Há aprendizado possível em meio a uma pandemia que já infectou centenas de milhares de pessoas e matou cerca de 30 mil no mundo inteiro? A resposta otimista é "sim".
A muito custo, todos vamos aprendendo que padrões de habitação, trabalho, produção e distribuição de riquezas estão sendo drasticamente alterados por uma doença que destroça sistemas públicos e privados de saúde, comércio, cadeias de negócio e laços de sociabilidade, impondo a distância como medida de segurança e a escassez como ameaça num horizonte incerto.
Na esfera privada, vive-se a separação dentro da própria família. Filhos que se apartaram de mães e avós e pais que não abraçam netos. Tem sido assim por mais de um mês no Brasil e noutros países já atingidos pela Covid-19. Por quanto tempo ainda? Não sabemos, e essa é apenas uma das peças que faltam no quebra-cabeças de um quadro que começamos a montar aos poucos, sem imaginar que imagem terá se formado ao final.
Pela primeira vez nas vidas de muitos de nós, um evento afeta a cada um separada e globalmente, traçando rotas improváveis que vão de rincões de países asiáticos, passando pela Europa e chegando até as comunidades periféricas de metrópoles ocidentais. Sentimos as dores do mundo na própria casa.
A patologia instaura uma nova métrica e refaz dinâmicas afetivas. No supermercado, no banco, na rua: por todo lado recomenda-se o afastamento. Linhas no chão delimitam a circulação e a proximidade. Escritórios se esvaziam. Autoconfinados, lidamos com a falta de fronteiras entre o doméstico e o público. Disso resultará uma geração receosa do contato tátil e habituada ao isolamento? Será preciso esperar para ter alguma resposta.
Sob o ponto de vista econômico, pesquisadores anteveem um novo estado de bem estar social no qual a base da pirâmide e o topo não estejam separados por múltiplos abismos intransponíveis. Mesmo isso o coronavírus escancarou: somos desiguais sobretudo na morte.
Mas essa é uma doença que trouxe dois ensinamentos importantes ao futuro que pretendemos reconstruir: o da vulnerabilidade e o do excesso. De repente, temos de nos reduzir ao básico para a sobrevivência e refazer pontes coletivas sob a chave não do consumo superlativo, mas racional e adequado a paradigmas diversos. Quando tudo passar, talvez necessitemos principalmente de novos valores.
A infecção revelou finalmente que, sem o movimento incessante do dia a dia, o planeta recobra um ritmo particular. Imagens compartilhadas nas redes sociais exibem os canais de Veneza e suas águas transparentes como há muito não se via. Sobre a China, a atmosfera ganhou limpidez, dissipando as partículas pesadas de poluição que escapam do maquinário pesado. Até a estridência humana se aquietou e uma respiração terrestre foi se revelando, como assinalam os sismógrafos instalados em pontos diferentes da Terra.
Eis o aviso: sem nós, o restante da vida se acomoda e retoma uma atividade próxima do natural. Animais reocupam o espaço urbano, como se dissessem: a nossa ausência é saudável para o meio ambiente. É a lição que fica: a que desejamos menos doença e mais cura para o planeta e nós mesmos.
O discurso liberal terá de ser reajustado
Quando fala em contrato social, a filosofia política busca explicar as bases sobre as quais se ancoram a ideia de estado e, principalmente, o que fez com que o homem tivesse necessidade de viver sob o controle de uma estrutura que, em última análise, serve para regular o convívio, a vida que se compartilha. Numa das visões contratualistas, é como se sem o aparato estatal na função de provedor e regrador, a natureza do homem fosse desenfreadamente desorganizada, egoísta e cruel.
A discussão sobre tamanho e eficácia estatal ganhou novos ares com a pandemia do novo coronavírus. O número de pessoas infectadas pelo mundo já supera a casa do milhão. No Brasil e além, pessoas precisam desesperadamente, e em diferentes níveis, da agilidade governamental no oferecimento de respostas concretas em meio ao caos de saúde pública. Angústia experimentada sobretudo por grupos financeiramente desvalidos.
Os últimos anos registraram ascensão política do ideário liberal por todo o globo. A Onda Rosa, fenômeno caracterizado pelo crescimento de vitórias político-eleitorais à esquerda na América Latina, viu seu ciclo se exaurir. O espaço do poder foi tomado pela percepção de um estado enxuto, a iniciativa privada como detentora do protagonismo dos rumos da economia.
Contudo, quando vozes relevantes deste espectro desprendem-se momentaneamente de suas raízes intelectuais para defender a intervenção massiva do estado como forma de atenuar inevitáveis danos econômicos e sociais de uma pandemia com impactos ainda a serem descobertos em sua totalidade, a conclusão é de que a promessa liberal ganhou contornos utópicos durante a tormenta.
