segunda-feira, 21 de maio de 2012

Crateús ganha Escola de Sanfona

Jovens da região dos Inhamuns terão a oportunidade de aprenderem a tocar sanfona gratuitamente
Crateús. Neste Município, localizado na Região dos Inhamuns, foi oficialmente inaugurada uma escola para formação de sanfoneiros. Batizada de Escola de Sanfona Sebastião Pedro, o projeto é uma iniciativa da Prefeitura Municipal de Crateús em parceria com o Banco do Nordeste. O objetivo é oferecer aulas teóricas e práticas de maneira totalmente gratuita. Com a abertura da Escola, a cidade almeja se tornar referência no Nordeste como celeiro de sanfoneiros e na busca de novos talentos.

Fruto e legado do I Encontro Nacional da Sanfona, que aconteceu em 2011 por ocasião das comemorações dos 100 anos de Crateús, a Escola de Sanfona vai formar crianças, jovens e adultos que desejam aprender um dos instrumentos mais tocados em todo o mundo.

Aulas
A Escola de Sanfona terá regência e aulas ministradas pelo experiente sanfoneiro Bento Raimundo. "Aprendi a tocar com meu pai e hoje fico muito feliz em ter a oportunidade de repassar meu conhecimento a essa garotada que vejo fascinada pelo instrumento", declara o sanfoneiro.

As aulas acontecem duas vezes por semana, às terças e quintas-feiras, no Teatro Rosa Morais, e a turma inicial é composta por 14 alunos.

De acordo com o secretário de cultura do Município, Aldo Costa, as vagas para o curso foram preenchidas rapidamente e já há pessoas na fila de espera para a criação de novas turmas. "Inicialmente, adquirimos sete sanfonas, mas de acordo com a procura pretendemos comprar outros instrumentos", explicou o secretário Costa.

A Escola de Sanfona de Crateús leva o nome do senhor Sebastião Alves de Lima. Alegre e irreverente, Sebastião toca sanfona desde os 12 anos de idade, e por suas mãos e ensinamentos já passaram vários sanfoneiros da região. "Não toco mais porque abusei de tanto tocar", diz em tom jocoso o sanfoneiro que já toca o instrumento há mais de 70 anos.

"Somos o primeiro Município do Estado do Ceará a abrir gratuitamente uma escola para o ensino da sanfona.

Apesar de ser um instrumento bastante popular, a maioria dos sanfoneiros são autodidatas. Veio daí a necessidade de oferecer as condições necessárias para aquelas pessoas que sentem o desejo de aprender a tocar o instrumento, mas esbarravam no alto preço das aulas", destaca o prefeito de Crateús, Carlos Felipe.

Diversos nomes
Concertina, harmônica, cordeona, acordeom, pé-de-bode, gaita, fole. Tantos nomes, e outros mais, para designar um único instrumento: a sanfona. É um objeto que representa a expressão de uma cultura que remete ao Nordeste e, principalmente, a Luiz Gonzaga. Ele, o Rei do Baião, permanece intocável no posto de maior propagador do instrumento no País.

Com uma trajetória de mais de três mil anos percorrendo oceanos e mares europeus, até chegar a solo brasileiro, a sanfona invadiu terras gaúchas, penetrou no Pantanal, deu o ar de sua graça em São Paulo e se estabeleceu na caatinga nordestina como ícone de sua cultura.

No entanto, ao contrário do que ficou estigmatizado, a sanfona vai muito além do ritmo do forró. Eclético e arrojado, o som do instrumento está presente também em orquestras sinfônicas e no trabalho de inúmeros músicos de fama internacional. O bom é saber que um instrumento da cultura nordestina é reconhecido mundialmente.

Mais informações:
Secretaria de Cultura Município de Crateús
Rua Francisco Sá, 222, Sertão dos Inhamuns
Telefone: (88) 3691.0249

CARLOS RENÊCOLABORADOR

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