sábado, 25 de janeiro de 2014

Esgoto é desafio para cidades da Região Metropolitana de Fortaleza

Em Caucaia, Maracanaú e Aquiraz há rede de água encanada, mas população sofre sem esgotamento sanitário
Caucaia. Este é o 14º ano do século 21 e, no Estado que em breve receberá visitantes de várias partes do mundo para assistir a partidas do maior campeonato de futebol do mundo, ainda falta saneamento básico para a população. E quando se fala em "básico", pressupõe-se as condições mínimas necessárias para a manutenção da saúde e higiene. Na Região Metropolitana de Fortaleza, apesar de avanços nos últimos anos, a maior parte da população ainda sofre com a falta de esgotamento sanitário.

Em Caucaia, a rede de esgotamento sanitário chega para apenas cerca de 40% da população. Os dejetos correm a céu aberto Fotos: José Leomar

Mesmo em áreas mais desenvolvidas, seja pelo turismo ou pelo desenvolvimento industrial, menos da metade dos habitantes possui um sistema para garantir o tratamento adequado aos dejetos. É o caso dos municípios de Aquiraz, onde uma obra no Porto das Dunas foi paralisada há quase um ano, em Maracanaú e em Caucaia.

Neste último município, 95,73% dos habitantes possuem cobertura de água. Entretanto, apenas 42,27% têm acesso a uma rede de esgoto. Os dados são da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece). Em algumas localidades do município, é comum ver o dejetos empoçados nas ruas, como no Parque das Nações.

A comunidade é servida de água encanada mas, mesmo assim, os moradores sofrem com o desabastecimento. Ontem mesmo houve uma interrupção no abastecimento em várias partes de Caucaia para a realização de um "trabalho de melhoria na unidade de captação do Açude Gavião, que fornece água para a Estação de Tratamento de Água Oeste", segundo justificou a Superintendência de Obras Hidráulicas (Sohidra).

Contudo, a água que chega pelos canos não tem os meios adequados de sair. "Aqui não tem esgoto. Só essas gambiarras que a gente faz para a rua e que vai até a pista (BR-222). Mas quando chove, não tem condições, fica tudo entupido, porque é uma coisa mal feita", explica a dona de casa Luciene Maciel.

Já para Genival Cruz, funcionário de um depósito na Rua Polônia, ainda no Parque das Nações, a falta d´água não incomoda por causa de um poço que garante o abastecimento do ponto comercial. Para ele, o maior problema é o acúmulo de esgoto a céu aberto. "A gente compra a água para beber e usa a do poço. Normalmente até chega água da Cagece, mas esgoto não tem. Aqui é tudo no meio da rua", disse. Segundo ele, em alguns locais os dejetos vão para rios e lagoas da região.

Segundo a Prefeitura de Caucaia, o municípios está pleiteando R$ 22 milhões dos recursos do Orçamento Geral da União (OGU) e outros R$ 150 milhões junto ao Programa de Aceleração do Crescimento 2 (PAC), do Governo Federal, para obras de saneamento básico na cidade. Após a verba ser disponibilizada, será feito o repasse para a Cagece executar as intervenções, cabendo à Prefeitura a fiscalização dos trabalhos.

O governo municipal ressaltou ainda que espera elevar ainda mais o alcance de água e esgoto para a população, mas não fez uma distinção do quanto será investido em esgotamento.

Em Maracanaú, próximo ao Anel Viário, uma ponte precisou ser improvisada para os moradores se deslocarem, pois o esgoto ocupou todo o trecho da via

A Prefeitura informou ainda que Caucaia tem cerca de quatro vezes a área de Fortaleza e estima que existam, atualmente, 400 mil habitantes, o que tornaria a tarefa um grande desafio, mesmo para uma cidade atualmente em desenvolvimento. O problema também se repete em Maracanaú. Curiosamente, dos três municípios visitados pela reportagem, é que possui o maior índice de cobertura de água (98,99%) e a menor de esgoto, com apenas 40,17% da população atendida.

Perto do Anel Viário, na Rua Míriam Rocha, bairro Cidade Nova, uma ponte precisou ser improvisada para os moradores se deslocarem, pois o esgoto ocupou toda a largura de um trecho da via. De acordo com o aposentado Afonso Alan, o problema é antigo. "Se o meu pai não tivesse feito essa ponte, não tinha nem como passar. Eu posso dizer que essa situação está assim já faz 18 anos", disse. O operador de máquina Edilson Sousa trabalha há 16 anos no local e confirma que a poça sempre existiu. "Aqui sempre foi desse jeito, desde que comecei na empresa. Não tem esgoto e lá só tem água porque foi feita uma cacimba. Não tem da Cagece", ressaltou.

Investimentos
Em nota, a Prefeitura Municipal de Maracanaú informou que vem mantendo reuniões regulares com a Cagece desde 2013, "visando ampliar a rede de esgoto na cidade e elaborar um cronograma de investimentos para os próximos anos".

Segundo a Cagece, o índice de cobertura de água no Estado é 97,88% com mais de cinco milhões de cearenses atendidos em 150 municípios.

Entretanto, apenas 38,12% possuem um sistema de esgotamento sanitário, o que representa cerca de dois milhões de habitantes no Estado.

Considerando apenas os municípios do Interior, o acesso a água nas residências alcança 97,34% ou 2,7 milhões de beneficiados. Já o esgotamento é de apenas 24,40% no Interior, número que corresponde a menos de um quarto dos cearenses.

GERMANO RIBEIROREPÓRTER

ENQUETESua casa tem saneamento?
"A água chegou há um mês. Antes não tinha, era o carro-pipa que vinha deixar. Ante a gente tirava a água de um poço. Aí com esse tempo ruim de chuva fizeram a obra. Mas esgoto não tem ainda. Aqui é só fossa". João Eudes. Vigia - Aquiraz

"Está com 20 anos que eu moro aqui e nunca tive água da Cagece. Lá na prefeitura conta como se tivesse toda concluída, mas não está. Aqui a água só vem por gambiarras e o esgoto é no meio da rua". Antônio Barbosa. Pedreiro - Maracanaú

Mais informações
Prefeitura de Caucaia
Rua Juaci Sampaio Pontes, 1800 - Centro. 
Telefone:(85) 3342.8125

Prefeitura de Maracanaú
Rua 4, 215. 
Telefone:(85) 3382.1416

dn

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