O interesse do grupo sul- coreano no Ceará vai além da participação acionária no empreendimento
Se a única pendência para a implantação da Refinaria Premium II, no Ceará, for de fato de ordem financeira, esse problema já pode estar resolvido. A empresa de exploração e refino de petróleo sul coreana GS Energy (GSE) está disposta a participar com até 50% do capital acionário do empreendimento, em uma parceria meio a meio, com a Petrobras.
Prometida há várias décadas pelos políticos, a refinaria ainda não saiu do papel foto cléber gonçalves
A informação foi confirmada na tarde de ontem, pelo presidente do Conselho Estadual de Desenvolvimento Econômico do Ceará (CEDE), Alexandre Pereira. "Nós (o Ceará) estamos dependendo muito mais da Petrobras do que do parceiro (a GSE). Eles (a empresa coreana) estão dispostos a entrar com até 50% (de participação acionária). A Petrobras é quem define o percentual, mas até 50% eles entram", garantiu Pereira.
Polo petroquímico
Para ele, o problema da economicidade apontado pela direção da Estatal, como condição para investir no empreendimento, pode ser resolvido com uma sociedade com a sul coreana GSE. "O parceiro da Coreia do Sul, a GSE, está totalmente entusiasmado com o projeto. (A refinaria) está dependendo absolutamente da Petrobras. Por eles, (a GSE) já tinham iniciado o empreendimento", acrescentou Pereira, segundo quem, o interesse do grupo sul coreano, vai além da participação acionária na refinaria Premium II. "Eles não querem apenas a refinaria. Eles querem a refinaria e depois investir no pólo petroquímico", acrescentou o presidente da Adece.
O valor inicialmente anunciado pela Petrobras para ser investido na construção da Premium II foi US$ 11 bilhões. Esse montante deve ser alterado, tendo em vista que já há sinalizações de que a planta industrial do empreendimento pode ser dividido em três blocos de refino de 100 mil barris de petróleo, por dia, em vez dos 300 mil barris de petróleo, informados anos atrás. Essa informação foi antecipada por um parlamentar cearense.
Outro fator que pode alterar o valor global do investimento, foi apontado recentemente pela própria Estatal. Segundo informações da empresa, os investimentos serão baseados, a partir de agora, em estudos métricos internacionais.
Pendência
Para Pereira, o problema é mais político do que financeiro. Com a pendência de um parceiro financeiro solucionada, ele afirma que o "que falta agora é apenas pressão política de nossos senadores e deputados Federais. Juntar todos e irmos lá "apertar" a Petrobras. "Dinheiro já tem. Quando eles (a Petrobras)querem, não falta", exclamou.
No início deste mês, Alexandre Pereira esteve na Coreia do Sul, onde foi recebido dentre as empresas que visitou, pelo vice Chairman e CEO da GS, W.B. Rha, com que conversou sobre os interesses dos sul coreanos em investir em alguns novos empreendimentos no Estado, nas áreas de siderurgia e de produção de petróleo. Na oportunidade, o titular do Cede conheceu também o polo petroquímico da empresa, apontado como o maior daquele país asiático.
A busca por uma parceiro asiático para participar como sócio da refinaria Premium II foi iniciada há mais de um ano, pelo governador Cid Gomes. A aproximação com empresários coreanos se deu a partir da construção da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP, que tem as empresas coreanas Dong Kuk e Posco, como sócias do empreendimento, em construção no município de São Gonçalo do Amarante.
O próprio governo do Estado já sinalizou com a possibilidade de participar como "sócio simbólico" do empreendimento, como forma de poder participar mais efetivamente das negociações. Uma sociedade que, pelos investimentos feitos pelo Estado, com recursos do contribuinte, já assegurariam uma participação societária mais do que "simbólica".
Para viabilizar a Premium II, o Ceará já investiu mais de um bilhão de reais, na infraestrutura rodoferroviária, na construção de subestações elétricas, de canais de transposição de água, do Porto do Pecém, com a doação de um terreno de 1.954 hectares para a refinaria e outro para assentar 160 famílias da tribo de índios Anacé, que antes teriam ocupado a área onde está prevista a implantação da Premium II.
´Economicidade´
Entretanto, se para o governo do Estado e para o possível parceiro coreano a sociedade para construir a refinaria no Ceará está "selada", para a Petrobras, somente os estudos de economicidade - que vêm sendo realizados pela Estatal petrolífera para apontar a viabilidade econômica do empreendimento - é que irão definir quando e se o projeto será, de fato, instalado no Ceará.
A própria presidente da Petrobras, Graça Foster, já declarou que não inicia obra alguma, antes de conhecer o resultado dos estudos de economicidade do projeto. Em sua última visita a Fortaleza, há três meses, ela informou que esses resultados serão divulgados até o fim deste mês, nos próximos cinco dias. Ontem, a reportagem tentou contato com a Petrobras, mas não obteve atendimento nas ligações telefônicas, nem retorno do e-mail enviado até o fechamento dessa edição.
CARLOS EUGÊNIOREPÓRTER
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