No CE, índios e fazendeiros brigam por área de quase 6 mil hectares: FUNAI já propôs um limite para a reserva indígena, mas decisão final será tomada após discussões com os envolvidos |
De um lado, 6,5 mil índios em busca de um pedaço de terra. De outro, proprietários resistentes a entregar fazendas, que atravessam gerações. Estes são os personagens principais de uma história que já dura quase 30 anos.
A terra que os índios Tapeba reivindicam tem perto de 6 mil hectares e fica no município de Caucaia, vizinho de Fortaleza. A região era de várias fazendas, que deram lugar às indústrias.
No último dia 27 de agosto, foi publicada no Diário Oficial da União a portaria da FUNAI que propõe os limites para a reserva.
O estudo da FUNAI fez uma lista de 700 pessoas que serão notificadas para que se manifestem sobre a criação da reserva.
De acordo com o levantamento da FUNAI, a maior parte dos não-índios ocupa pequenas áreas. Muitas vezes, são apenas casebres, construídos em terrenos invadidos; no entanto, pelo menos 50 propriedades estão registradas em cartório e são consideradas de médio e grande porte, entre 50 e mil hectares.
Entre as pequenas áreas está a de Alberto Miranda, que há mais de 50 anos planta e cria gado em 20 hectares. Aos 70 anos, ele está disposto a abrir mão da terra para os índios.
Se a negociação com os pequenos produtores é mais tranquila, o mesmo não acontece com os grandes fazendeiros. Os ânimos ficaram mais acirrados nos últimos tempos.
A Fazenda Soledade está com a família Arruda Coelho há várias gerações. São ao todo 1,5 mil hectares. No estudo apresentado pela FUNAI, 700 hectares estariam dentro da reserva. Os proprietários dizem que têm os registros em dia no cartório de imóveis e que vão contestar o relatório.
De outro lado, os índios esperam ansiosos que a reserva agora saia do papel. De Brasília/DF, Maria Augusta Assirati, presidente da FUNAI, explica quais serão os próximos passos do processo. Confira a entrevista no vídeo com a reportagem completa.
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