Em seu primeiro discurso no ABC Paulista após deixar a prisão, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva partiu para o ataque e mirou no presidente Jair Bolsonaro (PSL) e no ex-juiz e agora ministro Sergio Moro. Diante de milhares de militantes que estavam ontem em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo (SP), Lula subiu o tom e adotou postura mais agressiva em relação ao dia anterior, ao sair da carceragem da Polícia Federal, em Curitiba.
O ex-presidente disse que Bolsonaro deve sua eleição a Moro. "Eleição de Bolsonaro também se deve à campanha de fake news feita contra o (Fernando) Haddad", disse o petista durante o discurso. "Ele (Bolsonaro) foi eleito para governar para o povo brasileiro, e não para governar para os milicianos do Rio de Janeiro", completou.
Lula afirmou que precisava provar "que o juiz Moro não é juiz, mas um canalha, e que Dallagnol (Deltan) não era promotor", afirmando ainda que se preparou porque queria provar que dorme com a consciência mais tranquila do que seus "algozes".
Sobre o assunto:
"Duvido que Moro durma com a consciência tranquila que eu durmo (sic). Duvido que Bolsonaro durma com a consciência tranquila que eu durmo. Duvido que o ministro destruidor de empregos o [ministro da Economia, Paulo] Guedes durma com a consciência tranquila que eu durmo", afirmou do discurso.
"A única coisa que tenho certeza é de que estou com mais coragem de lutar do que antes. Quero construir um País com a mesma alegria que construímos quando governamos o Brasil", acrescentou.
Ao fim de seu pronunciamento em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos, Lula reforçou o pedido de apoio à militância e afirmou que pretende fazer um novo pronunciamento ao povo brasileiro dentro de 20 dias. "Não queria fazer esse pronunciamento hoje, pois qualquer palavra mais dura que eu dissesse, já iriam falar que é ódio, raiva", afirmou.
Em contrapartida, Jair Bolsonaro quebrou o silêncio da sexta-feira e falou ontem pela primeira vez sobre a saída de Lula da prisão. O presidente criticou o petista ao deixar o Palácio do Alvorada ontem para comparecer a um churrasco no setor militar de Brasília.
"Lula está solto, mas continua com todos os crimes dele nas costas", disse Bolsonaro. "A grande maioria do povo brasileiro é honesto e trabalhador, não vamos dar espaço e nem contemporizar para um presidiário", afirmou ainda.
Mais cedo, pelas redes sociais, Bolsonaro já havia atacado Lula, mas indiretamente, sem mencionar o nome do ex-presidente nem de nenhum adversário político. "Amantes da liberdade e do bem, somos a maioria. Não podemos cometer erros", disse no Twitter. "Sem um norte e um comando, mesmo a melhor tropa, se torna num (sic) bando que atira para todos os lados, inclusive nos amigos. Não dê munição ao canalha, que momentaneamente está livre, mas carregado de culpa", afirma.
Em um segundo tuíte, o presidente da República escreve: "Iniciamos a (sic) poucos meses a nova fase de recuperação do Brasil e não é um processo rápido, mas avançamos com fatos". E repete: "Não dê munição ao canalha, que momentaneamente está livre, mas carregado de culpa".
Nos dois posts, Bolsonaro evita qualquer menção direta a adversários políticos que ganharam liberdade após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de derrubar a prisão após a condenação em segunda instância. Porém, ao deixar o Alvorada, ele deixou claro de que as postagens eram sobre Lula. "Já fiz um comentário nas minhas mídias sociais hoje e vai ter outro à tarde", disse quando foi perguntado sobre a soltura do ex-presidente da República.
Sergio Moro, por sua vez, anunciou no Twitter que terá uma postura mais comedida em relação às declarações de Lula. "Aos que me pedem respostas a ofensas, esclareço: não respondo a criminosos, presos ou soltos. Algumas pessoas só merecem ser ignoradas", escreveu Moro, sem citar Lula. (com agências)
O POVO
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