terça-feira, 27 de março de 2012

Pronto atendimento

O Sistema Único de Saúde (SUS), por sua dimensão gigantesca e complexidade operacional, tornou-se um desafio para os gestores públicos nos três níveis de governo. Sua aguardada consolidação como serviço eficiente será uma extraordinária conquista neste País que assegura direitos ao cidadão além de sua realidade econômica.

Na linha de dificuldades, um erro grave, no seu lançamento, foi a ausência de informações básicas de interesse dos brasileiros sobre a estrutura de funcionando do serviço, que apresenta uma divisão do atendimento em primário, secundário e terciário. Essa classificação rotula os postos de saúde, hospitais secundários e hospitais terciários.

A clientela dependente da assistência médica da rede pública raramente encontra nos postos ou centros de saúde todos os meios para o equacionamento de seus males. A simples consulta médica sempre foi precária, pela elevada demanda e pequena oferta de profissionais. Os hospitais, por sua vez, seriam para atender a um público limitado, antes triado.

O cidadão carente, quando se depara com a necessidade do socorro médico, não é capaz de entender que o posto médico seja a porta de acesso ao SUS. Ele deseja ter sua saúde, ou de familiares, restabelecida. Como o atendimento primário, nesses postos de saúde, quase sempre é carente, ele se frustra com o atendimento oferecido parcialmente, quando a urgência e emergência não escolhem dia e horário para intervenções.

Daí a descrença na rede primária, na qual a triagem, deveria disciplinar o encaminhamento à assistência médico-ambulatorial. Como consequência, a massa transformada em clientela cativa abarrota os hospitais gerais. A demanda excessiva pelo socorro médico se reflete nas filas das madrugadas, no desespero pela falta de senhas, no retorno para casa sem atendimento.

O modelo do SUS para os especialistas representa um avanço técnico irreversível. Mas, para o público-alvo, é um amontoado de dificuldades pelo atendimento apenas parcial, nem sempre suficiente para aliviar suas dores e tensões.

As recentes denúncias documentadas sobre manobras para a possível prática de ilícitos em concorrências da rede pública de saúde demonstram como é falho o emprego dos recursos públicos e como deve haver desperdício em serviços relevantes como este. A expressiva destinação de recursos para o custeio da assistência médico-hospitalar, se bem aplicada, garantiria um padrão de qualidade muito distante do atual.

Em meio ao vendaval de denúncias, de abertura de inquéritos e de tramoias fecundadas nas relações comerciais entre o poder público e seus fornecedores, surgem sinais que poderão aliviar o sofrimento dos mais necessitados e, assim, sem acesso ao atendimento médico das camadas com baixa renda.

O Ministério da Saúde e o governo do Estado iniciaram, pela Praia do Futuro, a inauguração, em Fortaleza, das 32 Unidades de Pronto Atendimento (UPA), funcionando as 24 horas, destinadas ao socorro de urgência e emergência das populações dos respectivos bairros.

No Ceará, já funciona a UPA de Maranguape, estando programada a inauguração das unidades construídas no Montese, Autran Nunes e Canindezinho. Depois virão as unidades de Caucaia, Eusébio, Horizonte, Pecém, Canindé, Crateús, São Benedito e Pentecoste. Seu objetivo maior é desafogar os grandes hospitais, garantindo ao cidadão o socorro médico integral desde o primeiro momento de sua necessidade.
 
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