domingo, 2 de dezembro de 2012

São Gonçalo mostra avanço maior

Município foi o que mais avançou no Estado, saltando da 16ª posição para a vice-liderança, em apenas um ano
Quando soube que a equipe de reportagem do Diário do Nordeste queria entrevistá-lo, o senhor Jonas Girão, dono da pousada Céu e Mar, na praia do Pecém, correu para o interior do seu estabelecimento e trouxe, orgulhoso, uma página da edição do caderno de Negócios do dia 11 junho de 2008, na qual constava seu depoimento sobre o futuro da localidade. Na época, seu Jonas disse que, em função do complexo portuário, o Pecém era a "terra prometida".

O dono de pousada, Jonas Girão, a proprietária de um restaurante, Raimunda Martins de Brito, e o comerciante Clóvis Mota Gondim comemoram o momento de euforia econômica FOTO: VIVIANE PINHEIRO
Dois anos depois, em 2010, quando o porto passava por diversas obras de ampliação no seu entorno, o dono de pousada já sentia o impacto. "Em janeiro eu fechei um contrato bom com a Enesa Engenharia, que hospedava seus operários aqui comigo. Com esse dinheiro eu consegui reformar a pousada, fazendo mais 16 quartos, no espaço onde ficava a piscina", conta.

Esse crescimento na região é traduzido em números pelo IFDM. De 2009 para 2010, o Município de São Gonçalo do Amarante, onde está o Pecém, foi a único cearense a passar, neste período, para a classificação de alto desenvolvimento, subindo quatorze posições no ranking do Ceará. Antes, estava em 16º, com um índice geral calculado em 0,6789. No ano seguinte, passou a ser vice-líder, com 0,8055 (avanço de 18,7%). A primeira posição permanece com Eusébio, na Região Metropolitana.

Ao analisar cada aspecto separadamente, é fácil perceber que a geração de emprego e renda foi o quesito que mais impulsionou o desenvolvimento do município, registrando, entre os dois anos já citados, uma alta de 79,6% no índice, saindo de 0,4279, quase na linha de baixo desenvolvimento, para 0,7686, bem próximo da linha de alto desenvolvimento. Neste quesito, perde apenas para Fortaleza, com 0,8795.

Ao longo dos anos
Desde a década de 1980 no ramo de restaurantes, a dona Raimunda Martins de Brito viu de perto todos os momentos de euforia econômica vividos pela praia. "Antigamente aqui só vinha turista e gente jovem de Fortaleza. É tanto que tinha até um espaço para o pessoal dançar forró. Depois começou a mudar. Nos anos 90 começaram a vir os primeiros mergulhadores para estudar a viabilidade construção do porto. Aí as coisas melhoraram para a gente. Em seguida, quando o porto já estava pronto, ficou ainda melhor. E em 2010, quando vieram as obras de ampliação, melhorou ainda mais", lembra. Hoje, ela praticamente só atende aos funcionários das empresas que se instalaram no complexo. "Elas entram em contato com a gente e assinam um contrato por mês, dependendo da quantidade de trabalhadores", afirma a empresária, que, para não perder o controle, deixa, em cima do balcão, listas com os nomes dos operários, que assinam na hora de almoçar.

Até o comércio entra na carona do desenvolvimento. Em 2004, quando se mudou para o Pecém com sua esposa, o comerciante Clóvis Mota Gondim montou uma loja de roupas e joias. Há três meses, como resultado dos faturamentos que chegaram a dobrar nos últimos anos, Clóvis criou mais um estabelecimento, dessa vez somente para joias, na mesma rua.

"Aqui o negócio é o seguinte: o comércio fecha só lá pras 20h30, 21h, de segunda a sábado, porque é quando os trabalhadores do complexo portuário saem dos seus serviços e veem para cá. Lá no centro de São Gonçalo eles fecham mais cedo, por volta das 18 horas", conta Mirlene Silva de Brito Gondim, sua mulher. Ainda que os últimos resultados sejam positivos, São Gonçalo do Amarante ainda engatinha. Segundo estimativa da Federação das Indústrias do Ceará, quase 300 mil vagas de trabalho são previstas até 2014, para as dezenas de empresas que ainda irão se instalar.

Pesca perde espaço
O segmento de pescas, que foi por muitas décadas o principal motor da economia da cidade, hoje sofre para sobreviver, ofuscado pela "concorrência" desleal com o complexo portuário. Atualmente, pescadores locais reclamam de estarem sendo proibidos, pelas capitanias do porto, de pescar perto de lá, onde, segundo eles, há bastante peixe e camarão. A disputa acabou indo parar na Assembleia Legislativa, onde a deputada Bethrose busca uma saída para definir uma área de pesca livre. Apesar disso, há quem reconheça a importância do porto. "Aqui só não trabalha quem não quer", disse o pescador João Martins da Silva

dn

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