A água viria do açude Sítios Novos e percorria
160 km de estrada. Atualmente, a terra das romarias de São Francisco é
abastecida por adutora vinda de General Sampaio.
Canindé já não tem de onde tirar água. No próprio território, as
reservas morreram. Da parede do açude São Mateus, construído pelo
Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) em 1957, de onde
deveria se avistar um espelho d’água, o que há é mato seco. Fica ao lado
da colina onde está a imagem gigante de São Francisco. Cheio, teria
10,3 milhões de m³ de água. A última chuva nele, insignificante, foi na
primeira quinzena de abril. O porão do açude, que é o que também se
chama de fundo do poço, virou um grande poeiral.
No
monitoramento feito pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos
(Cogerh), o São Mateus é um dos que apresentam volume zero no Ceará. Os
outros dois reservatórios da sede do município, o Souza (capacidade de
30 milhões de m³, com 0,06% atualmente) e o Salão (recebe até 6 milhões
de m³, hoje tem 0,99%), estão em situação idêntica. Há seis meses, a
escala do racionamento de água nos bairros é de dois dias de
fornecimento e cinco dias de torneiras vazias. Canindé tem 77 mil
habitantes e chega a ter 2 milhões de visitantes em outubro, época de
romaria.
“Hoje já se especula buscar água em Caucaia, tamanha é
a situação de desabastecimento por aqui”, admite o secretário da
Agricultura de Canindé, Airton Maciel. A água vinda de Caucaia seria
colhida do açude Sítios Novos, hoje com 3,8% da capacidade (4,7 milhões
de m³), “mas Caucaia também não quer ceder, eles também estão
precisando”, explica o secretário, provavelmente por pipas, por 160 km
de estrada. A proposta ainda é muito incipiente.
Sem água
Para
a sede canindeense, o fornecimento atual para consumo humano é
garantido, desde dezembro do ano passado, pelo açude General Sampaio.
Por enquanto. A água é transferida por uma adutora de 30 km, mas o
reservatório, que tem o mesmo nome da cidade vizinha, está
sobrecarregado. Além de General Sampaio (7 mil) e Canindé (77 mil),
também está salvando as populações de Apuiarés (14 mil) e Caridade (21
mil). Dos 322 milhões de m³ de capacidade, está com somente 3,8% de
volume. E a tendência é o cenário piorar. “Estão dizendo na Cogerh que a
água lá só dá até dezembro”, informa Airton Maciel.
Na
Operação Pipa, que abastece as zonas rurais de Canindé, há 28 caminhões
tanques distribuindo até 2.400 carradas de água por mês para 10
distritos. A água é retirada de três reservatórios, muito pequenos, da
região, segundo o secretário: os açudes São Luís, “já quase seco”; o
Cabral, “com menos de 30%, dá para mais algum tempo”; e o Groaíras, “com
35%”.
Maciel diz que é cogitado até buscar água em barragens
ainda menores existentes nos serrotes de Canindé, mas o acesso para os
caminhões é difícil. Segundo ele, já há escolas da sede e de alguns
distritos com funcionamento comprometido por causa dos pipas. “Olhe, se
não chover em 2016, por Canindé viver do comércio e do turismo
religioso, será um caos em todos os sentidos”, projeta o secretário
municipal da Agricultura. (Cláudio Ribeiro e Demitri Túlio)
NÚMEROS
5
dias da semana não há fornecimento de água para bairros de Canindé, desde dezembro de 2014
28
carros-pipa abastecem a zona rural de Canindé
carros-pipa abastecem a zona rural de Canindé
2.400
viagens por mês estão sendo feitas pelos carros-pipa na região de Canindé
viagens por mês estão sendo feitas pelos carros-pipa na região de Canindé
o povo
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