A Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) puxa os empreendimentos coreanos no Ceará
Vêm hoje da Coreia do Sul os maiores investimentos diretos feitos por estrangeiros no Ceará. Isso puxado por um único empreendimento: a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), orçada em US$ 5,1 bilhões, com metade de suas ações nas mãos de duas empresas daquele país. Contudo, o interesse dos coreanos no Estado está indo bem além, e protocolos de intenção já foram firmados para a instalação de outros projetos que prometem reforçar, significativamente, o Produto Interno Bruto (PIB) industrial cearense.
50% da participação acionária da CSP são da Dongkug e Posco Foto: Kléber A. Gonçalves
"Nós, particularmente aqui no Ceará, tivemos muito êxito nas nossas relações com a Coreia", destaca o governador Cid Gomes. De acordo com ele, esse bom relacionamento surgiu a partir da Dongkuk, empresa que, desde 2004, demonstrou interesse em construir uma siderúrgica no Estado.
Na época, seria instalada a Usina Siderúrgica do Ceará (USC), depois, em novo modelo, passou a ser a Ceara Steel e, por fim, a CSP. Esta última - que enfim vingou - está sendo construída entre a Dongkuk, com 30% de participação acionária, a também sul-coreana Posco, com 20%, e a brasileira Vale. O empreendimento, que terá capacidade de produção de três milhões de toneladas de placas de aço na sua primeira fase, entrará em operação no próximo ano e já conta com cerca de cinco mil trabalhadores no canteiro de obras.
Desdobramentos
"A partir da Dongkuk, nós conseguimos atrair pra cá a Posco, a Posco Metalurgia, a Posco Engenharia, para a siderúrgica, e isso já provocará desdobramentos na área de laminação, porque já tem um protocolo de intenções assinado entre a Posco e a Aço Cearense pra uma indústria de laminados", lembra o governador. O memorando de entendimentos foi assinado entre as duas empresas em novembro passado e prevê a elaboração de um estudo de viabilidade técnica e econômica para a instalação de uma laminadora de aços planos no Ceará. O investimento para a construção da primeira fase corresponde a US$ 800 milhões.
Segundo o governador Cid Gomes, a partir da Dongkuk, o Estado conseguiu atrair a Posco, a Posco Metalurgia e a Posco Engenharia FOTO: TUNO VIEIRA
Os desdobramentos deste tipo de investimento siderúrgico podem ser diversos, avalia o superintendente do Centro Internacional de Negócios (CIN), Eduardo Bezerra. "Existem outras indústrias que estão vinculadas a uma siderúrgica que são interessantes para os coreanos produzirem junto a ela.
Ao invés de eles importarem os produtos da siderúrgica, eles ficam aqui, produzem aqui e vendem não apenas para o mercado brasileiro, mas para o mercado latino-americano, da América Central, Caribe e até mesmo para América do Norte e Europa. Os coreanos estão fazendo bom uso do investimento representado pela CSP".
Além deste segmento, há ainda o contato com a sul-coreana Hyundai Elevators, que pretende construir no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp) um Centro de Pesquisa e Desenvolvimento, equipamento que desenvolverá uma tecnologia 100% cearense para a fabricação de elevadores populares. Junto com ele, a instalação da própria fábrica no local.
A empresa foi visitada no ano passado pelo presidente do Conselho de Desenvolvimento Econômico do Estado (Cede), Alexandre Pereira, que estendeu a visita também às sócias da CSP. "Como os investimentos do polo siderúrgico e no polo metal-mecânico são de grande porte, a tendência é que continue havendo um grande investimento por parte dos coreanos no Ceará", acredita. (SS)
Chineses negociam parceria na refinaria Premium II
Aquele que será o maior investimento da história do Ceará poderá contar com capital asiático. Mas, até agora, nada definido. A refinaria Premium II, da Petrobras, que deverá ter seus editais para obras lançados até abril deste ano, ainda não possui sócio definido para sua construção, como pretende fazer a Petrobras. Por meses, a negociação ocorreu entre a estatal e uma empresa coreana. Agora, as conversações parecem ainda se dar com investidores chineses.
