O preço do litro da gasolina em Fortaleza voltou a
aumentar e desta vez o consumidor teve de absorver crescimento de até
15%, em apenas uma semana, ficando acima das altas praticadas pela
Petrobras nas refinarias. O POVO realizou pesquisa em vários bairros da
Capital e pôde encontrar variação entre R$ 4,25 e R$ 4,59 a quatro dias
do Carnaval.
O reajuste pegou muitos motoristas de surpresa, já que
até a semana passada era possível encontrar postos comercializando a
gasolina por valores que chegavam a R$ 3,99. Segundo o Sistema de
Levantamento de Preços da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis (ANP), o preço mínimo de R$ 3,939, até a última
sexta-feira, 23, era observado na Capital.
Bruno Iughetti, consultor econômico na área de Petróleo
e Gás, afirma que havia uma tendência de aumento pela variação de
insumos no mercado internacional, mas que o reajuste foi acima das
expectativas. "Não vejo razões de natureza técnica para uma alta nessa
expressão".
"A Petrobras anuncia aumentos que ficam longe de 10%,
15% que vemos ser praticados nos postos. A única razão plausível seria
de que os preços estavam represados até esse movimento de alta e os
postos aproveitaram o aumento da Petrobras para recompor seus preços
anteriores para manter um equilíbrio", afirma Iughetti.
Nos estabelecimentos visitados pelo O POVO foi comum
encontrar motoristas insatisfeitos e surpresos. Em alguns postos havia
descontos para quem abastecesse à vista ou por meio de aplicativos,
chegando a até R$ 4,62 pelo litro do combustível.
Felipe Lima, 28, é gerente do Posto Sete Carioca,
localizado na avenida Alberto Craveiro, 2.585, e diz que o problema que
faz aumentar os preços é o repasse de impostos, como o Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). "O problema é com a
distribuidora. Se eles passassem um preço razoável para nós, não
aumentaria tanto. A Petrobras anuncia um valor ao público, mas ele chega
para nós com os tributos, que são muito altos".
Outra possibilidade de alta é a aproximação do
Carnaval, período em que a procura por combustíveis aumenta. O consultor
Bruno Iughetti acredita que a atitude existe, mas tem pouco peso.
"Com o aumento de demanda, a tendência é sempre de
alta. O aumento que a Petrobras anuncia diz respeito às distribuidoras
que devem repassar isso aos revendedores, os postos. O que acontece é
que no Brasil existe liberdade de preços, não existe regulação para
congelar preços dos combustíveis, mas isso não enseja que se pratique
aumentos acima da expectativa para uma época como a atual", analisa.
A possibilidade de abastecer com valor mais em conta
foi possível para quem escolheu o Posto Multi, na Serrinha, de bandeira
branca, que estava praticando o preço do litro da gasolina a R$ 3,990 no
último dia 20, segundo a ANP. Ontem, estava a R$ 4,25. De acordo com a
gerente, "o menor preço de Fortaleza".
O que os motoristas dizem
Motorista de aplicativo que roda vários
quilômetros todos os dias, Alan revelou que se deslocou alguns
quilômetros do bairro Aldeota para abastecer seu veículo no bairro
Serrinha. O objetivo era encher o tanque com álcool que, na sua
concepção, está valendo mais à pena.
O militar reformado critica mais um aumento de preços.
Evaldo diz que o carro é um item indispensável no seu dia a dia, pois
utiliza para ir ao médico, fazer compras, entre outras atividades. Ele
ainda diz que a má gestão da Petrobras causa os problemas enfrentados
pelo consumidor.
SAMUEL PIMENTEL
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