terça-feira, 12 de abril de 2016

Do Pecém ao Vale do Silício

A economia cearense, até a década de 1960, teve o seu desenvolvimento alicerçado no binômio gado e algodão, gerando um baixo valor agregado e uma precária inserção competitiva, baixa qualificação e remuneração da mão de obra, além de baixa produtividade.

A chegada da energia elétrica de Paulo Afonso e a constituição do Distrito Industrial de Maracanaú forneceram as bases iniciais para alavancar o desenvolvimento industrial, ancorado institucionalmente na criação da Sudene com o seu sistema de incentivos, nas melhorias da infraestrutura e na atuação do BNB como agente financiador. Essa primeira fase da industrialização cearense teve a liderança de Virgílio Távora, tanto como congressista quanto como ministro e governador.

Esse ciclo foi concentrado em setores de baixa tecnologia, como têxtil, de confecções, de alimentos, de bebidas e de couro, entre outros, principalmente devido às restrições de qualificação de mão de obra e de infraestrutura.

Somente na década de 1990, agora com a liderança de Tasso Jereissati, foi iniciada a base para novo salto qualitativo na industrialização cearense, com a criação do Complexo Industrial e do Portuário do Pecém (Cipp), nos municípios de Caucaia e São Gonçalo do Amarante, com potencial de inserção na economia internacional de elevado valor agregado com a Zona de Processamento de Exportações (ZPE) e os Polos, metal-mecânico e petroquímico (a viabilidade geoeconômica atrairá uma refinaria).

Esses dois grandes saltos na industrialização do Ceará muito contribuem para reduzir o nosso gap de desenvolvimento e continuam sendo de fundamental importância para a melhoria na qualidade de vida dos cearenses. Precisamos, no entanto, dar um passo à frente, ousar e buscar setores em que a tecnologia e o conhecimento sejam os pilares fundamentais.

Além de atrair indústrias com esse perfil para o Cipp, existem o potencial das energias renováveis, o polo tecnológico de saúde, o turismo e a cultura sustentáveis, a educação superior e tecnológica, a implantação de hubs aéreos e marítimos, como alternativas para a consolidação de um equivalente ao Vale do Silício, genuinamente cearense.

Esse novo perfil de desenvolvimento possibilitará um salto na geração de renda e no empreendedorismo, por meio de postos qualificados, start ups, registro de patentes cearenses, inovação e produtividade, entre outros.

Lauro Chaves Neto
lchavesneto@uol.com.br
Consultor, professor da Uece e doutor em Desenvolvimento Regional

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