quinta-feira, 21 de junho de 2012

Caucaia: Alternativas são insuficientes para a demanda

Seguranças da estação João Felipe, no Centro, tiveram dificuldade para conter passageiros aglomerados em trens
Com a greve dos motoristas e cobradores de ônibus, que começou na manhã de ontem, poucas são as alternativas oferecidas àqueles que dependem do transporte público para se deslocar diariamente. Entre as opções estão os trens, com apenas uma linha em funcionamento, o transporte alternativo que carrega cidadãos amontoados, o metrô, ainda em fase de teste ou mesmo ir a pé, apesar do medo da insegurança, como relataram os usuários de ônibus de Fortaleza.


Vagões que fazem a rota Centro-Caucaia não conseguiram atender à quantidade de pessoas FOTO: NATINHO RODRIGUES

Ontem, no Centro da Cidade, muitos trabalhadores encerraram o serviço antecipadamente, por volta de 16h30, e buscaram formas de voltar para casa. Ruas e paradas de ônibus da região ficaram vazias já no começo da noite. Aqueles que residem em Caucaia puderam optar pelo trem da Linha Oeste (Caucaia-Centro), que superlotou nos horários de pico.

De acordo com o Metrofor, no início do dia e às 17h, seguranças da estação João Felipe, no Centro, tiveram dificuldade para conter passageiros que se aglomeravam nas portas dos vagões. "Devido ao grande movimento de pessoas pela manhã, houve uma reunião com a diretoria da estação, e o gerente de controle de tráfego pediu para acionar o terceiro trem a partir das 16h30", explica Antônio Machado, Supervisor de Segurança da estação João Felipe.

Na volta do trabalho para casa, a diarista Maria Miranda, 50 anos, enfrentou o empurra-empurra para entrar no vagão. Segundo ela, apesar de 59% da frota de ônibus estar circulando, existe o medo que grevistas apedrejem e incendeiem os veículos. "Prefiro não arriscar. A gente nem trabalha direito pensando como vai conseguir voltar para casa", desabafa.

Movimentação

O Metrofor registrou, ainda, uma movimentação maior de passageiros na Linha Sul do metrô, que está em fase de teste. No Centro, aqueles que não utilizaram o trem, foram caminhando até a parada de ônibus do Shopping Benfica, na esperança de conseguir uma condução. "Os ônibus chegam aqui na Avenida Carapinima e fazem o retorno para voltar. Nenhum está entrando no Centro", explica o auxiliar Marcelo Santiago, 25 anos, que esperou a linha do Parangaba por mais de uma hora.

Três patrulhas, com um total de 12 policiais armados, estavam a postos na frente do Shopping. De acordo com o Major Alexandre Ávila, a operação era de prevenção. "Estamos aqui para evitar que ônibus sejam imobilizados nessa região e atrapalhem o tráfego", afirma. Não houve nenhum problema no local até às 19h de ontem.

Além disso, com a falta de ônibus, algumas pessoas que costumam deixar carros em casa foram obrigadas a tirar os automóveis da garagem. O que piorou o trânsito na Capital e causou congestionamentos, ainda mais lentos, nas principais avenidas.

Terminais

Na noite de ontem, no Terminal de Integração da Parangaba, a volta para casa foi considerada tranquila. Os coletivos circularam de forma reduzida e o movimento de passageiros foi bem abaixo da média diária. Segundo a Polícia, não foi registrado nenhum tipo de ocorrência.

Situação parecida foi constatada no Terminal de Integração do Siqueira. À noite, o movimento de passageiros também foi tranquilo, ao contrário do que ocorreu pela manhã.

Segurança
12 policiais foram colocados a postos na Avenida Carapinima, no Centro da Cidade, com o objetivo de evitar maiores transtornos durante a noite de ontem

Mototáxis lucram com a paralisação
Parece até contradição, mas o cobrador T.C.D., 29, trabalhou mesmo estando em greve. Só que não foi no ônibus. De forma um tanto quanto esperta, se aproveitou da situação para exercer a profissão de mototaxista próximo ao Terminal do Siqueira. "Estou ganhando um dinheirinho bom. Enquanto a paralisação durar, vou rodar das 6h às 10h. Dá para apurar R$ 100 por dia", estima, dizendo que a prática é comum entre os colegas de profissão.


Até alguns motoristas de ônibus e cobradores aproveitaram para atuar como mototaxista e ganhar um dinheiro extra Foto: Alex Costa

Além dos mototáxis regulamentados, Fortaleza ficou lotada de transportes clandestinos, todos cobrando até o dobro do preço normal para transportar os passageiros, já que as topiques da cidade circulavam abarrotadas. Não adiantava estender a mão, motoristas sinalizavam que não havia lugar e seguiam adiante, deixando para trás inúmeras pessoas nas paradas.

Sorridente, o mototaxista Hugo Brito, 24, havia realizado cinco corridas em menos de uma hora e apurado R$ 150. "Estou dobrando o preço, dá para tirar o décimo terceiro só hoje", comemora, torcendo para que a greve "dure mais um pouquinho".

Cristiano Ferreira Nobre, presidente da Cooperativa de mototaxistas do Terminal da Parangaba, afirma que a demanda aumentou consideravelmente no local da Cooperativa a partir de meia-noite de ontem, quando iniciou a greve dos motoristas, e continuou durante a manhã desta quarta-feira.

"Os passageiros escolhem o mototáxi porque é mais rápido, barato e fácil de chegar ao trabalho", analisa.

De acordo come ele, o serviço foi buscado por cidadãos desinformados, que se surpreenderam ao chegar ao terminal da Parangaba e saber da notícia da paralisação.

Com o crescimento da demanda de passageiros, alguns mototaxistas aumentaram os preços das viagens. A alta varia de R$ 3 a R$ 5. No entanto, Cristiano admite que há abusos. "A cooperativa realiza fiscalizações, mas não podemos controlar os mototaxistas nas ruas", ressalta.

Táxis

Se os mototaxistas estão rindo à toa neste início de greve, a situação é diferente para os taxistas que trabalham na Capital. João Romão Neto, presidente da cooperativa Capital Rádio Táxi, que conta com uma frota de 490 carros, afirma que a quantidade de clientes aumentou, mas o prejuízo é certo. "Uma viagem que antes durava 20 minutos, hoje está durando, em média, uma hora. Enquanto isso, gastamos muita gasolina presos no congestionamento e não podemos atender outros clientes", desabafa.

Além do prejuízo com a queda do faturamento, Neto afirma que a ausência dos funcionários da cooperativa, que não conseguiram chegar ao trabalho, fez com que o plantão dos que atuam de madrugada se estendesse pela manhã, ocasionando o pagamento de horas extras. 

dn

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