São os casos dos economistas Armínio Fraga (ex-presidente do Banco Central) e Mônica de Bolle, por exemplo. Dois liberais tradicionais que se puseram ao lado dos que defenderam o auxílio emergencial de R$ 600 a R$ 1,2 mil aos trabalhadores informais, proposta recentemente aprovada pelo Senado e sancionada pelo presidente Bolsonaro.
É possível que a preferência do eleitorado, naturalmente cíclica, acelere derrotas aos intérpretes de um tipo de liberalismo extremado, levado às últimas consequências em detrimento do bem-estar comum. Pode ser que saia de cena como projeto político já nas próximas eleições presidenciais. E depois retorne, desta vez preocupado com o aprofundamento de desigualdades sociais tanto quanto possível.
A crise do coronavírus conferirá ainda ganhos políticos aos que, no momento em que ela mostrou sua face mais severa, souberam agir com prudência e velocidade, independentemente do espectro ideológico em que se encontram. E a rapidez das autoridades no combate à pandemia é incompatível com qualquer caráter negacionista ou anticientífico. Neste sentido, na arena da política, a ciência também fará seu papel.
As relações sociais no mundo pós-pandemia
Ainda não sabemos quando poderemos voltar à vida que levávamos alguns meses atrás e tampouco temos certeza de como o mundo irá funcionar daqui para frente. Ao mesmo tempo, as relações interpessoais podem não ser mais as mesmas. Quem assistiu à entrevista do biólogo e pesquisador Átila Iamarino, doutor em microbiologia, ao programa Roda Vida, da TV Cultura, na última segunda-feira, 30, o ouviu falar sobre esse possível novo mundo com que iremos nos deparar e sobre a esperança de mais união.
Conviver com um problema que veio do interior da China, segundo ele, nos obriga a renovar laços. "Eu preciso saber se meus vizinhos estão bem, porque se eles estiverem com Covid-19 ou se acontecer alguma coisa, eu estou no mesmo prédio", exemplificou. A descoberta de uma nova maneira de trabalhar, remotamente, também foi pontuada na entrevista e é um dos elementos dessa transformação elencados por Leonardo Fernandes Nascimento, do Instituto de Ciências, Tecnologia e Inovação da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
"Se o home office passar a ser durável e não só episódico, vamos experimentar novas formas de controle do trabalho", afirma. Além de novos tipos de vigilância, trabalhar em casa pode apagar a fronteira entre trabalho e vida doméstica, sem falar nos impactos emocionais. "A convivência no cotidiano do trabalho tem papel importante para a diluição dos afetos, ao invés de ficar tudo concentrado dentro de casa. Por mais que às vezes o trabalho gere estresse, no convívio com os colegas, estamos ali o tempo todo exercitando lidar com as diferenças."
Como conviver menos pessoalmente afetará o desenvolvimento de gerações futuras? Aliás, ao nos depararmos com desconhecidos, iremos agir da mesma forma? O professor imagina que não. "Em São Paulo, por exemplo, as pessoas dão um beijo apenas; aqui na Bahia, dão dois. Até a maneira de falarmos com as outras pessoas, se pegamos na mão ou não, se beijamos ou não, se vamos espirrar ou não em ambiente social, isso vai mudar totalmente."
As incertezas em torno da economia
Mesmo após mais de um mês desde a confirmação do primeiro caso do novo coronavírus (Covid-19) no Brasil, a sensação que predomina em diversos setores da atividade econômica é de que a pandemia ainda não chegou em seu momento mais crítico. De lá para cá, o vírus se espalhou por todos os estados e Distrito Federal, colocando o País em estado de calamidade pública. Mas o que isso representa para a economia?
No Ceará, basicamente significa que o decreto de isolamento social deverá passar por seguidas prorrogações. Apesar de aberto ao diálogo com representantes do setor produtivo, que pedem o fim da proibição de atividades não essenciais, o governador Camilo Santana (PT) já deixou claro que, se tiver que errar, será "pelo excesso, e não pela omissão". Assim, fica evidente que, enquanto houver risco, a saúde da população prevalecerá. O grande problema é que, no momento, não é possível saber até quando a pandemia será uma ameaça, o que consequentemente substitui o risco normal e inerente à atividade econômica pelo maior pesadelo dos empresários: a incerteza.
Entre os setores mais atingidos, estão comércio e serviços, aviação, bares e restaurantes. Para Ernani Reis, analista da Capital Research, startup de análise de investimentos, em meio às diversas incertezas que rodeiam esses setores, a recessão econômica é algo praticamente inevitável, fato que, inclusive, já foi indicado pelo Banco Central no fim de março, quando divulgou a sua primeira leitura negativa para o Produto interno Bruto (PIB) de 2020, de -0,48%.
