O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, demonstrou preocupação com a
ideia anunciada pelo presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB), de
dividir com os Estados o dinheiro a ser arrecadado com o megaleilão de
áreas de petróleo. O arremate é previsto para o ano que vem. As
informações são da Agência Estado.
Para Guardia, não se pode esquecer que a União passa por um
problema fiscal gravíssimo, e os recursos do leilão já fazem parte da
contabilidade da equipe econômica para tentar melhorar esse cenário em
2019.
No último dia 14, Eunício participou da reunião de Jair Bolsonaro com os governadores, em Brasília. Foi o emedebista quem disse que o presidente eleito e o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, aceitaram o repasse de parte dos valores obtidos no leilão para estados e municípios.
O
leilão transfere os direitos de exploração do petróleo da camada
pré-sal – a chamada cessão onerosa. O senador cearense compartilhou que a
estimativa de renda para a União com o leilão fique entre R$ 120
bilhões e R$ 130 bilhões.
Ainda segundo ele, o
percentual a ser repassado ainda não está definido, mas deve seguir a
regra de divisão do fundo de participação dos municípios. O leilão é uma das apostas da equipe econômica do presidente eleito para reduzir o déficit primário.
Pedido de urgência
Dia
7, o Senado aprovou pedido de urgência para a votação do projeto que
permite à Petrobras transferir, para outras empresas, até 70% dos
direitos de exploração dos 5 bilhões de barris de petróleo.
A cessão onerosa foi um acordo fechado, em 2010 entre a União e a
Petrobras que permitiu à estatal do petróleo explorar, sem licitação, os
campos do pré-sal na Bacia de Santos. Em troca do direito de
exploração, a estatal pagou R$ 74,8 bilhões à União.
Nos
anos seguintes, porém, a cotação do barril de petróleo caiu muito,
motivada por tensões geopolíticas e preocupações quanto ao desempenho da
economia, entre outros fatores. A Petrobras alega que pagou à União um
valor muito alto no acordo de 2010 e avalia que tem direito de ser
ressarcida. Esse é um dos pontos da discussão.
"O
valor [até R$ 130 bilhões] não está fechado, mas há um entendimento de
que pode chegar a isso. O valor que chegar, um percentual iria para
estados e municípios. Guedes concorda com isso e conduziu a conversa
para a defesa da federação verdadeira, que são os estados e municípios
brasileiros", declarou o presidente do Senado.
Análise
Técnicos,
no entanto, consideram a proposta inconstitucional, já que altera um
ato jurídico perfeito ao determinar a revisão de um contrato firmado
voluntariamente entre as partes, sem anuência das mesmas e de um modo
diferente do acordado.
O projeto também concede benefícios não precificados para a Petrobras, o que pode configurar transferência indevida de renda aos acionistas privados da companhia, dizem fontes. Por outro lado, a revisão pode abrir brechas para uma revisão contratual que prejudique a Petrobras no futuro.
O projeto também concede benefícios não precificados para a Petrobras, o que pode configurar transferência indevida de renda aos acionistas privados da companhia, dizem fontes. Por outro lado, a revisão pode abrir brechas para uma revisão contratual que prejudique a Petrobras no futuro.
Permite
ainda que a Petrobras possa vender até 70% dos 5 bilhões de barris a que
tem direito na área para outras empresas. A proposta também vai
dispensar os consórcios dos quais a Petrobras participa de seguir as
regras da Lei das Estatais para a compra de itens, produtos e serviços.
Isso vai liberar os consórcios para aquisições a partir de convite a uma
lista de fornecedores.
Não há mais tempo para realizar o leilão neste ano.Com
a mudança na regra do Tribunal de Contas da União (TCU), válida a
partir de 2019, o governo terá que enviar todas as informações
referentes ao leilão 150 dias antes da publicação do edital, o que pode
adiar a licitação para o fim de 2019 ou até 2020. O TCU também deverá
analisar o termo aditivo que será firmado entre União e Petrobras.
Redação O POVO Online
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