grande entre os preços praticados pela Petrobras e os de paridade de importação. Hoje, a defasagem entre esses dois é de 20%, então eu acredito que os avanços se façam novamente presentes nos próximos dez dias, até que essa defasagem seja bem reduzida”, detalha Iughetti.
Qual é o preço médio no Ceará?
O preço médio do combustível nos postos do Estado, atualmente em R$ 4,75 por litro, já acumula nas últimas 10 semanas uma alta de R$ 0,28 por litro, conforme a ANP. Em Fortaleza, o valor mais alto encontrado, de acordo com a ANP, é de R$ 4,89, enquanto no Crato, a gasolina é vendida por até R$ 4,98. “Nós temos como referência o preço do petróleo cru, que tem viés de alta. Isso evidentemente ajuda a calibrar os preços para cima”, reforça o consultor na área de Petróleo e Gás.
Consequentemente o consumidor final deve sentir novamente o combustível pesar no orçamento. O assessor de Economia do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Ceará (Sindipostos-CE), Antônio José Costa, reforça que o reflexo nas bombas é inevitável.
“Na hora que a Petrobras aumenta lá nas refinarias, imediatamente as distribuidoras repassam ao revendedor. Se o revendedor estiver com estoque baixo, o preço também é prontamente repassado ao consumidor. Se aquele estabelecimento está com um pouco mais de estoque, demora um pouco mais a reajustar”, detalha.
Etanol vale a pena?
Com as sucessivas altas no preço da gasolina, uma alternativa pode ser buscar o etanol. Iughetti explica que o consumidor precisa fazer uma relação entre os preços antes de partir para essa opção. “Só vai ser financeiramente melhor se o litro do etanol estiver custando até 70% do preço do litro da gasolina. É a regra”, explica.
A relação se faz necessária porque o etanol acaba sendo menos eficiente em termos de consumo em relação à gasolina. “Quando ultrapassa os 70%, deixa de ser interessante”, detalha.
Diesel deve ficar mais caro
No primeiro reajuste de preços dos combustíveis do ano, a Petrobras decidiu manter inalterado o valor do diesel nas refinarias em R$ 2,02 o litro. Para Iughetti, a postura da estatal está ligada às questões políticas e pontua que em breve o preço do produto deve ser reajustado em percentual significativo.
“O diesel não sofreu reajuste, me parece que por questões políticas, mas a Petrobras não conseguirá segurar os preços por muito tempo sob risco de inflar o nível de endividamento da estatal”, explica ele.
A defasagem do preço do diesel em relação ao mercado internacional é de 25%. Ao segurar os preços, portanto, aumenta a defasagem. Iughetti pontua que a Petrobras sai prejudicada porque é importadora de diesel. “Então ela estará importando a um preço bem superior ao que pratica, assumindo, portanto, um prejuízo”, arremata o consultor na área de Petróleo e Gás.
dn
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