Levantamento indica que 193 garotos foram assassinados em 2011, contra 212 homicídios registrados em 2010
Eram aproximadamente 21h30 do dia 29 de dezembro passado quando tiros disparados por dois homens em uma motocicleta ceifaram a vida do garoto Wállisson Pereira Alves. 16. O crime ocorreu na Avenida General Osório de Paiva, no bairro Canindezinho (zona sul), comunidade inserida no ´Território da Paz´, no Grande Bom Jardim.
Naquele momento se encerrava a estatística dos assassinatos de adolescentes, em 2011, na Grande Fortaleza, e o garoto Wállisson Pereira acabava de se tornar o 193º jovem, na faixa etária de 12 a 18 anos incompletos, a tombar nas ruas da RMF vítima de homicídio no ano que estava acabando.
Queda
Levantamento feito pela Editoria de Polícia do Diário do Nordeste (através de seu ininterrupto trabalho de acompanhamento de todos os homicídios dolosos na RMF, iniciado em 2008) revela que o índice de mortes violentas de adolescentes em 2011, na Grande Fortaleza, caiu cerca de 8,96 por cento em relação a 2010, período em que foram registrados 212 crimes.
O mesmo trabalho apontou que a nova sistemática de investigações e policiamento implantado pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social, a partir de janeiro do ano passado - com a posse do coronel Francisco Bezerra como titular da Pasta - levou a um acentuado declínio neste tipo de crime. Isto porque, entre 2009 e 2010, os assassinatos contra adolescentes na Grande Fortaleza saltaram de 165 para 212 casos, uma elevação da ordem de 28,5 por cento. De 2010 para 2011, ocorreu, então, a queda de 8,96 por cento.
O declínio ainda é tímido e não deixa as autoridades menos relaxadas em relação a esta fatia da violência armada na RMF, já que, conforme as próprias autoridades, a maioria absoluta das mortes violentas de adolescentes e jovens na Capital cearense e seus municípios do cinturão metropolitano, se deve a ´cobranças´ do tráfico.
Pagar com a vida
Assim como garoto Wállisson, citado no começo da matéria, dezenas de outros rapazes e moças, que mal deixaram a infância, acabaram sendo sumariamente eliminados pelo braço armado dos mercadores de substâncias entorpecentes.
E neste cenário de sangue, o ´combustível´ de tantos crimes continua sendo o crack, a droga que vem dizimando a garotada.
Bairros lideram registros da violência
Em bairros como Vila Velha, Bom Jardim, Jangurussu, Vicente Pinzón, Aerolândia, Canindezinho, Lagamar, Barra do Ceará, Quintino Cunha, Genibaú, Planalto Ayrton Senna, Granja Portugal, Palmeiras, Granja Lisboa, Rosalina, São Cristóvão e Messejana ocorre o maior número de mortes violentas de adolescentes na Capital cearense.
Já na Região Metropolitana de Fortaleza, esses índices ficam mais acentuados nos Municípios de Maracanaú, Caucaia, Eusébio, Itaitinga e Pacatuba. O levantamento realizado pelo Diário do Nordeste mostra que dos 193 casos de homicídio contra adolescentes, apenas 39 ocorreram na zona metropolitana. Os demais foram praticados na Capital cearense.
Bairros
Entre os bairros da Capital, alguns apresentam um maior risco para os adolescentes, em decorrência da intensidade do tráfico. Com base nesta constatação, a Polícia Militar, através do seu Comando do Policiamento da Capital (CPC) e das unidades de Inteligência, tem insistido em manter constantes operações de ocupação.
Conforme o secretário da Segurança Pública e Defesa Social, coronel Francisco Bezerra, nestes locais a PM intensifica as ações com a utilização não apenas do efetivo do Ronda do Quarteirão e da respectiva companhia da área, mas também com o emprego das ´forças especiais´ de reforço, como o grupo Raio (Ronda de Ação Intensiva e ostensiva), Cavalaria, Canil e o Cotam (Comando Tático Motorizado do Batalhão de Polícia de Choque/BpChoque).
Priorizar
Com as operações policiais mais intensas, os índices de assassinatos tendem a cair. Foi que aconteceu, por exemplo, no ano passado quando a PM ´bateu pesado´ na criminalidade que assustava os morados dos bairros Bom jardim, Granja Portugal, Canindezinho, Granja Lisboa e Siqueira, e onde, desde dezembro de 2009 o Governo Federal, em parceria com o Estadual e a Guarda Municipal de Fortaleza, implantou o programa de combate violência intitulado ´Território da Paz´.
