O desabamento do Edifício Andrea no Bairro Dionísio Torres, em Fortaleza, é investigado pela Polícia Civil do Ceará. Um inquérito foi instaurado ainda ocorrido ainda na terça-feira (15), dia do ocorrido. A investigação está a cargo do 4º Distrito Policial, no Bairro Pio XII.
Segundo informações do 4º Distrito Policial, oito pessoas já foram ouvidas, entre moradores, sobreviventes e vizinhos.
De acordo com a polícia, os investigadores procuram a síndica do condomínio, que seria peça chave para entender o que levou ao desmoronamento. Entretanto, Maria das Graças Rodrigues, 53 anos, moradora do apartamento 502, estaria sob os escombros. Os investigadores devem ir ao local do desabamento para mais conseguir mais informações e ouvir outras testemunhas.
Ainda conforme os policiais, o porteiro do edifício, que se encontra no Hospital Distrital Edmilson Barros de Oliveira, o Frotinha de Messejana, passou informações sobre a síndica do prédio, que tentou fugir no momento do desabamento, mas não conseguiu sair.
BUSCA POR VÍTIMAS
O trabalho de buscas por vítimas segue nesta quarta-feira. Os bombeiros realizam ininterruptamente, que começaram logo após o primeiro atendimento à ocorrência, com o revezamento de equipes do Corpo de Bombeiros.
Às 9h50, os bombeiros ouviram um assobio. Era uma vítima se comunicando. Os militares então pediram silêncio total das pessoas no local. A pessoa soterrada está perto do caminhão estacionado ao lado do mercadinho atingido pelos destroços.
Os bombeiros deram início, ainda na madrugada, à retirada dos entulhos, que são levados por caminhões que acessam o local e cerca de 150 voluntários se revezam com auxílio no resgate e ajuda a vítimas.
DADOS ATUALIZADOS: 2 MORTOS, 9 FERIDOS E 9 DESAPARECIDOS
A primeira vítima foi um entregador de água que estava em um mercadinho atingido pelos destroços, conforme informação do Corpo de Bombeiros. A segunda morte é de uma mulher ainda não identificada. Ela foi encontrada na madrugada e ainda está sob os escombros. Além das pessoas que morreram, 9 seguem desaparecidas e 9 foram resgatadas com vida.
Nesta manhã, apenas dois feridos continuavam no Instituto Dr. José Frota (IJF)
- Cleide Maria da Cruz Carvalho, de 60 anos – deu entrada no hospital com ferimentos no corpo, mas o quadro é estável
- Gilson Gomes, de 58 anos – resgatado do mercadinho ao lado do prédio
Na terça-feira, também foram atendidos no local:
- Antônia Peixoto Coelho, de 72 anos – estado de saúde considerado grave. Foi levada a pedido da família para um hospital particular
- Voluntário da Cruz vermelha que teve a mão machucada (o nome dele não foi divulgado)
Outras vítimas resgatadas foram levadas para hospitais particulares.
DESABAMENTO: ENTENDA O QUE HOUVE
O Edifício Andrea desabou na manhã desta terça-feira (15), por volta das 10h28, no cruzamento da Rua Tibúrcio Cavalcante com Rua Tomás Acioli, no Bairro Dionísio Torres, em Fortaleza.
A Prefeitura de Fortaleza afirmou na tarde desta terça que o prédio foi construído de maneira irregular. Segundo a prefeitura, até o ano de 1995 existia uma residência no lugar do Edifício Andrea. O primeiro imóvel foi construído na década de 1970. A prefeitura revelou ainda que a construção irregular dos sete pavimentos é o motivo pelo qual não há registros oficiais do prédio.
O presidente do Conselho Regional de Engenharia do Ceará (Crea-CE), Emanuel Maia Mota, afirmou durante entrevista coletiva, que também não tem registro ou nome de um engenheiro responsável pela construção do Edifício Andrea.
“Aqui no Crea a gente está constituindo uma comissão que vai levantar informações acerca da reponsabilidade, dos profissionais que estavam ali na nuvem, digamos assim, de serviços a serem executados, e vamos repassar isso para a Defesa Civil, para a perícia, enfim”, afirmou ele.
Emanuel Maia Mota disse também que foi registrada, uma Anotação de Responsabilidade Técnica informando uma reforma de recuperação de construções e pintura no Edifício Andrea, que ia custar R$ 22.200. O documento é exigido sempre que condomínios ou donos de casas vão fazer uma obra no imóvel.
Mota explica que a anotação entrou segunda-feira nos registros do Crea-CE em nome de um engenheiro que informava que uma reforma seria executada no prédio, sem especificar em que área seria esta obra.
Sobre a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), documento de registro da reforma, o presidente do Crea acrescentou que uma vez que o engenheiro faz o registro do serviço, ele se autodeclara responsável pelas obras.
"O engenheiro passa a assumir tudo após esse registro e quando ele faz de forma genérica, essa responsabilidade é muito mais ampla. Se ele tivesse descrito o que ele estava fazendo e que tipo de procedimento ia ser executado, as responsabilidades iam se restringindo. Dependendo da responsabilidade apontada pela perícia que será feita no local, no Crea ele pode responder à resolução 1090, que prevê a suspensão do registro profissional.
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