De uma forma mais clara: a atividade econômica muito dificilmente crescerá neste ano e os setores que dela fazem parte já devem trabalhar com esta nova realidade. Vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Ceará (Ibef-CE), o economista Ênio Arêa Leão considera a crise "iminente", restando "descobrir o tamanho dela". Ele afirma que não há dúvidas de que os efeitos da pandemia irão superar 2020, e que a recuperação real só se dará a partir do início do próximo ano.
Outro problema é que a retomada não será das mais rápidas. Mesmo que o isolamento social acabe e que o comércio e a indústria voltem a operar, estoques terão que ser repostos, consumidores precisarão se recuperar financeiramente e emocionalmente; e empresas terão que recomeçar. Consultor e economista, Henrique Marinho projeta, no mínimo, três meses para a situação voltar a normalidade no pós-coronavírus.
A tarefa de voltar aos eixos, porém, ficará mais difícil se o grande temor de empregadores, trabalhadores e poder público se concretizar durante a crise pandêmica: a alta do desemprego. Com a MP 936/2020, o Governo permitiu até o corte de salários para evitar demissões, mas, levando em conta que, mesmo sem o coronavírus, o número de desempregados subiu 0,4 ponto percentual entre os últimos meses de dezembro e fevereiro, chegado a 11,6%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é improvável que este patamar não fique maior após a crise, como explica Ernani Reis. "Se o isolamento social se prolongar além de abril, o número de desempregados no Brasil deve escalonar rapidamente e estender ainda mais a curva da tão desejada retomada econômica".
Arte: a expressão humana que nunca acabará
Quando se achou que a cortina seria fechada de vez, artistas de muitas linguagens mostraram a força da arte perante o cenário de pandemia no Brasil. Se, por um lado, os recursos que já eram escassos se apresentaram indisponíveis para futuros meses de produção cultural, por outro, a vontade de fazer acontecer se manifestou voraz. Foi assim que coletivos, grupos, bandas, editoras, escritores, sujeitos afins se entregaram aos teatros da web e compartilharam seu conteúdo e trabalho numa atitude de pura solidariedade aos isolados. Mentes que questionavam a importância da produção artística se viram "presas" a músicas, filmes, livros, séries, espetáculos que foram e são essenciais para a manutenção da saúde mental e do fruir da nossa humanidade. Tal despertar, oriundo da pandemia, está também na visão do secretário da Cultura do Estado, Fabiano Piúba, ao pensar o futuro. "O que podemos esperar para a pós-epidemia é a arte sendo vista como componente importante para a formação de repertórios, conteúdos, sensibilidades e alimento para a alma. A arte nos anima. A cultura tem uma função social e política de grande potência para nos auxiliar na saída de um estado de isolamento social para um estado de convívio baseado no respeito à diversidade humana, cultural e de espécies", diz ele que destaca, ainda, o papel da cultura na dimensão econômica. "A arte e a cultura podem assumir um papel estratégico no enfrentamento da crise financeira", ressalta. A perspectiva é semelhante à do secretário de Cultura do Município, Gilvan Paiva. "Eu espero que haja uma maior valorização dos artistas e da política pública de Cultura, que as pessoas compreendam que os artistas são profissionais fundamentais na sociabilidade humana. A arte e a cultura podem repactuar, reintegrar e reconectar as pessoas a uma vida melhor", avalia o gestor.
A artista visual Raisa Christina, que aproveitou o isolamento para lançar o projeto #nudesdaquarentena em sua página no Instagram, acredita que temos aprendido com a "estranha situação' de confinamento, a darmos ouvidos a nós mesmos. "Imagino que a produção em arte tende a pensar sobre a solidão, a qualidade dos encontros e a possibilidade de reinvenção de si a partir de nossos imaginários", aposta. Já a cantora Roberta Fiúza que, inclusive, está em recuperação da Covid-19, espera que os colegas se organizem mais. "Que sejam, de fato, mais empáticos entre si e parem de contar com um amanhã que não existe, ou seja, criar dentro das suas possibilidades uma receita básica e parar de planejar com cachês que são apenas datas em um papel".
Seja no campo da apreciação, da produção, da cadeia econômica ou das individualidades, a arte demonstrou, no isolamento (coletivo), que dá conta das nossas angústias, incertezas e subjetividades. Não há vida e nem futuro sem arte.
Esportes: sem previsão de retorno, a transformação no futebol já começou
Incerto, obscuro e nebuloso. Estes são alguns dos adjetivos usados por atores do esporte para classificar o futuro em meio à paralisação provocada pela pandemia do novo coronavírus. Todas as modalidades serão afetadas no Brasil, em especial o futebol, o mais popular do País. O impacto já é enorme. Clubes grandes em tradição e investimento sofrem para buscar alternativas. As agremiações menores são atingidas de forma mais traumática, precisando apelar -e ainda não conseguiram resposta - por ajuda financeira da maior entidade da modalidade, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), ou partir para decisões mais drásticas de rescindir com seus elencos.
