Na próxima segunda-feira, 25 de março, o Ceará comemora 135 anos da
declaração da abolição da escravatura, realizada em 1884, quatro anos
antes da assinatura da Lei Áurea, tornando o Ceará a primeira província a
decretar, oficialmente, o fim da escravidão no Brasil. O ato foi
realizado na Praça Castro Carreira (Praça da Estação), pelo presidente
da província do Ceará, Sátiro Dias. O movimento ficou conhecido em todo o
país por seu pioneirismo e pela originalidade, pois era liderado pelas
elites (estudantes, grandes comerciantes e intelectuais).
Mesmo
com uma participação predominante da elite cearense, alguns filhos
do povo, como o Francisco José do Nascimento, conhecido também como
Chico da Matilde ou Dragão do Mar, foi essencial para o Movimento
Abolicionista. Foi de Dragão do Mar a ordem de que ninguém poderia
mais embarcar escravos no Porto. Respeitado, o líder jangadeiro, que
era mulato, tinha fama de juiz severo (condenava a desobediência com
a vida ou a morte), o que fez de sua atitude determinante para o fim
do tráfico de escravos.
A abolição da escravidão foi um marco importante para o Ceará, mas
apresentou poucas mudanças na sociedade e na economia da época. Os
negros libertados continuaram quase nas mesmas condições, sendo
colocados socialmente num patamar de inferioridade. Não foram dadas as
oportunidades de emprego e estudo ao negro.
Para o coordenador e historiador do Instituto de Pesquisa Américo
Barreira – IPAB, Juarez Leitão, a situação de subserviência do negro
ocorreu por todo o século XIX até mais da metade do século XX de forma
acentuada, e que até hoje a situação dos negros em relação às outras
raças continua sendo inferior.
“Nos últimos 20 anos, digamos assim, a luta pela posição
de dignidade do negro tem conseguido grandes triunfos e grandes
conquistas, mas ainda existe a permanência do preconceito, de uma
cultura discriminatória e alienante.”
O
vereador Sargento Reginauro (sem partido), salientou que o Ceará é
referência na discussão sobre a abolição dos escravos e que o
povo possui um sentimento libertário que deve ser valorizado.
“Nós precisamos continuar valorizando essa luta, esse
resgate de que nós não aceitaremos nem aquela escravidão, nem as amarras
do sistema que até hoje ainda tem promovido tanta segregação social
dentro da nossa Cidade e do Ceará”, observou o vereador.
Evaldo Lima (PCdoB), vereador e professor de história, validou o
protagonismo do Ceará na libertação dos escravos, evidenciando que a
luta pela liberdade permanece a cada dia.
http://www.cmfor.ce.gov.br/
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