terça-feira, 14 de julho de 2015

MPF e MPCE recebem denúncia sobre loteamento de dunas de Caucaia

O Instituto do Meio Ambiente de Caucaia (Imac) confirmou que as dunas que estão sendo “loteadas” no Icaraí são de proteção ambiental e afirmou que a denúncia foi encaminhada ao Ministério Público Federal (MPF) e ao Ministério Público do Ceará (MPCE). Apesar disso, nenhuma investigação foi aberta, até agora, para apurar o crime. Ontem, enquanto o MPF analisava se competiam ao órgão as investigações, o MPCE alegou não ter sido notificado. Por enquanto, para coibir a ocupação ilegal, fiscalizações na região serão reforçadas pelo Imac com a Polícia.


Invasões nas dunas de Caucaia são “um negócio que já vem de muito tempo”, diz o chefe da célula de Fiscalização do Imac, Pádua Duarte. Ele informou que o instituto deve procurar o proprietário do terreno para esclarecimentos. Sem investigação, não se sabe quem está “loteando” as dunas. No entanto, moradores da região atribuem a invasão ao advogado Francisco Rodrigues Sobrinho.

Contatado pelo O POVO, ele afirma ser proprietário de aproximadamente 28 quadras do terreno, confirma que mantém vendas de lotes na região, mas garante que não está construindo nem demarcando a área. “Deixaram a entender que eu tô invadindo o que é meu”, disse. Ele não reconhece a área como sendo de proteção ambiental e afirma ser contra as invasões. “Eles invadem para construir favelas”, disse.

Desde 2011, por suspeita de participação em grilagem de terras em Caucaia, ele vem sendo investigado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-CE). O presidente do Tribunal de Ética e Disciplina da OAB, José Damasceno Sampaio, comunicou que o processo corre em segredo de Justiça e que, por isso, não pode fornecer detalhes. No entanto, assegurou que as recentes denúncias serão averiguadas. “Se houver envolvimento, ele será punido”, garantiu.

De acordo com o Imac, as dunas são protegidas pelo Município de Caucaia desde 1980. Entretanto, Sobrinho afirmou que o seu loteamento data de 10 de janeiro de 1979, e que o mesmo terreno onde foram construídos os condomínios em que moram os manifestantes foi vendido por ele em 21 de julho de 1982. (Luana Severo/ Colaborou Viviane Sobral)

Saiba mais

Moradores de condomínios próximos às dunas afirmam que homens estão “loteando” e cobrando cerca de R$ 15 mil por lote.
 
A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou que não chegou a ser preso o homem detido na tarde do último domingo, 12, após ameaça a um dos condôminos que manifestavam repúdio ao loteamento ilegal. Em sua ficha policial, foi aberto um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) por porte ilegal de arma branca. Logo após, ele foi liberado.
 
Ainda conforme o Imac, apesar de ser possível que as dunas sejam de propriedade privada, nada pode ser construído na área desde que ela passou a ser protegida ambientalmente. 

o povo

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