O curso com cinco casais pretendentes à adoção em Caucaia foi encerrado nesta terça-feira (25/07), durante encontro na sala de audiências da Vara da Infância e da Juventude daquela Comarca, localizada na Região Metropolitana de Fortaleza. A partir da conclusão, os processos de habilitação seguem para manifestação do Ministério Público e, posteriormente, análise pela juíza titular da unidade judiciária.
Os participantes contaram, na reunião desta terça, as experiências que tiveram durante aproximadamente um mês, período em que cuidaram de um boneco para simular como será a vida deles com a chegada do novo integrante da família. Segundo a psicóloga Aline Montenegro, da equipe interprofissional da Vara da Infância, essa ideia passou a ser utilizada este ano como forma de possibilitar aos pretendentes a certeza de que querem e podem ter uma criança.
“A prática foi apresentada por Hália Pauliv, de Curitiba, no Encontro Nacional de Apoio à Adoção. Aqui em Caucaia, resolvemos fazer outras práticas para auxiliar. Os casais receberam também documento de guarda provisória, caderno de anotações e histórico de vida da ‘criança’. Colocamos questões como dificuldades para dormir, para aceitar abraços e de fala. Essas situações permitirão que eles vivenciem, mesmo que de forma simulada, para que eles entendam as diferenças entre o filho idealizado e o real”, destacou.
O curso de habilitação apresenta ainda aspectos jurídicos relativos ao tema. O casal Iamara Mendonça e Daniel Moura, servidores públicos, já tem três filhos biológicos. O mais velho, de 27 anos, já é casado. Os outros são um adolescente de 13 anos e uma menina de 9. A mulher conta que sempre teve o desejo de ter uma família grande, com seis filhos. “Demorei muito a ter o segundo filho, por questões profissionais. Quando os outros vieram, já tinha mais idade. Por essa e outras questões, resolvemos adotar.”
A servidora explica ainda que pretende ter uma menina e que a adoção não deve ocorrer somente por dó de quem vive em unidade de acolhimento. “Adotar deve surgir pelo desejo de ser pai, de ser mãe, de querer construir uma família.”
Sobre o período em que conviveram com o “boneco”, o esposo dela conta que foi encarado com muita responsabilidade. “No início, nossos filhos, demais familiares e amigos, não entenderam bem essa ideia. Mas com o tempo, eles passaram a vivenciar junto com a gente esse momento.”
Já o casal Cristina Silva, dona de casa, e Wanderson Silva, engenheiro, resolverem adotar porque ela não pode gerar filhos biológicos. Desde 2013, amadurecem o desejo. Eles pretendem adotar grupo de até dois irmãos. “O boneco que recebemos apresentava problemas de fala e rejeição por toques, devido a traumas que sofreu. Fizemos trabalho para enfrentar as dificuldades e ajudar a ‘criança’ a nos aceitar e retornar a falar”, disse Cristina Silva.
Para o futuro pai, essa ideia permite que os casais “ensaiem a saída da ficção para a realidade. Temos diversos amigos que têm filhos e isso nos ajudou bastante”.
De 2013 para cá, esse é o 10º curso de habilitação promovido pela Vara da Infância de Caucaia. O próximo está previsto para ocorrer em novembro deste ano.
tjce