Na favela do Caranguejo, os cerca de 260 moradores de três meses atrás são, hoje, apenas três pequenas famílias. Quem não teve condições de deixar as moradias, sofre com a precariedade dos barracos diante das fortes chuvas
A precipitação de 270 milímetros que atingiu o município de Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza, registrado entre às 7h do domingo (12) e às 7h de ontem, causou diversos estragos. Enquanto a região central sofreu com pontos de alagamentos e dificuldades no trânsito, moradores das áreas periféricas e de locais com condições de grande pobreza, se viram envoltos em prejuízos materiais.
O acúmulo de água escondendo um grande buraco no asfalto foi um dos problemas vistos logo na entrada da cidade, na rotatória que divide Caucaia de Fortaleza. Quem trafegou por lá, ontem, teve que reduzir para passar apenas por uma das faixas para não cair na depressão da pista. Uma placa alertava os motoristas para o perigo.
Já no Centro, o anfiteatro estava, ainda no fim da tarde, com o piso cheio de água, motivo de preocupação da cozinheira Daniele Souza, 30, mãe de seis filhos que costumam brincar no local. Ela explica que o equipamento tem estrutura para escoamento da água, mas que usuários de drogas às vezes fecham a passagem. "Me preocupo, porque acaba sendo um foco de dengue", ressalta.
Distante dali, na região do Parque Potira II, ruas não pavimentadas também se transformaram em grandes poças de lama e sujeira, dificultando o acesso de carros e pedestres, a exemplo do trecho não asfaltado da Rua Heribaldo Rodrigues. Situação ainda pior era encontrada na Rua Catumbi, cheia de buracos e acúmulo de água, onde o comerciante Francisco de Freitas, residente do logradouro, afirma ser comum a água entrar em casa. "Aqui, fica completamente inundado e sem rede de esgoto é ainda pior".
Áreas de risco
E se a maior precipitação do ano no Estado trouxe transtornos a locais dotados de melhor estrutura, para quem vive em condições sub-humanas a situação é impensável. Na favela do Caranguejo, uma área invadida às margens da BR-222, os cerca de 260 moradores de três meses atrás são, hoje, apenas três pequenas famílias. Muitos saíram do local desde o início das chuvas e os que não têm condições de deixar as moradias sofrem com a precariedade dos barracos diante das precipitações.
É o caso da costureira Francisca Ramos, 35, que afirma ter perdido o pouco que tinha com as chuvas. Para se prevenir, teve que elevar seu pequeno casebre, onde mora com os três filhos. "Já acordei com água na cintura, perdi roupas, panelas, o que escapou foi o sofá", disse. Ela diz que entrou em contato mais de dez vezes com a Defesa Civil do Município, mas não teve retorno.
O órgão, por sua vez, afirma que o local foi um dos visitados, na manhã de ontem, para avaliação dos danos das chuvas. "Atuamos incorporando ações que abrange a prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação em áreas suscetíveis e/ou vulneráveis aos desastres causas pelas chuvas ou a outros fenômenos", disse o coordenador do órgão, Raimundo Nonato de Oliveira Junior.
Renato Bezerra
Repórter
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dn
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