“Nem só de argumentos políticos se faz o discurso que defende a
refinaria no Ceará. Especialistas do mercado de petróleo entram com a
defesa técnica: a refinaria no Estado é ponto estratégico para facilitar
a logística e diminuir custos.
Tem mais. Segundo eles, o refino de alta qualidade da futura Premium
II vai não só atender ao mercado interno como irá gerar excedente
suficiente para a exportação. O Brasil deixaria então de importar diesel
e se equilibraria a balança comercial do setor.
O País tem 13 refinarias, das quais 11 são operadas pela Petrobras. O
número, de acordo com o consultor de petróleo e gás, Bruno Iughetti,
seria suficiente para atender à demanda interna de 2 milhões de barris
por dia, não fosse a extensão territorial do Brasil.
“Com a extensão continental do País, é muito grande o custo com a
logística de distribuição de combustíveis, principalmente para o
Nordeste”, afirma. Enquanto São Paulo tem 4 refinarias, todo o Norte e
Nordeste contam apenas com a refinaria da Bahia e outra pequena em
Manaus.
“Fortaleza até se utiliza dessas duas refinarias, mas ainda é preciso
vir um navio de outras regiões, especialmente do Sudeste. Há um
desequilíbrio que precisa ser corrigido”, diz o consultor.
É por isso que ele defende a refinaria Premium II. “Fortaleza é o
epicentro do Nordeste. Então, a refinaria do Ceará vai ter importância
estratégica. Vamos ter custo menor no transporte e logística mais
simples. Não precisaríamos nem das refinarias do Maranhão (Premium I)
nem da de Pernambuco”, explica.
O professor de engenharia química da Universidade Federal do Ceará
(UFC), Mardônio Lucena, engrossa o coro. “Para transportar combustível
do Sudeste até aqui, se gasta mais combustível. E acaba se pagando mais
por ele também. O Nordeste precisa dessa refinaria”, argumenta.
O consumo maior de gasolina no Brasil – pela falta de competitividade
do etanol – e o desequilíbrio na produção brasileira do mix de
derivados do petróleo ainda estimulam a importação de óleo diesel. A
Premium II, com excelência na fabricação de diesel e gasolina, poderia
suprir essa demanda crescente e evitar a importação.
“A refinaria do Ceará terá perfil de produtos de excelência. Vamos
deixar de importar diesel, vamos atender plenamente o mercado interno e
ainda exportar o excedente”, avalia Bruno Iughetti.”
(O POVO)
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