Anderson Lopes da Silva, de 18 anos, teria sido agredido após suposta tentativa de furto em um supermercado, há 33 dias. Mãe diz que jovem teria sido colocado dentro de automóvel
Setembro se resume em agonia para a dona de casa Alcione de Araújo Lopes, de 40 anos. Há 33 dias, ela busca desesperadamente pelo filho, que desapareceu em Caucaia, Região Metropolitana de Fortaleza, após suposta tentativa de furto. Anderson Lopes da Silva, 18, teria sido perseguido, agredido e arrebatado nas proximidades de um supermercado no qual pretendia utilizar um caixa eletrônico, segundo versão da mãe.
Desde o desaparecimento, todas as noites, Alcione visita a Coordenadoria de Medicina Legal (Comel) da Perícia Forense do Ceará (Pefoce) em busca de informações do filho, que acredita estar morto. “Meu filho era um homem correto. E mesmo que não fosse, ninguém tem o direito de desaparecer com alguém. Não quero saber quem foi. Nem quem é o culpado. Só quero ajuda. Já gritei por socorro em vários lugares e parece que ninguém me escuta”, desabafa.
Segundo Alcione, na manhã de 28 de agosto, ela ligou para Anderson e pediu que o filho fizesse um saque da conta poupança da família. Anderson estava com um amigo na motocicleta dada pelos pais. O jovem seguiu para o supermercado Estrela, na rua Edson de Mota Corrêia, em Caucaia, onde pretendia realizar o saque. Ele teria pedido que o amigo o aguardasse na entrada do estabelecimento, mas não retornou. “As pessoas me contaram que, no estacionamento, uma mulher teria visto ele olhando para a cinquentinha (motocicleta) dela e achou que ele fosse roubar. Chamou os seguranças e ele foi agredido e levado não sei para onde em um carro preto”, relata a mãe.
Alcione diz ainda que um dos homens que teria levado Anderson seria segurança do supermercado e policial afastado das atividades. O suspeito estaria portando uma pistola, com a qual teria efetuado tiros para o alto. “Já fui ao mercantil e pedi para ver as imagens das câmeras, mas o gerente me mandou sair. Já me ajoelhei aos pés dele, pedindo pelo amor de Deus que me ajudem a encontrar meu filho”, lamentou. A mãe descarta motivação criminosa para o sumiço.
Investigação
O caso foi registrado na Delegacia Metropolitana de Caucaia. Titular da unidade e responsável pela Área Integrada de Segurança 7 (AIS 7), que inclui os municípios de Caucaia e São Gonçalo do Amarante, o delegado Aroldo Mendes disse ao O POVO que o inquérito já foi concluído e não foram identificados suspeitos.
De maneira ríspida, Aroldo não deu detalhes sobre a investigação e informou apenas que as testemunhas já foram ouvidas. “Ninguém sabe, ninguém viu. Os que viram não querem dizer. Já respondi o que você perguntou. O resto faz parte da investigação. Não posso lhe dizer”, afirmou, encerrando a ligação - que durou menos de um minuto.
Saiba mais
O POVO buscou o setor de distribuição de processos do Fórum de Caucaia, para identificar a vara que ficará com o caso. As chamadas, contudo, não foram atendidas.
A Associação das Vítimas da Violência Policial do Ceará (AVVPEC) irá prestar apoio à família de Anderson. O grupo deve auxiliar familiares a conseguirem apoio jurídico para o caso. Uma reunião entre a AVVPEC, a Câmara dos Direitos Humanos de Fortaleza e a mãe do jovem acontece hoje, às 9 horas.
o povo
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