Estatística
Na última terça-feira, a SSPDS apresentou números indicativos da criminalidade em todo o Estado. E um dos destaques foi a redução do número de homicídios no ´Território da Paz´.
Segundo dados da Central de estatística (Cenest) da SSPDS, em 2010, 155 homicídios ocorreram no Grande Bom jardim. Em 2011, este número caiu para 129, o que representou um declínio da ordem de 16,77 por cento. Especificamente no bairro Bom Jardim, a queda foi mais representativa, de 58 pontos percentuais, isto é, 62 crimes de morte ocorreram em 2010, e 26 no ano passado, conforme o delegado Jacob Stevenson.
Prognósticos assustadores para menores brasileiros
Em julho de 2009, a organização Observatório das Favelas divulgou os resultados de uma pesquisa que projetou números catastróficos para a adolescência brasileira. Baseada em prognósticos obtidos num amplo estudo sobre a violência armada no País, a entidade projetou que, no período de sete anos, entre 2006 e 2012, nada menos que 33 mil adolescentes - faixa etária de 12 anos completos a 18 incompletos - serão vítimas de homicídio no Brasil.
Evasão escolar
Além do envolvimento com substâncias entorpecentes, o acesso fácil a armas de fogo, e a exploração por diversos meios (desde o trabalho a sexual), os adolescentes brasileiros também sofrem diretamente com a falta de políticas públicas que os tire da mira dos traficantes.
E um das vertentes desta realidade pode ser sentida no dia a dia das comunidades; a alta taxa de evasão escolar dos estudante nesta faixa de idade. Com isso, o adolescente acaba permanecendo na rua, frequentemente seduzido para o uso e tráfico de drogas e encontrando na criminalidade uma fonte de sobrevivência, onde também acaba se deparando com a morte.
Realidade
Os dados da pesquisa podem ser facilmente comprovados no cotidiano das unidades policiais e de ressocialização da Capital cearense que tratam da questão de adolescentes envolvidos em atos infracionais.
No ano passado, a Delegacia da Criança e do Adolescente de Fortaleza (DCA) apreendeu um arsenal de aproximadamente 600 armas de fogo em poder de menores de idade.
NÚMERO
154 adolescentes foram mortos na Capital cearense em 2011. Os outros 39 casos ocorreram nos demais municípios da região metropolitana (RMF)
Eram aproximadamente 21h30 do dia 29 de dezembro passado quando tiros disparados por dois homens em uma motocicleta ceifaram a vida do garoto Wállisson Pereira Alves. 16. O crime ocorreu na Avenida General Osório de Paiva, no bairro Canindezinho (zona sul), comunidade inserida no ´Território da Paz´, no Grande Bom Jardim.
Naquele momento se encerrava a estatística dos assassinatos de adolescentes, em 2011, na Grande Fortaleza, e o garoto Wállisson Pereira acabava de se tornar o 193º jovem, na faixa etária de 12 a 18 anos incompletos, a tombar nas ruas da RMF vítima de homicídio no ano que estava acabando.
Queda
Levantamento feito pela Editoria de Polícia do Diário do Nordeste (através de seu ininterrupto trabalho de acompanhamento de todos os homicídios dolosos na RMF, iniciado em 2008) revela que o índice de mortes violentas de adolescentes em 2011, na Grande Fortaleza, caiu cerca de 8,96 por cento em relação a 2010, período em que foram registrados 212 crimes.
O mesmo trabalho apontou que a nova sistemática de investigações e policiamento implantado pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social, a partir de janeiro do ano passado - com a posse do coronel Francisco Bezerra como titular da Pasta - levou a um acentuado declínio neste tipo de crime. Isto porque, entre 2009 e 2010, os assassinatos contra adolescentes na Grande Fortaleza saltaram de 165 para 212 casos, uma elevação da ordem de 28,5 por cento. De 2010 para 2011, ocorreu, então, a queda de 8,96 por cento.
O declínio ainda é tímido e não deixa as autoridades menos relaxadas em relação a esta fatia da violência armada na RMF, já que, conforme as próprias autoridades, a maioria absoluta das mortes violentas de adolescentes e jovens na Capital cearense e seus municípios do cinturão metropolitano, se deve a ´cobranças´ do tráfico.
Pagar com a vida
Assim como garoto Wállisson, citado no começo da matéria, dezenas de outros rapazes e moças, que mal deixaram a infância, acabaram sendo sumariamente eliminados pelo braço armado dos mercadores de substâncias entorpecentes.
