Finalmente, na manhã de ontem, o governador Cid Gomes chamou os seus correligionários do PROS para anunciar sua decisão sobre quem será o candidato do partido ao Governo do Estado. Na noite anterior, Ciro Gomes arrancou de todos eles: Domingos Filho, Izolda Cela, Leônidas Cristino, Mauro Filho e Zezinho Albuquerque, o compromisso de aceitarem, sem objeções, o nome escolhido.
Mas apareceu um fato novo. O PT propôs retirar o nome do deputado José Guimarães para o Senado e indicou Camilo Santana para disputar o Governo. A reunião foi suspensa e marcada uma outra para o fim da tarde.
No Ceará, as últimas 72 horas foram de intensas negociações e definições de estratégias, tanto da parte dos governistas quanto do principal núcleo de oposição, para definições das suas respectivas chapas majoritárias. No núcleo do Governo foi a questão do candidato a senador, indicado pelo PT, recusado por boa parte dos aliados, que motivou o atraso da sua formação.
Na oposição foram os acertos para fortalecer o grupo com a candidatura de Tasso Jereissati (PSDB) ao Senado. Ele estava relutando e havia a expectativa de ser o vice de Aécio Neves, na disputa presidencial. O certo, porém, é que só mesmo neste domingo, quando das convenções, tudo de fato ficará aclarado. Se Tasso for à convenção do PMDB, nesta manhã, por certo terá seu nome homologado no encontro tucano de amanhã.
Governança
Nunca, candidatos com perspectivas de governar este Estado foram escolhidos de forma tão personalista como os que serão apresentados oficialmente hoje. Prevaleceram, de ambos os lados, da situação e da oposição, o poderio político e econômico, sem qualquer debate com apoiadores e nem sequer com os integrantes das respectivas chapas que, se conhecem pessoalmente por morarem no mesmo território, mas com ideias e propostas diferentes, pois sempre, politicamente, caminharam por trilhas diferentes.
A democracia brasileira, como o nosso próprio País, é de uma singularidade, sem similaridade. Ela existe com arremedos de partidos, pois são cartórios comandados, não por tabeliães, mas por políticos pequenos que com eles (cartórios) sustentam suas vaidades e de onde chegam a tirar proveitos econômicos.
E o resultado dessa situação anômala são alianças firmadas, a cada eleição, para apresentação de candidaturas questionáveis nos mais diversos sentidos, dentre eles o da falta de preparo e espírito público de muitos dos que aí estão, sem se falar nos rompimentos, logo depois da eleição, por conta dos conflitos de interesses pessoais e de governança, causando sérios prejuízos à administração.
Ora, como se admitir uma aliança, como a do Governo, com mais de 20 partidos, firmada sem que qualquer deles soubesse quem era o candidato à sucessão estadual, o cargo mais importante em disputa? E a da oposição, liderada pelo PMDB, fechada no limite do Calendário Eleitoral, por imperiosa necessidade dos partidos que a integram? Óbvio que são agrupamentos fisiológicos, sem nenhum compromisso com a governança, meta primeira dos entendimentos feitos entre agremiações comprometidas com os seus estatutos, com o fortalecimento da democracia, e com o engrandecimento do Estado e do seu povo.
Importante
O País reclama uma urgente mudança dessa fatídica realidade político-partidária. E não se trata só de Reforma Política, que seria, com os personagens de hoje, apenas mais um engodo. A relação dos candidatos apresentados, com honrosas exceções, deixa muito a desejar e projeta um quadro de futuro nebuloso, sobretudo no Legislativo, onde teremos uma renovação, como aqui já foi dito, expressiva numericamente, mas inexpressiva qualitativamente. E como o Poder Legislativo é importante numa democracia representativa! É nele, onde deputados e senadores, tendo altivez, competência e respeito à Constituição, independentemente dos humores do Executivo, respondem aos anseios da sociedade.
Senador
Aliados do governador estão preocupados com a repercussão do nome do candidato ao Senado, deputado José Guimarães, apresentado pelo PT. Alguns deles lembraram ao chefe a disputa em 1970, quando o hoje deputado federal Mauro Benevides, então filiado ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), a minoritária agremiação de oposição ao único partido da Revolução de 1964, derrotou, de maneira fragorosa, o candidato Edilson Távora, apresentado pelo governador César Cals, nome de prestígio no comando militar que estava à frente do Governo brasileiro à época.
O nome de Edilson sofria restrições da parte do ex-governador Virgílio Távora. Também não era simpático ao outro ex-governador, Adauto Bezerra, mais próximo de Virgílio do que de César. Não havia contra Edilson objeções de ordem moral, só políticas. E isso foi o suficiente para o nome de Mauro ter a avalanche de votos que o levou ao Senado.
As pesquisas de consumo interno no Governo já demonstravam, antes da reação de correligionários de Cid, ser temerosas, para toda a chapa majoritária, a inclusão do nome do deputado petistas. Gestões, de forma delicada foram feitas no sentido de ele evitar o constrangimento, indicando um outro nome para o cargo ou negociando outra posição na chapa.
Não surtiram efeito, e outras tentativas de solucionar o problema foram buscadas com lideranças nacionais petistas, aceleradas na sexta-feira, após o Governo ter sido informado da disposição de Tasso de ser candidato ao Senado na chapa do candidato Eunício Oliveira ao Governo do Estado e os números mostrarem as boas perspectivas que tem de ser o preferido do eleitorado cearense neste ano.
Partidos homologam as candidaturas
O PSDC e PEN oficializaram os nomes das suas candidaturas proporcionais para o pleito deste ano em convenções realizadas na manhã de ontem, mas as duas agremiações decidiram que a definição sobre o apoio ao PROS, assim como as coligações para as disputas pelos cargos de deputado estadual e deputado federal ficarão somente para a segunda-feira.
Na convenção do PSDC, o partido homologou 28 candidaturas para deputado estadual e três para deputado federal. A expectativa da legenda é conseguir formar uma bancada de quatro parlamentares na Assembleia Legislativa e conta com a força eleitoral do vereador Vaidon Oliveira para conseguir uma cadeira na Câmara dos Deputados.
Já na convenção do PEN, a agremiação lançou 47 candidatos a deputado estadual e outros sete a deputado federal. Apesar de afirmar que a tendência da legenda é ficar com o PROS, o presidente do partido, Samuel Braga, esclareceu que a oficialização será feita somente mesmo na próxima segunda-feira. "A Executiva vai ficar com a incumbência de decidir sobre as coligações a nível majoritário e proporcional", destacou.
Samuel Braga explicou que, quanto à aliança proporcional, a tendência é compor o bloco formado pelos partidos pequenos para a disputa na Câmara dos Deputados, enquanto que, para a Assembleia Legislativa, a aliança deve ser formada entre PEN, PPL e PRTB.
Outras
Para este domingo, o calendário de convenções continua com o evento do PROS, a partir das 9h no Ginásio da Faculdade Ari de Sá. PT, PTB, PMN, PCdoB, PTdoB, PRB, PHS, PP, PTC, PRTB e PSL também oficializarão seus candidatos no mesmo local. Até o fechamento desta edição o PROS ainda não tinha escolhido o seu candidato a governador.
No Ginásio Aécio de Borba, o PMDB vai oficializar a candidatura do senador Eunício Oliveira ao Governo e dos demais candidatos a deputado. Já o PSC realiza convenção no Clube Espaço Vida, no Montese. Para completar as convenções de domingo, o PTN fará no Hotel Amuarama.
Edison Silva
Editor de política
DN
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