As últimas informações divulgadas dão conta de que, no momento, a Petrobras negocia com a estatal chinesa Sinopec. Em setembro passado, a presidente Graça Foster afirmou que as conversas iam bem. FOTO: KLÉBER A. GONÇALVES
A estatal chinesa Sinopec, até as últimas informações que chegaram a ser divulgadas, é a empresa com a qual a Petrobras estaria negociando parceria. Em setembro passado, a presidente da Petrobras, Graça Foster, afirmou que as conversas com a chinesa estavam "indo bem".
No dia 11 de junho passado, as duas estatais assinaram uma carta de intenções para estudar a viabilidade de eventual criação de uma joint venture. O documento, destacou a Petrobras, "não é vinculante e não gera obrigação entre as partes de firmar futuros acordos comerciais ou operacionais".
Silêncio da Petrobras
Inicialmente, a sociedade seria para a implantação da refinaria Premium I, no Maranhão. Contudo, posteriormente, Foster esclareceu que as negociações se estendem também para a planta cearense. Entretanto, de lá pra cá, a Petrobras não se pronunciou mais sobre o assunto. Em dezembro passado, o governador Cid Gomes afirmou que não tem acompanhado nem tido notícias sobre essas negociações, mas reforçou que a refinaria sairia, mesmo sem parceiros.
A busca de Cid
Após Graça Foster anunciar que estaria em busca de sócios para as refinarias Premium e dar carta branca a Cid Gomes para ajudar a estatal na prospecção de parceiros, o governador iniciou o contato com a sul-coreana GS Energy Corporation (GSE). Em 2012, o chefe do Executivo estadual fui até o país asiático para iniciar os contatos com a empresa e, no dia 29 de maio do ano passado, a Petrobras celebrou uma carta de intenções com a empresa para estudar a possibilidade de formação de uma joint venture, nos mesmos moldes do documento assinado mais recentemente com a Sinopec.
Sem acordo
Por fim, deu-se que a Petrobras acabou descartando tal parceria. "Chegou em um momento que tem que ir concordando passo a passo, e vimos que não aceitaríamos aquele modelo", explicou Graça Foster em setembro passado, justificando o insucesso da possível sociedade.
Preferência pela Ásia
As empresas asiáticas sempre foram as cogitadas pela estatal brasileira como possíveis sócios para os novos empreendimentos de refino. Em 2009, a estatal chegou a assinar tal carta de intenção com as japonesas Mitsui, para ser sócia da refinaria cearense, e outra com a Marubeni, para a maranhense.
Naquela ocasião, as japonesas teriam cerca de 20% das refinarias brasileiras. A negociação, como se viu até agora, não foi à frente. (SS).
Chance para quem vem de fora
O sul-coreano, de Seul, Ricardo Lee (cujo nome de batismo é Kyung Hoon Lee) já trazia de bagagem um relativo conhecimento de Brasil quando chegou ao Ceará para trabalhar como Gerente Assistente de Recursos Humanos da Posco E&C, na construção da Companhia Siderúrgica de Pecém (CSP).
O sul-coreano Ricardo Lee diz que só pretende deixar o Ceará quando as obras da CSP forem finalizadas. A previsão é setembro de 2015 Foto: José Leomar
Antes, ele havia morado e trabalhado por dois anos em São Paulo, e então surgiu a oportunidade de vir para o Estado do Ceará. "Eu já tinha o desejo de trabalhar em um grande projeto de construção de siderúrgica", conta o sul-coreano.
Até a finalização
Morando hoje em um condomínio em Caucaia, ele pretende ficar no Ceará até a finalização da obra, que deve ser entregue em setembro de 2015. Enfrentando como maiores dificuldades a diferença da língua e da cultura, além da saudade da família, que ficou na Coreia do Sul, ele vê como vantagens de sua vinda o desenvolvimento de seu perfil profissional, trabalhando em um grande projeto, além do aprendizado da língua portuguesa e inglesa. "E também tem o fato de que o Ceará tem clima muito bom e tem várias praias bonitas", complementa.
Pela experiência de seu país, o gerente assistente acredita que a instalação da CSP poderá revolucionar a economia cearense.
