Policiais militares são mantidos "presos" dentro do 12º Batalhão de Polícia Militar (BPM), em Caucaia, pelas próprias mulheres dos PMs. São 25 mulheres que foram ao local na terça-feira, 18, e impediram a saída dos policiais de plantão. Cercaram o comandante da unidade e relatam que tomaram a chave dele. Elas dizem estar com a chave. Elas relatam que todos que estavam de serviço ontem seguem no local, inclusive o comandante, que tentou resistir, segundo elas contam. Eles não foram liberados para ir embora nem no horário da troca de turno.
"Prendemos os policiais que estavam de serviço, não deixamos ninguém sair nem ninguém entrar", disse Mari Santos, uma das mulheres de policiais que participam da mobilização. "Tem major, tá todo mundo aí preso", relata ela. Os policiais no local recebem comida e água.
Mari Santos diz que elas já tomaram e mantêm paradas 21 viaturas. A intenção, segundo conta, é tomar mais ainda.
Ela afirma que os policiais não sairão até que haja acordo definitivo. "Em primeiro lugar, anistia", ela diz. Além disso, afirma não aceitar "reunião nem assembleia". Ela relata que só deixarão os policiais saírem quando houver "acordo assinado para o dinheiro cair na conta de uma vez, que é o certo."
Entenda a situação
Diante de uma crise salarial, policiais militares, bombeiros e esposas se articulam visando promover um reajuste salarial que atenda as demandas da categoria. Após a primeira proposta de pacote divulgada na última sexta-feira, 31 de janeiro, as associações protestaram em frente a Assembleia Legislativa (ALCE). No mesmo dia, parlamentares considerados como representantes dos agentes de segurança foram recebidos pelo governador Camilo Santana (PT), no Palácio da Abolição.
A desembargadora Francisca Adelineide Viana suspendeu, no último dia 5, decisão que proibia a prisão de policiais e bombeiros militares do Estado. A ação era da Associação das Praças do Estado do Ceará (ACSMCE) e a decisão direcionada ao Comandante-Geral da Polícia Militar do Estado do Ceará e comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará, além do Controlador Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública.
Em nova reunião, que aconteceu na quinta-feira, 13, o acordo prevê o pagamento de R$ 346 milhões em reajuste salarial a policiais militares e bombeiros. Outros R$ 149 milhões oriundos de gratificações, como horas extras e recompensas, serão incorporados ao salário, totalizando gastos de R$ 495 milhões. Esse valor será pago em três parcelas; em março de 2020 (40%), março de 2021 (30%) e março de 2022 (30%). Agora, o salário final do soldado ficará de R$ 4.500 ao final de 2022, um acréscimo de quase R$ 300 acima do sugerido pela proposta inicial.
Na tarde de ontem, 17, o Ministério Público do Ceará (MPCE) entrou com uma Ação Civil Pública (ACP) contra associações de segurança pública em virtude da possibilidade de paralisação dos serviços. Foram notificadas pelo Ministério: Associação dos Profissionais de Segurança Pública (APS), Associação dos Praças do Estado do Ceará (Aspra), Associação dos Oficiais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiro Militar do Estado do Ceará (Assof), Associação de Praças da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (Aspramece) e Associação Beneficente dos Subtenentes e Sargentos (ABSS).
Durante reunião na Assembléia Legislativa nesta terça-feira, 18, o Governo afirmou que "vai honrar o que foi combinado" sobre a tramitação da nova proposta salarial. Segundo o líder do governo na AL-CE, Júlio Cesar Filho, o projeto de reajuste salarial será mantido e, se não tiver pedido de vistas, poderá ser votado já na quinta-feira, 27, após o carnaval.
o povo
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