A prisão preventiva do ex-presidente Michel Temer pela Polícia Federal teve forte repercussão no Senado nesta quinta-feira (21).
Temer foi preso por ordem do juiz federal Marcelo Bretas, por fatos
relacionados à Operação Descontaminação, que investiga crimes de cartel,
corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e fraudes à licitação na
construção da usina nuclear Angra 3. Além de Temer, foi preso o
ex-ministro das Minas e Energia Moreira Franco.
A
senadora Eliziane Gama (PPS-MA) afirmou que a prisão de Temer, realizada
na manhã comprova que a força-tarefa da Operação Lava Jato investiga
todos os envolvidos, de todos os partidos, indistintamente.
— Essa
prisão coloca por baixo o discurso vitimista e deixa muito claro que a
Operação Lava Jato não é seletiva. Nós tivemos prisões de
ex-governadores, ex-presidentes da República, numa demonstração clara de
que a operação tem feito um trabalho amplo em todo o Brasil — disse.
A
abrangência da operação, no entanto, tem refletido em tentativas de
enfraquecimento, segundo a parlamentar, fazendo referência à decisão do
Supremo Tribunal Federal (STF) de transferir à Justiça Eleitoral o
julgamento de crimes comuns, como corrupção e lavagem de dinheiro,
quando associados ao caixa 2.
Por
esse motivo, a senadora apresentou uma Proposta de Emenda à Constituição
(PEC) que modifica o artigo 121 do texto constitucional para
estabelecer a separação de processos nos casos de crimes eleitorais
conexos com crimes comuns.
O
senador Lasier Martins (Pode-RS) também disse que a prisão de Temer é um
sinal de que não há discriminação, não há perseguição, com relação
àqueles que são visados pela Justiça e pelas investigações da polícia.
—
Evidentemente que o ex-presidente Temer haverá de apresentar a sua
defesa, mas a sua prisão, de certa retumbância em todo o Brasil, já era
algo vaticinado por muita gente há várias semanas. E, ao que tudo
indica, muita gente boa, muita gente famosa também virá na esteira desse
trabalho eficiente que realiza a Operação Lava Jato. Mas o essencial
que eu queria aqui enfatizar bem é que, ao contrário do que diziam
certos setores partidários, não há discriminação. Quem cometeu infrações
contra o dinheiro público está aí sob investigação.
Dia histórico
Randolfe
Rodrigues (Rede-AP) afirmou que esta quinta-feira é um dia histórico do
combate à corrupção no Brasil e que a prisão de Temer é uma
demonstração concreta de que ninguém está acima da lei.
— Não é
o fim da corrupção. É um passo importante que precisa ser celebrado. Os
elementos para a prisão do senhor Michel Temer e do senhor [ex-ministro
de Temer] Moreira Franco estavam colocados há muito tempo. É lamentável
que isso não tenha ocorrido antes.
A
senadora Soraya Thronicke (PSL-MS) também defendeu a Operação Lava Jato,
ressalvando que não estava fazendo um pré-julgamento de Temer.
— Não
estou aqui para julgar ninguém, para emitir nenhum juízo de valor,
principalmente porque eu não tenho conhecimento dos fundamentos da
prisão do ex-presidente Michel Temer. O que eu gostaria de expressar é a
sensação. Às vezes somos hostilizados por torcermos para que a Operação
Lava Jato dê certo, para que tudo corra bem. É ruim demais você se
sentir hostilizado por estar procurando que o Brasil seja passado a
limpo, que a justiça seja feita — afirmou.
Já o
senador Irajá (PSD-TO) revelou que não sente orgulho pelo país ter mais
um ex-presidente preso, além de Lula, que está na carceragem da PF em
Curitiba, mas que "a política no Brasil precisa evoluir".
— Ter
mais um ex-presidente da República preso não é motivo de orgulho. Revela
o quanto precisamos evoluir como nação. Eu, que votei 'sim' para que a
Câmara dos Deputados autorizasse o STF abrir investigação contra o
ex-presidente Temer, torço para que o Brasil viva novos tempos —
declarou o senador.
O
senador Márcio Bittar (MDB-AC) afirmou, via Twitter, que é de se
lamentar que políticos que já ocuparam cargos importantes na República
estejam sendo detidos, mas por outro lado é um sinal de que a Justiça
está funcionando.
Abuso de autoridade
Em
posição contrária, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) disse não
identificar razão aparente para a prisão, que ele qualificou como abuso
de autoridade. Disse ainda que o episódio é reflexo do processo de
desmoralização pelo qual passa a política no país.
— Não
sou advogado, mas eu não vejo nenhuma razão objetiva para a prisão do
presidente Temer. Eu posso falar isso porque eu sempre fui oposição ao
presidente Temer, mas ele não tá fugindo. Que eu saiba, ele tem endereço
conhecido e eu acho que isso é um processo de abuso de autoridade, que
está acontecendo com alguma frequência. É um reflexo da desmoralização
cada vez maior da política, desmoralização de uma classe que é
fundamental para a democracia.
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