Quando Padre Cícero pôs os pés no então distrito cratense de “Joaseiro”, veio apenas para celebrar a missa do Natal de 1871. Naquela noite, porém, depois de tantas rezas e confissões em uma terra sem sacerdote, uma visão durante o sono do padre recém-ordenado marcaria o início da cidade que hoje completa cem anos de emancipação política.
Conforme relatou o padre em cartas ao então bispo dom Joaquim, Cristo apareceu em sonho, dizendo-lhe: “Cícero, tome conta deles”, em referência à multidão de pobres moradores do lugar. No ano seguinte, Cícero atende o chamado e se muda para “Joaseiro”.
A fama do padre acolhedor e milagroso corre sertões a ponto de a localidade abrigar 20 mil pessoas em 1909. Em 1911, o distrito se torna cidade e escolhe Cícero como prefeito. “A cidade foi criada e santificada na fé e no trabalho de Padre Cícero”, resume o escritor Geraldo Barbosa. O pesquisador conta que o lugar se formou no trabalho do “Padim” como “orientador das almas, protetor dos pobres e do médico que ensinava remédios caseiros para os doentes”.
Com a marca de ser a “cidade escolhida” por Deus, explica Geraldo, tudo cresceu depressa em Juazeiro do Norte até hoje, dia do centenário. “É um fenômeno. São não sei quantos supermercados, o aeroporto com 35 mil viagens por mês. Juazeiro explodiu em cultura e ensino superior”, enumera Geraldo, de 87 anos. Para ele, a expansão vai ser ainda maior. “Todos vêm se abastecer aqui, gente de 80 municípios que não precisam ir a Capital”, contabiliza.
Na avaliação do pesquisador, o desenvolvimento vai demandar mudanças na infraestrutura. “Ou se manda fazer viadutos, (avenidas) perimetrais ou o estrangulamento passa a ser o caos”, projeta.
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