Diagnosticada ao fim do sexto mês de gravidez com a Covid-19, Fabiana Sousa passou por um parto de emergência
Quando nasce um bebê, a mãe quer abraçá-lo, aconchegá-lo e dar todo o carinho. Mas no contexto da pandemia de Covid-19, nem sempre esse primeiro toque pode acontecer imediatamente. A tecnologia, então, vem para aproximar mãe e filho, possibilitando que os dois se reconheçam no tom da voz, no bater dos corações. “Meu filho reconheceu minha voz quando cantei e eu fiquei muito emocionada”, lembra Fabiana Alves Sousa, de 31 anos, moradora de Aprazível, distrito de Sobral. Diagnosticada com a Covid-19, ela conheceu o filho Benjamin por videochamada quando estava internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Covid do Hospital Regional Norte (HRN), vinculado à Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), administrado pelo Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH).
Desde o início da gravidez, Fabiana já sonhava em ver o rostinho de Benjamin e já cantava para o bebê que se formava dentro do seu ventre. “Desde quando ele estava na minha barriga, sempre cantei para o Benjamin, conversava com ele. Sou muito católica e sempre cantava ‘Deus está no barco’. Quando cantei, ele, mesmo tão pequenininho, reconheceu minha voz, abriu os bracinhos”, emociona-se.
Diagnosticada ao fim do sexto mês de gravidez com a Covid-19, a dona de casa precisou passar por um parto de emergência devido às complicações da doença. O bebê nasceu prematuro de 29 semanas e seis dias no início deste mês e ficou sob os cuidados da equipe de assistência da UTI Neonatal (UTIN) do hospital, administrado pelo Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH). Fabiana foi transferida para a UTI Covid no mesmo dia para receber o tratamento adequado. “Lembro apenas que ouvi o chorinho dele quando nasceu, mas já acordei na UTI Covid”.
Foram 12 dias desde o nascimento de Benjamin até a alta médica de Fabiana para que os dois pudessem se encontrar pessoalmente — para o amor materno, uma eternidade. Ela lembra, entretanto, que ter conhecido o filho por videochamada foi muito importante. “Ver o meu filho e ouvir o chorinho dele me deu forças para sair da UTI”, relaciona. Fabiana disse ter aprovado o atendimento do hospital. “Fui muito bem acolhida, bem cuidada e bem acompanhada”.
Após a alta, Fabiana retornou ao hospital para acompanhar o filho na Unidade de Cuidado Intermediário Neonatal Canguru (UCINCa) do HRN e aguarda a alta de Benjamin para irem juntos para casa.
O médico pediatra Manoel Messias explica que, para a alta o bebê, precisa alcançar a idade gestacional corrigida de 34 semanas; hoje está com 32. “Diariamente, os bebês são acompanhados e monitorizados por uma equipe multiprofissional de médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fonoaudiólogos e nutricionistas”, afirma.
Contato visual
Fundamental para o vínculo entre pais e filhos, o contato visual possibilita um melhor desenvolvimento da criança, segundo a psicóloga do HRN Beatriz Albuquerque. “A aproximação é importante para a mãe, que concretiza a imagem do bebê, e para a criança, que é estimulada pelos sentidos”, ressalta. Ela explica que o tratamento de um prematuro compreende também estimular as sensações que o bebê tinha no ventre da mãe. “Durante as videochamadas, pedimos que os pais conversem com as crianças e elas sempre têm uma reação a esse estímulo”.
A psicóloga diz ainda que, durante as videochamadas, os pais são estimulados a identificar características familiares no rosto, corpo ou comportamento do bebê com o intuito de favorecer esse vínculo e diminuir o impacto emocional do distanciamento.
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