Filho de mãe baiana e pai cearense, o estudante Ygor de Santana Moura, 18 anos, escutava desde a infância que a educação abria portas. Com o desejo de se dedicar aos estudos, o jovem se mudou para o Ceará no final de 2015, vendo o esforço se transformar em conquistas poucos anos depois. Neste ano, conquista, pela segunda vez, uma medalha de prata na Olimpíada Internacional de Química (IChO), sendo o único brasileiro a conseguir a segunda posição.
Ao todo, a 52ª IChO reuniu 250 alunos de ensino médio de 60 países, ocorrendo entre os dias 23 e 29 julho, de forma remota. Somente quatro jovens do Brasil conquistaram medalhas. Além da prata de Ygor, outros três estudantes receberam bronze, sendo dois do Rio de Janeiro, Davi Medeiros Fortunato e Pedro Yudi Honda, e um do Distrito Federal, Thiago José Velôso.
Durante os quatro anos desde que iniciou os estudos no Ceará, o jovem soma 47 premiações entre olimpíadas mundiais, nacionais, regionais e internas, sendo 19 medalhas de ouro, 13 de prata, 9 de bronze e 5 menções honrosas. Em 2019, conquistou as primeiras medalhas mundiais: ouro na Iberoamericana de Química (OIAQ), prata na IChO, e outra prata na Olimpíada Europeia de Física (EuPhO).
Devido ao longo histórico de realizações de Ygor, no dia 14 de março deste ano, o estudante foi aprovado no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, com bolsa integral, custeando passagem, moradia e a anuidade na instituição. Em setembro, o primeiro semestre terá início remoto, mas o jovem conta que deve realizar a mudança para a cidade de Cambridge em janeiro de 2021.
“Quando cheguei aqui, participei de uma feira de educação com pessoas de várias universidades do exterior, gente daqui do Ceará. Quando eu vi isso, percebi que era possível, então meu plano foi gradualmente mudando para poder estudar fora”, explica Ygor.
Disciplina
Nesse processo, a dedicação aos estudos foi constante. O jovem costumava iniciar as atividades às 8h da manhã e terminava entre 8h e 10h da noite. Mesmo nas férias, não diminuía o ritmo, optando por participar dos cursos de química, física e matemática disponíveis durante o período. Por encarar os desafios como uma forma de lazer, diz sempre ter sentido motivação para continuar.
“O meu objetivo com Olimpíadas sempre foi ganhar conhecimento e eu gosto muito de pensar nos problemas de uma forma diferente do que você está acostumado em sala de aula. É uma coisa que dá para você realmente se divertir”, afirma.
Orgulho
A costureira Cleia Nunes de Santana, 54 anos, sempre incentivou os filhos, Ygor e Nicolas, a valorizarem os estudos, por acreditar na capacidade do conhecimento de abrir portas. Por isso, então, foi uma alegria muito grande ver o resultado do esforço de Ygor com as vitórias nas olimpíadas e, principalmente, com a entrada no MIT.
“Faço questão de contar para todo mundo que foi um sonho impossível que a gente acreditou. E deu certo, quando ele me contou, não conseguia parar de chorar de tanta felicidade”, compartilha.
Tanto a mãe, quanto o pai, Raimundo Luciano Moura da Silva, cursaram até o ensino médio. Ygor se tornou o primeiro da família a passar em uma universidade no exterior. “Eu vim de um povoado que a gente não sabia nem o que era universidade. Faculdade na nossa época era só para o rico, agora que a gente pode sonhar um pouco”, acrescenta.
Apoio
Nessa trajetória, o estudante vê o suporte da escola como essencial para que conseguisse chegar tão longe. Recebendo bolsa do Colégio Ari de Sá Cavalcante desde sua chegada em Fortaleza, o jovem contou também com uma ampla rede de apoio de professores, alunos e coordenadores.
“Tudo que eu precisava, estava lá. Tem psicóloga para atender, professores muito bons, tiram dúvidas qualquer hora que precisar”, declara Ygor. Além disso, a instituição também possibilita que os estudantes realizem trocas com ex-alunos de destaque nacional e internacional.
Para o Coordenador de Olimpíadas Científicas do Colégio Ari de Sá, Francisco Alves, Ygor demonstrou ser um aluno com grande diferencial e talento desde sua chegada na instituição, sempre buscando outros conhecimentos.
“Ygor está escrevendo uma história brilhante em sua vida acadêmica. Sentimo-nos extremamente orgulhosos, e temos acompanhado grande parte da trajetória acadêmica e pessoal dele, somos gratos à família por ter depositado confiança no nosso trabalho”, finaliza Alves, em nome da equipe da coordenação olímpica.
dn
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