segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Caucaia: CE 090 é a estrada mais mortal do Ceará

Para a PRE, responsável pelas rodovias estaduais, o fluxo intenso, associado à falha humana, contribui para os acidentes fatais. Alta velocidade, ultrapassagem indevida e dirigir sob efeito de álcool aumentam os riscos. O POVO aponta hoje as dez CEs mais perigosas do Estado
Manhã de segunda-feira, 23 de maio de 2011. Uma Kombi levava 12 trabalhadores para um canteiro de obras no Cumbuco. No meio do caminho, o trajeto foi interrompido. Uma colisão com um caminhão, no quilômetro 12 da CE 090, deixou mortos o motorista da Kombi e mais cinco trabalhadores. Os outros ficaram feridos. “Os carros andam muito velozes. Num susto, não dá nem para conseguir desviar”, conta Luiz Costa Silva, 63, que há 17 anos mora próximo ao local do acidente.

Duas casas depois, Luiz aponta a representação de um pequeno túmulo com uma cruz, à beira da estrada. “Esse aí foi um rapaz atropelado. Já faz um tempo”, diz. A CE 090, em Caucaia, que dá acesso a Icaraí e Cumbuco, é a estrada mais mortal do Ceará.

Dados da Polícia Rodoviária Estadual (PRE) de 2011 mostram que, em números absolutos, a CE 060, que passa por Redenção e vai até o Cariri, é a que apresenta o maior número de acidentes fatais: 49. Todavia, em números proporcionais (de acordo com a extensão da estrada), é a CE 090 a que mais mata. A cada 2,78 km, uma morte é registrada na rodovia. Foram sete em 19,5 quilômetros. A 060 ocupa o sexto lugar, com um acidente fatal a cada 11,9 km, já que a via tem 583,1 quilômetros. Quem segue a CE 090 é a 040, que é rota de acesso às praias do litoral leste do Estado. Em 139,1 km, foram 28 acidentes fatais - uma morte a cada 4,96 quilômetros.

Em números absolutos, a CE 085 fica em segundo lugar no ranking de mortes. Foram 37 acidentes fatais distribuídos em 394,8 km. A cada 10,6 km, uma morte. Proporcionalmente, a via está em quinto lugar em mortalidade. Ao percorrê-la, é possível encontrar várias referências a vidas que se perderam no asfalto. Em um dos pontos, duas cruzes juntas chamam atenção de quem passa. O comerciante Paulo Roberto Lima, 31, conta que um motociclista e o passageiro se acidentaram após ultrapassagem indevida de uma caminhonete. Foi em 27 de outubro de 2011. “As pessoas andam muito velozes aqui. A estrada é estreita e, com muito carro, complica.”

Para o tenente-coronel Túlio Studart, comandante da PRE, órgão responsável pelas vias estaduais, o principal motivo é a associação entre o grande fluxo de veículos e a falha humana. “Todas essas vias que lideram têm um fluxo alto de veículos”, explicou. Por dia, circulam, em média, 50 mil veículos pela CE 090 e outros 90 mil pela CE 040. Na CE 060, são 40 mil; na 085, 55 mil.

Nos fins de semana e feriados, o fluxo aumenta nas vias que dão acesso às cidades litorâneas e às serras. Analisando os casos, Túlio Studart verifica que a maioria dos condutores, antes do acidente, cometeu infração de trânsito, como excesso de velocidade e ultrapassagens em local proibido. Ou estava sob efeito de álcool ou outras drogas. O comandante da PRE aponta ainda a imprudência do motociclista.

Em junho último, O POVO mostrou que foram eles que mais morreram nas vias do Ceará. Em dez anos, aumentou em 194,9% o número de motociclistas mortos no trânsito. “Muitos não têm habilitação. E, principalmente no Interior, é comum não usar capacete.” Para tentar coibir os acidentes mortais, o tenente-coronel fala em fiscalização, mas também que é preciso conscientizar. “São 12 mil quilômetros de rodovias estaduais. É humanamente impossível chegar em todas elas”.

No Interior, segundo a PRE, são cerca de 22 blitze por dia, em parceria com o Departamento Estadual de Trânsito (Detran-CE). Na Capital e Região Metropolitana são 10 blitze, sempre em horários alternados. O foco é no retorno das praias e das festas. Além disso, há 23 postos fixos da PRE nas rodovias e presença de fiscalização eletrônica.

Por meio da assessoria de imprensa, o Detran-CE informou que instalou 360 equipamentos, além dos radares móveis, ao longo dos quase seis mil quilômetros de rodovias estaduais pavimentadas. “Caso não existissem, o número de acidentes seria muito maior”, registra a nota.

ENTENDA A NOTÍCIA

Durante o ano de 2011, 379 pessoas morreram em CEs. Foram registrados 325 acidentes fatais. O POVO aponta hoje quais as estradas mais mortais do Estado. Mostra o que tem sido feito pelo poder público para evitar acidentes fatais e o que os motoristas podem fazer para reduzir o risco de mortes

Dirija com segurança nas estradas

Realize, com frequência, a revisão do veículo e cheque os equipamentos obrigatórios, como estepe e extintor de incêndio.
 
Todos devem usar cinto de segurança no carro.
 
Prefira dirigir durante o dia.
 
Observe o limite de velocidade e os locais em que a ultrapassagem é permitida.
 
Bebida alcoólica e direção não combinam. Portanto, se for dirigir, não beba.
 
Só conduza motocicleta com os equipamentos de segurança e se tiver Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
 
Como agir em acidentes?
 
Sem vítimas
Mantenha a calma e entre em contato com os órgãos competentes.

No caso das rodovias estaduais, é a PRE. Ligue para 190 ou (85) 3433 7010/ (85) 8707 7024.
Se não for possível retirar o veículo - atitude exigida pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB) - sinalize o local.
 
Deixar o pisca-alerta ligado também é importante para evitar outro acidente.

Com vítimas
Repita os mesmos procedimentos do acidente sem vítimas. Mas, antes de chamar qualquer outro órgão, ligue para o Samu, no 192. 

Ninguém pode se omitir de prestar socorro às vítimas de acidente de trânsito.
 
Reclamações sobre estrutura das estradas: (85) 3101-5731 (Ouvidoria - DER)
 
Saiba mais
 
Estrutura
O POVO percorreu algumas estradas. Na CE 085, por exemplo, a população reclamou que a via é muito estreita para todo o fluxo que recebe.
De acordo com o diretor de engenharia rodoviária do Departamento Estadual de Rodovias (DER), a dimensão e a estrutura da estrada dependem do fluxo.
 
Ele afirmou que, por isso, a CE 085 vai passar por obra de duplicação.
 
Ele informou também que as vias estaduais têm contrato de manutenção permanente. O POVO solicitou as condições atuais de cada uma das estradas apontadas na matéria.
 
Em nota, por meio da assessoria de imprensa, o DER assinalou que “as rodovias estaduais estão em boas condições de trafegabilidade”.

Um comentário:

  1. Boa tarde poderia me tirar uma dúvida estou indo visitar flexeiras com carro de passeio, carro baixo, e gostaria de saber Qual melhor estrada para ir de Fortaleza para Flexeiras-CE pela BR que tá em duplicação ou pela CE qual está em melhores condições? desde já agradeço Laura

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