Italiano relata como deixou a ´Bota´ e se fixou no litoral cearense, sempre movido pelo amor ao kitesurf
Nos últimos quatro anos, o Diário do Nordeste, através da página Esportes Radicais, acompanhou a saga de muitos cearenses que deixaram o Estado para percorrer o mundo. Neste domingo, inverteremos a ordem dos fatores para mostrar um exemplo de história que está se tornando comum nas praias locais, a de uma família que trocou a Europa pela vida à beira mar. Tudo motivado pelo kitesurf.
Roberto Matachione chegou ao Ceará em meados de 2010 e nem pensa mais em tirar essa terra de sua vida: "No Cumbuco, todo mundo se ajuda" fotos: George Noronha
Nossa história começa em meados do ano de 2010, com a chegada do italiano, natural de Nápoles, Roberto Matachione e sua família ao Ceará. Na bagagem, além do plano de conhecer as principais praias da costa cearense, muitas pranchas e pipas de kite. De leste a oeste, a família conheceu e se encantou com as belezas naturais. Contudo, foi o clima de vila de pescadores que fez com que os Matachione elegessem o Cumbuco para perpetuar a história dessa tradicional família napolitana.
Apesar de boas referências sobre a praia localizada a 30Km de Fortaleza, Roberto não esperava ser seduzido pelo irresistível estilo de vida criado pelos fortes ventos que sempre trouxeram o sustento para os nativos, seja com as jangadas ou com as pipas.
Rota natural
O encantamento do italiano não é novidade. Desde 1970 os estrangeiros já haviam descoberto os ventos e a atmosfera característica da costa do Ceará, principalmente de Jericoacoara e Canoa-Quebrada.
Mas, ao contrário dos hippies que chegaram ao Estado no passado, atualmente, o oásis de tranquilidade que as vilas e pequenas cidades praianas passaram a ser, em meio ao caos do mundo moderno, estão convencendo os novos imigrantes a procurar essas regiões de praia para se fixar.
Vida nova
Foi justamente este estilo de vida onde o kitesurf está inserido que Roberto Matachione descreve como primordial.
"Eu fiquei completamente seduzido por tudo aquilo que eu estava vivendo. O sol no rosto, os passeios de buggy, o clima tropical, os ventos que sopram praticamente o ano inteiro e, principalmente, a receptividade e solidariedade entre as pessoas são as principais virtude desse lugar", avalia o napolitano.
Roberto, abandonou a tradicional linhagem de farmacêuticos na Itália e faz juras de amor ao Ceará. "No Cumbuco, todo mundo se ajuda, todo mundo é amigo. Quando tive de voltar para a Itália, não parava de pensar nessa terra. Por isso estou aqui".
Saiba Mais
Temporada de eventos
Muitos atletas eespecialistas
apontam julho como o mês de
abertura da temporada de Kitesurf.
Apesar de nunca pararempor
completo, os ventos já começam a
soprar com mais intensidade e
constância, anunciando mais um
cenário excelente para 2013
Alta no Turismo
A partir de agosto,o turismo de
aventura é alavancado pelos
praticantes do kitesurf. A
expectativa de quem vive o esporte
no Ceará é que os meses de vento
tragam turistas de todo o planeta
Cobertura
Durante toda a Temporada de
kitesurf 2013,o Diário do Nordeste
irá percorrer os principais pontos do
Estado em busca de histórias de
pessoas que tiveram suas vidas
George Noronha
Especial para o Jogada
Da vida corrida à tranquilidade
A chegada da família Matachione ao Ceará é apenas o começo da história. Poucos meses depois de os italianos terem conhecido a praia do Cumbuco, Roberto e o irmão Emanuele já estavam morando na "terrinha", projetando aquele que seria o mais novo empreendimento da família europeia na capital cearense: a Pousada Point Break.
No Cumbuco, o italiano encontrou um ambiente familiar, onde o kitesurf domina. Isso seduziu Roberto, que já fixou moradia no litoral oeste cearense
A vida dos irmãos mudou totalmente. Segundo ele, em Nápoles, na Itália, a rotina era muito estressante, como em toda grande metrópole. Trânsito, buzinas, engarrafamentos, corre-corre etc. Exatamente o oposto do que acontece na bucólica vila de pescadores cearense. A troca brusca agradou muito.
"Aqui, todos vivem segundo as mesmas regras de respeito que regem o kitesurf. A ética do mar passa para a terra e cria um ambiente de segurança e cooperação. Ninguém se sente melhor do que ninguém. Todos vivem e convivem de uma maneira muito parecida. É como viver em uma tribo onde todos se sentem iguais uns aos outros", afirma Emanuele Matachione, irmão e sócio de Roberto no empreendimento comercial, que completa dizendo nunca ter conhecido no mundo um lugar assim.
Logo que a pousada ficou pronta, o primeiro a vir de NápolEs foi o simpático senhor Nazário, pai dos irmãos Matachione. Depois foi a vez da ´mama´ dos meninos, a professora universitária aposentada e amante de música clássica, Lilli.
E, aos poucos, toda a família e também os amigos começaram a vir para o Brasil, conhecer o tão falado paraíso que todos os napolitanos tanto comentam.
Para Giuseppe, o Tio Pepe, a experiência de aprender a praticar um esporte radical em uma fase madura da vida é, com certeza, revigorante. Um tipo de renascimento para a vida.
Experiência inédita
Já para Maurizio e sua filha Nives, aprender a velejar tem sido uma experiência inédita, pois a napolitana de apenas 17 anos não se recorda de ter aprendido e praticado junto com o pai nenhum outro tipo de esporte. O aprendizado estreitou os laços.
Além da família, os amigos italianos têm comparecido com frequência ao Ceará, principalmente durante o inverno europeu, quando a maior parte dos habitantes do Velho Continente daria tudo por alguns dias de muito Sol, calor e vento.
dn
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