"A chegada da siderúrgica e de outros empreendimentos industriais de grande porte, com certeza, vai trazer muito desenvolvimento para o Ceará, como foi na Coreia do Sul também. Vai criar muitos empregos e isso vai trazer rendimento e crescimento da região", avalia o gerente sul-coreano. (SS)
dnVêm hoje da Coreia do Sul os maiores investimentos diretos feitos por estrangeiros no Ceará. Isso puxado por um único empreendimento: a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), orçada em US$ 5,1 bilhões, com metade de suas ações nas mãos de duas empresas daquele país. Contudo, o interesse dos coreanos no Estado está indo bem além, e protocolos de intenção já foram firmados para a instalação de outros projetos que prometem reforçar, significativamente, o Produto Interno Bruto (PIB) industrial cearense.
50% da participação acionária da CSP são da Dongkug e Posco Foto: Kléber A. Gonçalves
"Nós, particularmente aqui no Ceará, tivemos muito êxito nas nossas relações com a Coreia", destaca o governador Cid Gomes. De acordo com ele, esse bom relacionamento surgiu a partir da Dongkuk, empresa que, desde 2004, demonstrou interesse em construir uma siderúrgica no Estado.
Na época, seria instalada a Usina Siderúrgica do Ceará (USC), depois, em novo modelo, passou a ser a Ceara Steel e, por fim, a CSP. Esta última - que enfim vingou - está sendo construída entre a Dongkuk, com 30% de participação acionária, a também sul-coreana Posco, com 20%, e a brasileira Vale. O empreendimento, que terá capacidade de produção de três milhões de toneladas de placas de aço na sua primeira fase, entrará em operação no próximo ano e já conta com cerca de cinco mil trabalhadores no canteiro de obras.
Desdobramentos
"A partir da Dongkuk, nós conseguimos atrair pra cá a Posco, a Posco Metalurgia, a Posco Engenharia, para a siderúrgica, e isso já provocará desdobramentos na área de laminação, porque já tem um protocolo de intenções assinado entre a Posco e a Aço Cearense pra uma indústria de laminados", lembra o governador. O memorando de entendimentos foi assinado entre as duas empresas em novembro passado e prevê a elaboração de um estudo de viabilidade técnica e econômica para a instalação de uma laminadora de aços planos no Ceará. O investimento para a construção da primeira fase corresponde a US$ 800 milhões.
Segundo o governador Cid Gomes, a partir da Dongkuk, o Estado conseguiu atrair a Posco, a Posco Metalurgia e a Posco Engenharia FOTO: TUNO VIEIRA
Os desdobramentos deste tipo de investimento siderúrgico podem ser diversos, avalia o superintendente do Centro Internacional de Negócios (CIN), Eduardo Bezerra. "Existem outras indústrias que estão vinculadas a uma siderúrgica que são interessantes para os coreanos produzirem junto a ela.
Ao invés de eles importarem os produtos da siderúrgica, eles ficam aqui, produzem aqui e vendem não apenas para o mercado brasileiro, mas para o mercado latino-americano, da América Central, Caribe e até mesmo para América do Norte e Europa. Os coreanos estão fazendo bom uso do investimento representado pela CSP".
Além deste segmento, há ainda o contato com a sul-coreana Hyundai Elevators, que pretende construir no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp) um Centro de Pesquisa e Desenvolvimento, equipamento que desenvolverá uma tecnologia 100% cearense para a fabricação de elevadores populares. Junto com ele, a instalação da própria fábrica no local.
A empresa foi visitada no ano passado pelo presidente do Conselho de Desenvolvimento Econômico do Estado (Cede), Alexandre Pereira, que estendeu a visita também às sócias da CSP. "Como os investimentos do polo siderúrgico e no polo metal-mecânico são de grande porte, a tendência é que continue havendo um grande investimento por parte dos coreanos no Ceará", acredita. (SS)
Chineses negociam parceria na refinaria Premium II
Aquele que será o maior investimento da história do Ceará poderá contar com capital asiático. Mas, até agora, nada definido. A refinaria Premium II, da Petrobras, que deverá ter seus editais para obras lançados até abril deste ano, ainda não possui sócio definido para sua construção, como pretende fazer a Petrobras. Por meses, a negociação ocorreu entre a estatal e uma empresa coreana. Agora, as conversações parecem ainda se dar com investidores chineses.
