quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Pesquisa feita por entidade filantrópica expõe as dificuldades sociais da comunidade Jandaiguaba, em Caucaia

Fortaleza Das 130 pessoas entrevistadas na Comunidade de Jandaiguaba, em Caucaia, 61,25% não concluíram sequer o Ensino Fundamental. A comunidade não tem nenhum morador com nível superior. Entre as famílias, o leque de problemas sociais se amplia ainda com a falta de lazer e acesso para a mobilidade humana.

Esses dados constam da pesquisa socioeconômica realizada pela Unidade Beneficente Coração de Maria. A atividade foi desenvolvida por voluntários, tendo como objetivo fazer um diagnóstico das reais necessidades dos moradores, a maioria da etnia Tapeba, no sentido de prestar assistência de acordo com as demandas prioritárias.

A coordenadora da pesquisa, Caroline Jales, diz que a necessidade de se fazer o trabalho se deu exatamente pela diversidade de problemas vividos em Jandaiguaba. Como a entidade tem o propósito de desenvolver ações assistenciais àquela população, foi preciso fazer um elenco das principais dificuldades sócios econômicas.

Novos filtros
"Quando a nossa entidade se instalou no distrito, logo constatamos que os moradores não bebiam água potável. Daí fizemos uma mobilização para adquirir filtros e assim doamos 80 unidades", lembrou Caroline.

A pesquisa aconteceu entre os meses de agosto e novembro do ano passado. Mas somente este mês foi possível fazer uma tabulação dos dados. Desse modo, alguns problemas apontados como situações de precariedade foram resolvidas ao longo de um ano. Esse é o caso dos acessos ao lugar. A Prefeitura de Caucaia está realizando obras de calçamento de ruas na zona rural. A comunidade de Jandaiguaba está sendo beneficiada.

Com a Operação Só o Mi, desenvolvida pela administração municipal de Caucaia nas áreas urbana e rural, boa parte das vias da região, que antes se constituíam de estrada carroçal, atualmente conta com pavimentação. Na época da aplicação dos questionários, 63,11% da população apontavam a necessidade de pavimentação como item vital para a melhoria da qualidade da infraestrutura. Não obstante ter sido essa uma dificuldade parcialmente superada, outras persistem e têm solução mais complexa. As principais situam-se na área educacional. O índice de analfabetismo atinge um quinto das famílias entrevistadas. No aspecto social, Caroline aponta a falta de lazer como uma questão de primeira ordem. A escola indígena, que oferece uma educação diferenciada para crianças e adolescentes do lugar, funciona numa antiga casa residencial, onde não há espaço para o entretenimento no intervalo entre as aulas das crianças.

A ausência de um lugar para os exercícios lúdico e esportivo é extensiva a toda a comunidade. Tanto assim, que lideranças indígenas vêm pleiteando junto à Prefeitura de Caucaia a retomada de um terreno, que hoje é ocupado por posseiros.

Direito legal
Segundo a líder comunitária, Isabel Francisca de Oliveira, há promessas de que esse terreno seja retomado pelos Tapeba, mas pede para que haja urgência, uma vez que não está sendo garantida o direito constitucional ao lazer no local.

"Tenho esperança que essa pesquisa seja positiva especialmente no sentido de que os problemas verificados sejam transformados em respostas", disse Isabel Francisca.

Ela reconhece que o trabalho da Unidade Beneficente Coração de Maria já é importante pela acolhida que dá às crianças e nos eventos voltados para a assistência. Um desses é o Dia do Bem, que teve repercussão nas redes sociais, no sentido de obter uma maior mobilização de doações externas.

Outros dados observados na pesquisa também chamam a atenção para as deficiências econômicas. Dos entrevistados, 64,52% responderam que exerciam atividades temporárias, sem carteira assinada. Enquanto isso, apenas 35,48% possuíam carteiras assinadas.

Mesmo prevalecendo os meios produtivos informais, 19,42% se enquadram no trabalho infantil. Ou seja, meninas e meninas com idade inferior a 14 anos de idade que ajudam com uma renda auxiliar no sustento de suas famílias.

Caroline disse que os questionários foram formulados pelos voluntários da entidade e a demora maior consistiu na tabulação. Ela lembrou que os resultados apresentados deverão ser comparados com novas entrevistas, que aconteceram regularmente e cada vez com critérios mais técnicos.

"Essa é uma pesquisa que nos norteia e nos inspira para que nosso trabalho seja o mais pertinente com as necessidades locais. Além disso, também serve como parâmetro para que as próximas pesquisas não sejam apenas comparativas sobre o que avançou, mas como poderemos melhorar a coleta dos dados", disse Caroline.

MAIS INFORMAÇÕES

Unidade Beneficente Coração de Maria, Rua Cleyce N. Costa, S/N
Jandaiguaba - Capuan, Caucaia
Telefone: (85) 8849.7994

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