O calendário do futebol nacional e internacional parou. Não há previsão de volta. Sem jogos, as receitas foram atingidas em cheio. Especialista no mercado futebolístico, Fernando Ferreira estipula perdas de receitas entre 11% a 40%. Cotas de transmissão de campeonatos, patrocínios e programa de sócio-torcedor são arrecadações importantes dos clubes e serão afetadas com a quarentena mundial. Enquanto isso, as despesas precisam ser quitadas.
No cenário de dúvidas severas, os clubes têm colocado as contas na ponta do lápis. Na matemática da sobrevivência, é inevitável a discussão sobre a redução dos salários dos jogadores, que representa cerca de 40% da despesa total.
As principais equipes do País já acertaram reduções salariais e deram férias aos elencos. Os times menores ainda avaliam a situação e apelam à CBF por cotas que variam entre R$ 75 mil a R$ 250 mil mensais, além de isenção de taxas.
Não existe qualquer perspectiva de retorno. Mas qual a solução para o esporte? "O futebol não é diferente de outros mercados. Todo mundo precisa se ajudar. Grandes clubes com perspectiva de calendário precisam renegociar contratos e evitar demissões. O jogador tem que começar a rever seus custos como qualquer cidadão", avalia Chateaubriand Arrais, analista em marketing esportivo.
Chateaubriand acredita que a paralisação trará reflexões sobre gastos elevados no esporte. "Esse tempo vai ajudar a todo mundo refletir os absurdos de custos e gastos milionários. Precisa ser tudo revisto porque a desigualdade social no futebol é só um reflexo da sociedade."
Especialista em marketing esportivo, Evandro Ferreira projeta muitas mudanças diante da recessão econômica. "Já está acontecendo uma transformação no esporte profissional com times dispensando jogadores, renegociando salários, perdas de patrocinadores e cotas de TV revistas. O grande desafio será a reconstrução de um cenário próximo de terra arrasada", define.
Valorização da ciência brasileira será legado pós-pandemia
Pela primeira vez na história, o Brasil enfrenta uma crise de saúde pública que obriga a mudança na rotina de todos os cidadãos. Enquanto a quarentena perdura, a ciência ganha mais espaço nos noticiários e, consequentemente, nas discussões familiares.
"O que está acontecendo no meio da pandemia de Covid-19 é que a comunidade está entendendo o valor da ciência como nunca", percebe Pedro Hallal, reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e coordenador geral do primeiro estudo brasileiro que investigará o número de infectados pelo novo coronavírus.
Apesar dos cortes de bolsas e do sucateamento sistemático da pesquisa nacional, principalmente nas universidades públicas, os cientistas ainda trabalham em "operação de guerra" para desvendar o novo coronavírus. Foi assim que uma equipe de cinco pesquisadoras da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) transformaram o Brasil no país mais rápido a sequenciar o genoma do Sars-Cov-2, em apenas 48h.
Da mesma forma, Hallal acredita que a pandemia será o ponto inicial para compreender, de uma vez por todas, o que compõe o sistema de ciência e tecnologia. "As ciências sociais e humanas têm sido muitas vezes mal interpretadas e subfinanciadas. Nós precisamos imediatamente reverter esse quadro", reforça o reitor.
Afinal, o mapeamento de grupos vulneráveis à Covid-19 por contextos de pobreza e exclusão social se dá por pesquisas da área, para citar apenas um exemplo. "Não existe sociedade que se desenvolva só com pesquisa biomédica ou molecular, ou só de ciências sociais humanas. Todos os tipos de pesquisas são essenciais para a evolução da sociedade."
Mas para a ciência realmente habitar os lares brasileiros, é preciso aprender a simplificar a linguagem. "Eu tenho dado entrevista para veículos nacionais e percebi que nós [cientistas] vamos adaptando a linguagem para que a população entenda", comenta Hallal. Assim, a esperança é de que a ciência pós-pandemia também aprenda um novo idioma - menos técnico e mais simples. Mas jamais simplista.
No Brasil pós-pandemia, fica a certeza de que a ciência terá os brasileiros como novos aliados. Se isso significa que os governos vão converter essa valorização em políticas públicas de fomento à pesquisa, ainda é cedo para dizer. Para Hallal, no entanto, o certo seria que as autoridades nunca mais cogitem reduzir recursos para o setor: "Essa redução nunca salvou e nunca salvará crise econômica de país nenhum no mundo. Certamente, a única saída é por meio da ciência.
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