domingo, 15 de janeiro de 2012

Assis Filho, de Caucaia, tem apenas 23 anos, mas já é referência na criação de esculturas...

Até chegar ao computador, muitos desenhos são primeiro feitos em papel, recortados e colados

Nem só de lápis e papel vive o universo da ilustração. Embora tudo comece com eles, o trabalho pode se expandir para outras técnicas e até pular da página, em três dimensões. É o caso dos profissionais convidados para o último Baião Ilustrado, o gaúcho Carlo Giovani e o cearense Assis Filho.

Premiado ilustrador de Porto Alegre (RS), Giovani tem grande destaque no cenário nacional por seu trabalho com Paper Toy (figuras de papel) e Stop Motion (técnica de animação). Já fez campanhas para marcas como Doritos, Elma Chips, MTV, TIM, Havaianas e eXmark (EUA), além de ilustrações para revistas como Superinteressante, Época e Capricho.

Embora seus desenhos e pinturas também chamem atenção, é no 3D que Carlo realmente brilha, ao desenvolver desde personagens até cenários completos e pequenos filmes, usando papel, madeira e outros materiais. Impossível navegar por seu site (carlogiovani.com) e não se impressionar com o resultado final das peças.

"Após definir o esboço do personagem, começo a modelar o papel, cortando e usando fita adesiva. Apenas no final se passa para o computador, para correções", detalha Giovani. "Existem peculiaridades que só se alcançam com o 3D, com o trabalho manual. Já cheguei a trabalhar com madeira, metal, lego. Depois, o papel tomou mais força. Quando montei meu estúdio, tudo virou ainda mais profissional. O limite depende de cada um. No meu caso, sempre busquei zona de desconforto", resume o gaúcho. Sobre a liberdade artística dentro do mercado, Giovani acredita ser algo possível, mas que apenas agora começa a ganhar força no Brasil.

"No exterior é mais comum as agências elaborarem campanhas com liberdade para a visão do artista. Aqui isso ainda está começando. Antes, o ilustrador apenas executava; agora, algumas vezes ele é chamado para pensar junto o conceito", avalia.

"Tem muita demanda, especialmente em áreas novas de atuação, como design estratégico. E a internet facilita muito na hora de fazer contatos e divulgar o trabalho", complementa.

Talento local

Na terrinha, uma das referências da arte da escultura não tem sequer um quarto de século de vida. Aos 23 anos, Assis Filho apresenta portfólio de dar inveja, com trabalhos diversificados e criativos. Os personagens são esboçados no papel e depois moldados em massa (epoxi, plastilina e outras).

Com essa técnica, o jovem já realizou campanhas para vários clientes locais, além de alguns de outros Estados e internacionais. Nascido em Caucaia, Assis é totalmente autodidata. "Comecei como todo mundo, no jardim da infância, brincando com massinha e papel. A diferença é que continuei", diverte-se. "Aos 14 anos, comecei a fazer personagens. Na Galeria Pedro Jorge, no Centro, me deram a ideia de vendê-los. Nessa época, trabalhei ainda fazendo bonecos para topo de bolo", recorda.

Pouco depois, Assis conheceu os rapazes do Coletivo Base e entrou para o grupo. "Comecei a perceber um possível mercado. Em 2007 fiz minha primeira campanha publicitária e decidi que era isso que queria. Hoje também fazemos muita coisa para fora, porque a internet facilita a comunicação", ressalta.

No ano passado, Assis começou um curso com o escultor Alex Oliver, de Messejana. "Ele já trabalhou em Hollywood, foi um dos motivos que me levou à escultura", comemora. "Antes eu tinha um estilo mais cartoon, quando conheci o trabalho de Alex passei a investir também no realista".

Com acesso à boa formação e mercado, o jovem não pensa mais em deixar Fortaleza. "Alex está com proposta de montar um estúdio justamente para o contrário, para atrair as pessoas. Quando comecei não esperava mercado aqui, mas o Coletivo sempre topou desafios, e meu trabalho tem o diferencial de não ser muito convencional", avalia.

No último Baião Ilustrado, Assis ministrou oficina de modelagem. Neste ano, pretende repetir a experiência, com outras atividades de formação. "O mais legal do Baião é a possibilidade de ver trabalhos diferentes. O artista absorve essas referências e incorpora ao seu próprio trabalho. Especialmente na nossa profissão, é algo valioso, porque as pessoas ficam muito tempo trancadas em seus estúdios", explica.

Para o jovem, mais do que aptidão, um ilustrador precisa gostar do que faz. "Já vi iniciantes fantásticos, mas, por não gostarem tanto da atividade, acabaram se perdendo". (AM)

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