As últimas informações divulgadas dão conta de que, no momento, a Petrobras negocia com a estatal chinesa Sinopec. Em setembro passado, a presidente Graça Foster afirmou que as conversas iam bem. FOTO: KLÉBER A. GONÇALVES
A estatal chinesa Sinopec, até as últimas informações que chegaram a ser divulgadas, é a empresa com a qual a Petrobras estaria negociando parceria. Em setembro passado, a presidente da Petrobras, Graça Foster, afirmou que as conversas com a chinesa estavam "indo bem".
No dia 11 de junho passado, as duas estatais assinaram uma carta de intenções para estudar a viabilidade de eventual criação de uma joint venture. O documento, destacou a Petrobras, "não é vinculante e não gera obrigação entre as partes de firmar futuros acordos comerciais ou operacionais".
Silêncio da Petrobras
Inicialmente, a sociedade seria para a implantação da refinaria Premium I, no Maranhão. Contudo, posteriormente, Foster esclareceu que as negociações se estendem também para a planta cearense. Entretanto, de lá pra cá, a Petrobras não se pronunciou mais sobre o assunto. Em dezembro passado, o governador Cid Gomes afirmou que não tem acompanhado nem tido notícias sobre essas negociações, mas reforçou que a refinaria sairia, mesmo sem parceiros.
A busca de Cid
Após Graça Foster anunciar que estaria em busca de sócios para as refinarias Premium e dar carta branca a Cid Gomes para ajudar a estatal na prospecção de parceiros, o governador iniciou o contato com a sul-coreana GS Energy Corporation (GSE). Em 2012, o chefe do Executivo estadual fui até o país asiático para iniciar os contatos com a empresa e, no dia 29 de maio do ano passado, a Petrobras celebrou uma carta de intenções com a empresa para estudar a possibilidade de formação de uma joint venture, nos mesmos moldes do documento assinado mais recentemente com a Sinopec.
Sem acordo
Por fim, deu-se que a Petrobras acabou descartando tal parceria. "Chegou em um momento que tem que ir concordando passo a passo, e vimos que não aceitaríamos aquele modelo", explicou Graça Foster em setembro passado, justificando o insucesso da possível sociedade.
Preferência pela Ásia
As empresas asiáticas sempre foram as cogitadas pela estatal brasileira como possíveis sócios para os novos empreendimentos de refino. Em 2009, a estatal chegou a assinar tal carta de intenção com as japonesas Mitsui, para ser sócia da refinaria cearense, e outra com a Marubeni, para a maranhense.
Naquela ocasião, as japonesas teriam cerca de 20% das refinarias brasileiras. A negociação, como se viu até agora, não foi à frente. (SS).
Chance para quem vem de fora
O sul-coreano, de Seul, Ricardo Lee (cujo nome de batismo é Kyung Hoon Lee) já trazia de bagagem um relativo conhecimento de Brasil quando chegou ao Ceará para trabalhar como Gerente Assistente de Recursos Humanos da Posco E&C, na construção da Companhia Siderúrgica de Pecém (CSP).
O sul-coreano Ricardo Lee diz que só pretende deixar o Ceará quando as obras da CSP forem finalizadas. A previsão é setembro de 2015 Foto: José Leomar
Antes, ele havia morado e trabalhado por dois anos em São Paulo, e então surgiu a oportunidade de vir para o Estado do Ceará. "Eu já tinha o desejo de trabalhar em um grande projeto de construção de siderúrgica", conta o sul-coreano.
Até a finalização
Morando hoje em um condomínio em Caucaia, ele pretende ficar no Ceará até a finalização da obra, que deve ser entregue em setembro de 2015. Enfrentando como maiores dificuldades a diferença da língua e da cultura, além da saudade da família, que ficou na Coreia do Sul, ele vê como vantagens de sua vinda o desenvolvimento de seu perfil profissional, trabalhando em um grande projeto, além do aprendizado da língua portuguesa e inglesa. "E também tem o fato de que o Ceará tem clima muito bom e tem várias praias bonitas", complementa.
Pela experiência de seu país, o gerente assistente acredita que a instalação da CSP poderá revolucionar a economia cearense.
"A chegada da siderúrgica e de outros empreendimentos industriais de grande porte, com certeza, vai trazer muito desenvolvimento para o Ceará, como foi na Coreia do Sul também. Vai criar muitos empregos e isso vai trazer rendimento e crescimento da região", avalia o gerente sul-coreano. (SS)
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