sexta-feira, 30 de abril de 2021

Profissionais do HRN capacitam agentes de saúde para atenção a pacientes com dificuldades de engolir

 

O Hospital Regional Norte (HRN), vinculado à Secretaria da Saúde (Sesa), administrado pelo Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH), realiza treinamento sobre prevenção da broncoaspiração para Agentes Comunitários de Saúde (ACSs) da região de Sobral. A capacitação ocorre de forma online por uma plataforma virtual desde a segunda (26) e segue até esta sexta-feira (30). Serão cerca de 450 profissionais capacitados em turmas de 50 participantes. A iniciativa é do serviço de Fonoaudiologia do HRN em parceria com a Enfermagem e a Nutrição e tem apoio do Centro de Estudos do hospital e da Escola de Saúde Pública Visconde de Saboia.

A broncoaspiração é a condição na qual alimentos, líquidos, saliva ou vômito são aspirados pelas vias aéreas. Para evitar complicações e reinternações hospitalares, é necessário estar atento à ingestão de alimentos em pessoas com dificuldade de deglutição. “Essa capacitação vem fortalecer a comunicação entre as redes primária terciária e, além disso, reconhecer os Agentes Comunitários de Saúde como elo de comunicação para esse cuidado em busca de garantir uma terapêutica assertiva e uma alta hospitalar segura”, avalia a enfermeira da unidade, Thamires Holanda.

O objetivo é fortalecer o conhecimento dos ACSs por meio de orientações ministradas pela equipe multiprofissional: enfermeiros, fonoaudiólogos e nutricionistas. “Os profissionais estão sendo capacitados a reconhecerem os pacientes com risco de broncoaspiração e estarem capacitando as famílias, os cuidadores e os próprios pacientes sobre as medidas necessárias para prevenir o evento”, explica Thamires.

A capacitação contempla orientações acerca dos cuidados de Enfermagem, como a cabeceira elevada na angulação correta e o fortalecimento da higiene oral adequada. O nutricionista detalha sobre as dietas enterais, orais, a consistência do regime alimentar e os cuidados necessários na administração do alimento. O fonoaudiólogo contextualiza sobre a disfagia, o reconhecimento da disfunção e a necessidade dos cuidadores perceberem quando encaminhar o paciente para um tratamento fonoaudiológico.

Francisco Cruz é agente de saúde do Baracho, distrito de Sobral, e já teve a experiência de acompanhar uma família com um paciente que tinha paralisia cerebral e dificuldade de deglutição. “Com o curso do HRN sobre broncoaspiração, juntamos a teoria com a prática e vamos poder aprimorar as orientações para as famílias”, ressalta.

Disfagia

A aspiração dos alimentos pode ter como causa a disfagia, dificuldade grave de engolir alimentos, líquidos ou sólidos, que pode acarretar sérias complicações, se não tratada. Entre os sintomas principais estão tosses e engasgos na hora da alimentação, mudança de voz enquanto se alimenta e dificuldade para engolir. O paciente também pode passar muito tempo para finalizar as refeições, queixar-se de alimento parado na garganta, apresentar pneumonia ou perda de peso sem motivo.

Passar constantemente pela desagradável e por vezes dolorosa sensação de engasgar com os alimentos não é um sintoma que deve ser desconsiderado, segundo a coordenadora do serviço de fonoaudiologia do HRN, Havenna Portela. A disfagia não é uma doença, mas um sintoma que pode ter como origem doenças de base neurológica, traumas e acidentes, além de transtornos psiquiátrico ou psicológico que possam afetar a deglutição. “A equipe multiprofissional, em especial o médico, consegue sinalizar os sintomas, mas o diagnóstico é dado pelo fonoaudiólogo”, indica Havenna. O tratamento inclui fonoterapia e atendimento multidisciplinar.

A disfagia pode acometer pessoas de todas as idades, sendo mais recorrente em bebês, idosos acamados ou pessoas que façam uso de sondas. Segundo Havenna, a disfunção também é causa de reinternações hospitalares quando há uma broncoaspiração em pacientes. “A disfagia pode ter como consequência a desnutrição, a desidratação e até a morte”, alerta.

No HRN, o setor de Fonoaudiologia realiza triagens para avaliar quais pacientes têm risco de desenvolver pneumonia aspirativa ou broncoaspiração. O setor atende os pacientes por interconsulta nos setores Covid, quando os estes estão fora do período de transmissão, e por atendimento regular nos demais setores.

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