A internet “viralizou” a ética e a transparência
A inauguração da prática moderna sobre crítica e elogio à administração pública remete à Suécia do século XIX, na criação da palavra “ombudsman”, termo para “representante do povo”. Outros países europeus e os Estados Unidos seguiram o exemplo, tornando presente a figura do ombudsman em diversos níveis da administração pública. Mas foi a internet que “viralizou” os debates sobre ética e transparência, mirando os dedos ágeis dos internautas às empresas.
No Brasil, a ouvidoria surgiu no período Colonial, no século XVI, com a nomeação do primeiro Ouvidor-Geral, o “ouvidos do rei”, para garantir a rigorosa aplicação das leis na metrópole. A função foi abandonada e, depois, reinventada na redemocratização brasileira na década de 1980, agora, inspirada na visão sueca do ombudsman. Acolhia as expectativas sociais e buscava realizá-las junto ao Estado.
Na esfera privada, a principal função do profissional da Ouvidoria é garantir, com eficiência e austeridade, o desenvolvimento da empresa e de todos que dela participam: clientes, empregados, parceiros comerciais, comunidade, além do corpo diretivo e gerencial da empresa, conforme conceito da Associação Brasileira dos Ouvidores. O canal de ouvidoria deve ser imparcial e ético. O principal recado? Toda manifestação é bem-vinda à empresa.
Na prática, posso citar a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), que teve sua Ouvidoria criada em 2014, ainda na fase de implantação/construção da empresa. Somos aderentes aos Princípios do Equador, criados em outubro de 2003 por 10 bancos internacionais. Trazem boas práticas de referência da indústria financeira para determinar, avaliar e gerenciar riscos sociais e ambientais de grandes (e até de pequenos) projetos. Os princípios usam como base os chamados Padrões de Desempenho do International Finance Corporation (IFC), braço financeiro do Banco Mundial.
São 10 princípios e o número 6 menciona a necessidade ter um mecanismo para receber comentários sobre o desempenho socioambiental e facilitar a busca de soluções. A Ouvidoria da CSP foi além e estendeu sua função para dentro, sendo o canal oficial para receber relatos sobre práticas em desacordo ao nosso Código de Conduta Ética e com o Programa de Integridade da CSP.
Seja na iniciativa pública ou privada, o zelo pelos princípios éticos e transparência são bases para as boas relações internas e externas. E a referência de fazer o certo da maneira certa não pode ser o “olho” implacável e onipresente do internauta. É preciso ter ética e transparência como valor.
Renato Cardoso, gerente geral de Auditoria e Ouvidoria da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP)
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