O início das obras de terraplenagem da refinaria do Ceará está previsto para o segundo semestre de 2014
As refinarias de petróleo Premium I, no Maranhão, e Premium II, no Ceará, não deverão ser afetadas pelos cortes de R$ 800 milhões de investimentos da Petrobras, em 2014, anunciados no início da semana pela ministra do Planejamento, Orçamento e Gestão, Miriam Belchior. Informações de fonte interna da estatal, confirmadas ontem por parlamentares cearenses, apontam que a petrolífera pretende investir nas duas unidades US$ 700 milhões, o equivalente (a preço do dólar comercial de ontem, R$ 2,36) a R$ 1,652 bilhão.
O início das obras de cercamento do terreno onde deve ser construída a refinaria de petróleo Premium II está previsto para este mês FOTO: ALEX COSTA
Segundo o deputado federal Danilo Forte (PMDB-CE), parte desses recursos serão aplicados na supressão vegetal e terraplanagem do terreno onde está prevista a construção do empreendimento, na execução dos projetos de engenharia e na planta industrial. Conforme disse, tais obras estão previstas pera serem iniciadas apenas no segundo semestre de 2014, às vésperas das eleições presidenciais. O montante de recursos a ser aplicado em cada um dos empreendimentos não foi revelado.
Cerca e energia
Para este ano, estão previstos apenas o início das obras de cercamento dos 1.954 hectares do terreno - cedido pelo governo do Estado à Petrobras - e da construção de uma linha de transmissão de energia elétrica de 230 KV, partindo da subestação SE Pecém II, em São Gonçalo do Amarante, até a poligonal do empreendimento, no município de Caucaia. Com capacidade de 1.200 MVA, a SE Pecém II ainda encontra-se em fase construção pela Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf).
A nova linha terá cerca de cinco quilômetros de extensão e deverá carregar 200 MVA (MegaWalt/Ampere) de energia elétrica. A licença prévia para construção da linha foi requerida pela Petrobras à Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), no último dia 21.
Avanços pontuais
Apesar de avanços pontuais, a concretização da Premium II ainda não está assegurada pela Petrobras. A presidente da estatal, Maria das Graças Foster, anunciou, em visita a Fortaleza, há cerca de quatro meses, que, em fins de julho, revelaria os estudos que "vêm" sendo realizados sobre a economicidade, a viabilidade econômica do negócio. Nada foi revelado até o momento.
De certo, há apenas a desistência da empresa sul-coreana GS Energy (GSE). Segundo o governo do Estado, Cid Gomes, a sul-coreana estaria disposta a participar com até 50% dos investimentos para implantação da refinaria no Ceará, mas desistiu por indefinição das obras.
Para Danilo Forte, o que vem inibindo o interesse de empresas estrangeiras no negócio é o fato da Petrobras não abrir para que participem também do sistema de distribuição do combustível, além do refino. "Na cadeia produtiva do petróleo, o refino é a parte menos lucrativa e a distribuição a mais rentável sob o ponto de vista econômico", explica o parlamentar cearense.
Para ele, "o Brasil precisa quebrar o monopólio de distribuição. Isso (o monopólio) é o que está gerando o déficit comercial da Petrobras, com relação à aquisição de combustíveis (no exterior). Prejuízos que se acumulam com a alta do dólar.
Sinopec
Fontes que pedem o anonimato contam que, encerradas as conversas com a GSE, as negociações da Petrobras relativas à Premium II se voltam, agora, para a empresa chinesa Sinopec, a mesma parceira na Premium I. Como sempre faz, a Petrobras nada revela sobre os investimentos de interesse dos cearenses.
CARLOS EUGÊNIO
REPÓRTER
Combustível: Estatal não comenta fala de Lobão
Rio A Petrobras informou ontem, via assessoria de imprensa que não vai comentar as declarações do ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, com previsões para o resultado anual da companhia e o aumento de combustíveis. O ministro disse a jornalistas, em evento no Rio, na terça, 3, que não se cogita reajuste da gasolina neste momento e que a Petrobras deve registrar lucro acima de R$ 20 bilhões neste ano. Indagado se estava se referindo a lucro ou faturamento da empresa, ele sorriu e respondeu: "Espero que seja lucro".
Os comentários geraram desconforto para dois acionistas minoritários que entraram, neste ano, com processos paralelos na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) pelo que consideram ser falhas de gestão da companhia. Eles dizem que Lobão, na condição de representante do governo (acionista majoritário), viola leis de mercado ao antecipar previsões de resultado da Petrobras, que podem inclusive não se confirmar.
Também contestam o fato de Lobão admitir abertamente influência do governo na decisão de reajuste de preços. Legalmente, o aumento é decisão da diretoria da petroleira. Os acionistas preferem não se identificar antes de estudar se cabe entrar com novas medidas legais por interferência governamental e violação de leis de mercado. A CVM também preferiu não se posicionar sobre a fala do ministro.
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