domingo, 4 de março de 2012

Pecém poderá ser novo polo de distribuição

Terminal portuário tem a possibilidade de receber e distribuir parte das mercadorias do eixo caribenho

O Terminal Portuário do Pecém poderá ser um novo polo de distribuição do País, em paralelo ao Porto de Santos, que hoje desempenha esse papel. É o que acredita a direção da Cearáportos, que realizou estudo sobre os impactos da expansão do Canal do Panamá no Ceará.

De acordo com o estudo, assinado pelo analista de Desenvolvimento Logístico, Valter Guimarães de Araújo, o Pecém poderia receber parte das mercadorias do eixo caribenho e europeu e distribuir em navios de cabotagem (navegação entre portos marítimos de um mesmo país) para o Norte e demais estados do Nordeste e Sudeste.

"Santos possui uma disponibilidade de conexões que o permitem manter ligações diretas com o resto do mundo e de lá irradia para os demais portos do Brasil. Dessa forma, ele representa um polo de concentração de cargas, mesmo com distâncias grandes envolvidas, principalmente com os Estados Unidos e Europa, continentes que o Terminal Portuário do Pecém tem mais vantagem pela menor distância (EUA - seis dias e Europa - sete dias) sem contar com a possibilidade de conexão com o Porto de Praia, em Cabo Verde, para a interligação com a África", afirma Araújo, no estudo.

Melhor aparelhamento
O documento destaca que as reformas que estão sendo feitas no Porto do Pecém, com um melhor aparelhamento em infraestrutura de acostagem - em especial pela profundidade do Terminal de Múltiplo Uso, cujo calado chega a aprofundar-se a uma média de 18 metros -, há uma tendência de que os armadores o utilizem como um desvio em direção ao Sudeste e Sul do Brasil.

"Em se configurando uma alternativa rentável, principalmente em termos de economia de tempo e combustível de navios, poderemos verificar a criação de um polo de transbordo no nordeste brasileiro, situado no Pecém, de maneira a atingir até a Argentina e o Uruguai. Para isso, as linhas de alta densidade que partem da Europa e Estados Unidos terminariam no Pecém", projeta o estudo.

Mercados

De 2008 a 2011, uma média de 62% das cargas movimentadas no Pecém eram de mercadorias provenientes de países banhados pelo Oceano Atlântico.

De acordo com o estudo, o Pacífico, que respondeu por 22% nesse mesmo ranking, possui condições para expandir esse percentual. "A área de influencia do Pecém propicia uma significativa transação comercial com países situados no pacífico", explica.

Com a menor participação entre os oceanos, o Índico, com movimentação média no quadriênio de 0,79%, também tem envergadura para incremento. "Nos oceanos Pacífico e Índico existem potenciais de utilização do Canal do Panamá para o alcance dos mercados situados na costa leste do Brasil e Estados Unidos", aponta.

De acordo com o documento, apesar de o Terminal Portuário do Pecém estar vivendo uma fase de ampliação da carga movimentada, há um aumento significativo do comércio exterior com a China, que responde, sozinha, por 73,8% da movimentação de mercadorias no período. Em relação aos outros países, há uma oscilação grande, dependendo da dimensão e do poder econômico do país.

O analista destaca que é necessário aproveitar a abertura do Canal do Panamá para explorar outros mercados, a exemplo do Japão, Nova Zelândia e Austrália, "países com um padrão de consumo desenvolvido", como destaca. (SS)

Atrativo
18 metros é a profundidade do Terminal de Múltiplo do Porto do Pecém, o que deve atrair armadores de grandes embarcações.

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