quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Recua Taxa de desemprego na RMF é a menor em cinco anos

Em contraponto, a lentidão da economia levou a geração de vagas a ter um ritmo menor que em 2012

Com 124 mil pessoas à procura de trabalho, a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) apresentou, em dezembro último, taxa de desemprego total de 6,8% da População Economicamente Ativa (PEA) - a menor da série histórica da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), iniciada em igual mês de 2008.

O setor de serviços foi responsável pela perda de 18 mil ocupações. A construção civil, comércio e a indústria geraram mais postos de trabalho Foto: Viviane Pinheiro

Todavia, o arrefecimento da economia cearense em 2013, acompanhando a tendência nacional, fez com que a geração de novas vagas na RMF crescesse a um ritmo bem mais lento do que o registrado entre 2010 e 2012, especialmente por conta das perdas no setor de serviços.

Ao todo, o número de desempregados na RMF, em 2013, reduziu em 17 mil habitantes em relação ao ano anterior, a partir da criação de 11 mil novos postos e da saída de 6 mil pessoas do mercado de trabalho. A diminuição representou recuo de 0,7% frente a 2012.

Apesar do desempenho positivo, a queda de 0,7% no índice representa uma diminuição do ritmo de incremento ocupação da RM, uma vez que, em 2012, a variação foi de 1,5% frente ao ano anterior. Em 2011 e 2010, o aumento foi, respectivamente, de 2,3% e 5,5%.

Freio deve-se à economia

Os dados foram divulgados ontem por técnicos do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT) e do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O levantamento denomina desempregados aqueles que, nos últimos 12 meses, buscaram vaga no mercado, desconsiderando portanto quem há mais de um ano não procura emprego.

Segundo analista de mercado do IDT Mardônio Costa, o freio na geração de postos de trabalho reflete a diminuição do ritmo de crescimento da economia cearense no último ano. "Por isso houve esse ´crescimento decrescente´", afirma. Entretanto, destaca, a expectativa para o 2014 é que a RMF continue gerando vagas, ainda que a velocidade menor do que em 2010 ou 2011.

Setores

De janeiro a dezembro de 2013, foram gerados, na RMF, 29 mil novas vagas, enquanto outras 18 mil foram fechadas, resultando em um saldo de 11 mil postos de trabalho. O setor que ofereceu mais vagas, segundo a PED, foi a indústria da transformação, sendo seguida pelo comércio e da construção civil.

O setor de serviços, entretanto, foi responsável pela perda das 18 mil ocupações em dezembro do ano passado, sobretudo nos setores de serviços domésticos e administração pública.

Mais carteiras assinadas

Mardônio Costa ressalta que, em dezembro de 2013, a Região Metropolitana de Fortaleza registrou 734 mil trabalhadores com carteira assinada - o maior número da série histórica. "Esse é outro dado muito importante, que representa a qualidade do trabalho. A gente não pode ver essa toda essa questão apenas sob o prisma do índice de desemprego", salienta. Em relação a dezembro de 2012, a variação foi de 1,2%.

Embora a taxa de desemprego entre jovens de 16 a 24 anos tenha caído nos últimos anos, esses dois grupos são os que têm maior participação no total de desempregados da RMF. Enquanto, na média de 2013, as mulheres foram 54,5% dos que não conseguem encontrar emprego, os habitantes de 16 a 24 anos (de ambos os sexos) são 49,2% do total. Segundo o titular da Secretaria do Trabalho e do Desenvolvimento Social, Josbertini Clementino (STDS), o Estado tem investido na qualificação profissional para aumentar a participação dos jovens entre a população ocupada.

Menor desemprego do País

O recuo de 0,9% na taxa de desemprego da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) foi o menor entre as regiões metropolitanas analisadas pela Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), que contempla, além da Capital, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo. Nas seis regiões, a retração média foi de 0,1%. Conforme o levantamento, foram gerados 112 mil ocupações entre dezembro de 2012 e igual mês de 2013. O número de assalariados, por sua vez, cresceu 2,5%.

Rendimento teve aumento

Conforme a PED, o rendimento médio real dos ocupados registrou aumento de 1,2% no período. Na RMF, o incremento foi de 3,7% frente a dezembro de 2012. A maior alta foi em Belo Horizonte (9,9%), enquanto houve retração em Recife (2%) e São Paulo (1%).

Os segmento que gerou mais vagas no período foi o de comércio e reparação de veículos, com 88 mil postos de trabalho. Ao contrário do que aconteceu na RMF (onde houve alta), a indústria de transformação eliminou um total de 33 mil postos.

Desoneração da folha gerou vagas

Brasília A política de desoneração da folha de pagamentos, iniciada pelo governo Federal em 2011 e ampliada para 56 setores em 2014, teve efeito na manutenção e criação de postos de trabalho, melhoria no fluxo de caixa das empresas beneficiadas, na competitividade e nível exportação.

De acordo com o secretário de Política Econômica da Fazenda, Márcio Holland, que esteve reunido ontem, com empresários e centrais sindicais para um balanço da medida, a discussão para tornar a renúncia fiscal permanente está iniciada.

"A avaliação demonstra que a medida tem competência e capacidade para ser permanente, porque está beneficiando a economia brasileira", disse.

Os setores atendidos pela desoneração deixaram de pagar 20% de contribuição previdenciária sobre a folha de salários e total estimado da renúncia fiscal em 2013 foi de R$ 13 bilhões. A projeção do governo para 2014 é de R$ 21,6 bilhões.

Setores

Segundo estimativas da CNI (Confederação Nacional da Indústria) divulgadas pelo secretário, 96% dos setores beneficiados aprovaram a medida, entre eles têxtil, autopeças, brinquedos, transporte, serviços e construção civil. A taxa média mensal de demissão das empresas enquadradas na política caiu de 15%, (de janeiro de 2007 a dezembro de 2011), para -3%, no período de janeiro de 2012 a junho de 2013.

O impacto da desoneração dos três primeiros setores (couro, calçados e vestuário, a partir de 2011) no PIB foi de 0,17%. Ainda não há uma estimativa do estímulo à produção de todos os setores. De acordo com a CNI, 43% das empresas passaram a prever aumento de exportação.

Segundo Holland, não haverá inclusão de novos setores na política de desoneração da folha. Pode haver eventuais ajustes, nada mais, afirmou.

Continuação do benefício

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ontem, que há perspectiva de renovar a desoneração, que se encerra em dezembro de 2014, pois a política tem ajudado o setor produtivo a continuar contratando e aumentando a eficiência.

JOÃO MOURA
REPÓRTER

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