O Brasil concentra quase metade das áreas de floresta desmatadas no mundo em 2021.
Ao todo, o país perdeu aproximadamente 1,5 milhão de hectares de bioma nativo no período analisado.
Os dados são da plataforma Global Forest Watch (GFW), iniciativa do World Resources Institute (WRI), organização ligada a pautas ambientais, com sede nos Estados Unidos
O levantamento, divulgado nesta quinta-feira (28), foi produzido a partir de análises geoespaciais desenvolvidas pela Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, que monitora a cobertura florestal globalmente.
Em segundo lugar no ranking mundial, com um desmatamento três vezes menor que o do Brasil, aparece a República Democrática do Congo, com a perda de 500 mil hectares em 2021.
No Brasil, as principais causas do desmatamento estão associadas à expansão agrícola – que aumentou 9% em 2021, quando comparado com o ano anterior, de acordo com a análise.
Apesar de não representar grande parcela da perda florestal, os incêndios também aparecem como motivo para a degradação do bioma brasileiro.
Para a diretora de Florestas, Agricultura e Uso do Solo do WRI, Fabíola Zerbini, o cenário brasileiro é “preocupante”.
De acordo com ela, a fauna do país se aproxima cada vez mais de um ponto de inflexão, momento no qual a floresta e o clima do local terão mudado tão radicalmente a ponto de não ser mais reversível.
“A perda de floresta primária no Brasil é especialmente preocupante, pois novas evidências revelam que a floresta amazônica está perdendo resiliência, estando mais perto de um ponto de inflexão do que se pensava anteriormente”, destaca Zerbini.
Atualmente, o Brasil detém cerca de um terço das florestas tropicais remanescentes do mundo e tem mantido taxas de perda de florestas primárias acima de 1 milhão de hectares desde 2016, segundo os dados do GFW.
Por fim, o ranking da organização traz ainda como destaque negativo países sul-americanos como Bolívia, Peru e Colômbia, que juntos perderam aproximadamente 600 mil hectares de floresta nativa em 2021.
À CNN, Fabíola Zerbini, explicou que os altos números, assim como no Brasil, estão relacionados ao elevado desatamento da floresta Amazônia, que se estende por oito nações.
“Podemos afirmar que os elevados índices dos países da América do Sul têm relação com o desmatamento da Amazônia, sendo que cada lugar com a sua peculiaridade. No Peru, por exemplo, a devastação é feita para a plantação de Cacau e outras especiarias. Mas podemos dizer que a extração para a pecuária é um denominador comum. E o motivo desse desmatamento é uma combinação de falta de fiscalização e ilegalidade nesses locais”, finalizou a pesquisadora.
A CNN procurou o Ministério de Meio Ambiente para questionar sobre a pesquisa e aguarda retorno.
cnn
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