E neste cenário de sangue, o ´combustível´ de tantos crimes continua sendo o crack, a droga que vem dizimando a garotada.
Bairros lideram registros da violência
Em bairros como Vila Velha, Bom Jardim, Jangurussu, Vicente Pinzón, Aerolândia, Canindezinho, Lagamar, Barra do Ceará, Quintino Cunha, Genibaú, Planalto Ayrton Senna, Granja Portugal, Palmeiras, Granja Lisboa, Rosalina, São Cristóvão e Messejana ocorre o maior número de mortes violentas de adolescentes na Capital cearense.
Já na Região Metropolitana de Fortaleza, esses índices ficam mais acentuados nos Municípios de Maracanaú, Caucaia, Eusébio, Itaitinga e Pacatuba. O levantamento realizado pelo Diário do Nordeste mostra que dos 193 casos de homicídio contra adolescentes, apenas 39 ocorreram na zona metropolitana. Os demais foram praticados na Capital cearense.
Bairros
Entre os bairros da Capital, alguns apresentam um maior risco para os adolescentes, em decorrência da intensidade do tráfico. Com base nesta constatação, a Polícia Militar, através do seu Comando do Policiamento da Capital (CPC) e das unidades de Inteligência, tem insistido em manter constantes operações de ocupação.
Conforme o secretário da Segurança Pública e Defesa Social, coronel Francisco Bezerra, nestes locais a PM intensifica as ações com a utilização não apenas do efetivo do Ronda do Quarteirão e da respectiva companhia da área, mas também com o emprego das ´forças especiais´ de reforço, como o grupo Raio (Ronda de Ação Intensiva e ostensiva), Cavalaria, Canil e o Cotam (Comando Tático Motorizado do Batalhão de Polícia de Choque/BpChoque).
Priorizar
Com as operações policiais mais intensas, os índices de assassinatos tendem a cair. Foi que aconteceu, por exemplo, no ano passado quando a PM ´bateu pesado´ na criminalidade que assustava os morados dos bairros Bom jardim, Granja Portugal, Canindezinho, Granja Lisboa e Siqueira, e onde, desde dezembro de 2009 o Governo Federal, em parceria com o Estadual e a Guarda Municipal de Fortaleza, implantou o programa de combate violência intitulado ´Território da Paz´.
Estatística
Na última terça-feira, a SSPDS apresentou números indicativos da criminalidade em todo o Estado. E um dos destaques foi a redução do número de homicídios no ´Território da Paz´.
Segundo dados da Central de estatística (Cenest) da SSPDS, em 2010, 155 homicídios ocorreram no Grande Bom jardim. Em 2011, este número caiu para 129, o que representou um declínio da ordem de 16,77 por cento. Especificamente no bairro Bom Jardim, a queda foi mais representativa, de 58 pontos percentuais, isto é, 62 crimes de morte ocorreram em 2010, e 26 no ano passado, conforme o delegado Jacob Stevenson.
Prognósticos assustadores para menores brasileiros
Em julho de 2009, a organização Observatório das Favelas divulgou os resultados de uma pesquisa que projetou números catastróficos para a adolescência brasileira. Baseada em prognósticos obtidos num amplo estudo sobre a violência armada no País, a entidade projetou que, no período de sete anos, entre 2006 e 2012, nada menos que 33 mil adolescentes - faixa etária de 12 anos completos a 18 incompletos - serão vítimas de homicídio no Brasil.
Evasão escolar
Além do envolvimento com substâncias entorpecentes, o acesso fácil a armas de fogo, e a exploração por diversos meios (desde o trabalho a sexual), os adolescentes brasileiros também sofrem diretamente com a falta de políticas públicas que os tire da mira dos traficantes.
E um das vertentes desta realidade pode ser sentida no dia a dia das comunidades; a alta taxa de evasão escolar dos estudante nesta faixa de idade. Com isso, o adolescente acaba permanecendo na rua, frequentemente seduzido para o uso e tráfico de drogas e encontrando na criminalidade uma fonte de sobrevivência, onde também acaba se deparando com a morte.
Realidade
Os dados da pesquisa podem ser facilmente comprovados no cotidiano das unidades policiais e de ressocialização da Capital cearense que tratam da questão de adolescentes envolvidos em atos infracionais.
No ano passado, a Delegacia da Criança e do Adolescente de Fortaleza (DCA) apreendeu um arsenal de aproximadamente 600 armas de fogo em poder de menores de idade.
NÚMERO
154 adolescentes foram mortos na Capital cearense em 2011. Os outros 39 casos ocorreram nos demais municípios da região metropolitana (RMF)