Um projeto para a educação infantil está mudando a cara desta etapa em
escolas municipais de cinco cidades do Nordeste brasileiro: Campina
Grande (PB), Caucaia (CE), Feira de Santana (BA), Jaboatão dos
Guararapes (PE) e Teresina (PI). Com ênfase em formação de coordenadores
e material didático específico, o Paralapracá, desenvolvido pelo
Instituto C&A, propõe colocar 18 mil crianças de 125 instituições em
contato com diferentes linguagens: arte, literatura, música e o
brincar.
“A educação infantil tem uma identidade própria, e é
diferente do ensino fundamental. Ela deve apresentar tudo o que as
crianças precisam para se desenvolver e viver uma infância que promova
um processo de desenvolvimento integral”, afirma Mônica Sâmia,
coordenadora técnica do projeto e palestrante do 28º Simpósio da
Organização Mundial para Educação Pré-Escolar (Omep), que acontece até
sábado (21), na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), em
Campo Grande.
A partir de oficinas de formação de coordenadores, o
Paralapracá oferece ferramentas para que as equipes escolares
desenvolvam projetos para a educação infantil. As escolas recebem kits
com vídeos, cadernos de atividades, livros técnicos e de arte, com
imagens de referência, e CDs.
“A escola deve suprir a falta de repertório cultural que
muitas dessas crianças têm, mas também deve reconhecer quais são as
culturas nas quais elas crianças estão inseridas, que são muito
importantes para a formação da identidade”, aponta Mônica.
Assim, além dos clássicos, entram na sala de aula contos e
lendas do repertório local, literatura de cordel, músicas regionais,
contações de história, brincadeiras tradicionais e bonecos de pano. O
resultado, segundo professores e coordenadores, tem sido crianças mais
autônomas e mais felizes.
“Arte e música foram eixos que mais mobilizaram os
professores, porque eles não têm essa formação na faculdade. A criança
precisa de referências, precisa conhecer as possibilidades dos
materiais. Se elas são bem orientadas, produziam trabalhos muito ricos”,
destaca Mônica.
De acordo com a coordenadora técnica do projeto, as
redes municipais de Caucaia e Jaboatão dos Guararapes estão replicando a
ideia em escolas da rede que não são contempladas pelo Paralapracá.
“Tanto a formação de educadores, quanto os materiais didáticos de boa
qualidade são demandas igualmente importantes da educação infantil.
Avançamos nos dois aspectos, nos últimos quatro anos, mas ainda existe
um atraso muito grande”, opina Mônica.
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