terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Defesa Civil aponta 328 áreas de riscos

Primeiro mês da quadra chuvosa provoca alagamentos e bloqueio de estradas em localidades cearenses

Fortaleza. A Coordenadoria de Defesa Civil do Estado aponta 328 áreas de risco no Ceará. A situação preocupa porque a maioria dos Municípios não conta com estrutura para uma resposta imediata, em situação de emergência. De domingo para ontem, a Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme) registrou chuvas em 98 Municípios.

Embora no papel todas as cidades cearenses contem com Coordenadorias Municipais de Defesa Civil, na prática, funcionam precariamente na sua maioria. Além de não dispor de quadros especializados, não possuem sequer carros com tração para deslocar equipes até locais com possíveis registros de desastres ou "eventos adversos".

O coordenador estadual de Defesa Civil, o coronel do Corpo de Bombeiros Militar do Ceará, Hélcio Queiroz, reconhece que essa vulnerabilidade é um problema sério numa primeira resposta que se deva dar em casos de alagamento, inundações, desalojamento e desabrigo de populações. Ele informou que tanto preocupam áreas ribeirinhas, onde a ocupação demográfica invadiu faixas de primeira categoria, como encostas de morro.

Sistema de barragem

Ainda ontem, equipes da Defesa Civil do Estado se deslocaram para Beberibe, a fim de verificar os danos causados pelas chuvas caídas de sábado para domingo que somaram 180mm. Algumas estradas vicinais em Boqueirão do Cesário ficaram bloqueadas para o tráfego. Por ser uma região pouco habitada, não houve registro de danos materiais e muito menos de riscos à vida humana.

Na região do Cariri, apesar de ter chovido em várias cidades, de acordo com dados da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), o Município que registrou maior quantidade de chuva foi Caririaçu, com 122 milímetros. A forte chuva fez com que várias barragens de pequenos açudes na zona rural sangrassem. Entretanto, não houve registro de ocorrências graves ou danos ocasionado pelas águas. Na cidade, apenas a cobertura de telefonia móvel foi prejudicada pelos ventos. "Nossa atenção maior é com relação ao sistema das barragens que não são monitoradas pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh).

Já nas encostas de serra, especialmente no Maciço do Baturité, onde houve um acentuado processo de desmatamento, o coronel Hélcio adverte para possíveis casos de deslizamento. "Não podemos descartar que fenômenos que resultaram em tragédias nas serras cariocas possam também acontecer aqui", afirmou o militar. Ele disse que o processo de degradação ambiental e impermeabilização do solo, pelo uso do asfalto, aumentam as possibilidades de riscos.

Das 328 áreas de riscos identificadas no Ceará, 86 se localizam em Fortaleza, onde há uma maior concentração populacional. No entanto, a coordenação estadual ressalta que há uma Defesa Civil Municipal bem organizada, a exemplo do que acontece em Sobral e parte da Região Metropolitana da Capital, como Caucaia e Maracanaú. Enquanto isso, afirma que um estoque de equipamentos destinados para situações de emergência, como lonas, sacos plásticos, cestas básicas e filtros, fica estocado no posto do Corpo de Bombeiros instalado no Conjunto José Walter, em Fortaleza. A quantidade de itens leva em consideração a demanda que fez uso em períodos de chuva mais intensa, ocorridas em 2004 e 2009.

Segundo a Funceme, a previsão é que haja mais chuvas fortes no Centro Norte e no Cariri nas próximas 48 horas. O meteorologista José Maria Brabo explicou que a ocorrência de chuva de 180mm em Beberibe faz parte do prognóstico da Fundação para este início de estação.

Quantificação

"A Funceme ou qualquer outro centro de meteorologia têm como prever a quantidade de chuva por uma região. No entanto, não obstante trabalhamos com modelos quantitativos", disse José Maria. Ele lembrou que houve um avanço considerável no trabalho da meteorologia com a instalação do radar meteorológico em Quixeramobim, no Sertão Central, onde é possível avaliar com mais precisão a intensidade de chuva sobre uma determinada região do Estado e, sobretudo, os possíveis deslocamentos para outras áreas.

Manejo

Com isso, salienta José Maria, facilita o trabalho da Defesa Civil em tomar ações preventivas, bem como são favoráveis para o manejo de comportas das barragens, conforme a quantidade das precipitações.

"As chuvas que caem correspondem ao primeiro mês da quadra e se incluem no âmbito da previsão de uma quadra dentro ou abaixo da média (a média histórica no Ceará de fevereiro a maio é de 750mm a 800mm)", disse. O período chuvoso é explicado pelo fenômeno da entrada no sistema de convergência intertropical, que prepondera na Região Nordeste.

Para se avaliar a quadra, faz-se uso de estudos de modelos da atmosfera e imagens de satélites e radar. No caso do radar em Quixeramobim, possui uma abrangência não apenas para todo o Ceará, como cobre parte de Estados vizinhos.

Mais informações:
Funceme, Avenida Rui Barbosa, 1246, Fortaleza, (85) 3101.1147
http://www.funceme.org.br/
Defesa Civil do Estado
Fones: 199 - Ciops 193

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