quarta-feira, 6 de junho de 2012

Terreno em Altavila Caucaia está sob disputa na Justiça

Duas empresas brigam na Justiça por terreno no município de Caucaia. Área do imóvel tem mais de 51 mil metros quadrados, será construído o condomínio residencial Altavila cujas vendas já se iniciaram
kléber A. Gonçalves
Caucaia está disputada. Duas grandes empresas brigam na Justiça por um terreno de 51 mil metros quadrados, na Estrada do Garrote. A MDMY Construtora afirma que já incorporou o terreno, lavrou as escrituras e está tudo juridicamente resolvido para a construção de um grande condomínio residencial, o Altavila, que já está sendo vendido. A FG Invest Incorporadora disse que viu o terreno primeiro e que até já pagou parte dele. Ao que parece, o imóvel foi vendido duas vezes por um mesmo homem que – alegam as duas empresas – “sumiu do mapa”.

O imbróglio

A FG Invest foi a primeira a negociar o terreno em Caucaia, em 2010 ainda. Foi o que disse ao O POVO a corretora Christina Lazar. “Eu que achei o imóvel, em agosto de 2010, para a FG Invest. Nós fechamos negócio com os donos do terreno, seu Raimundo Galdino, e a esposa dele, logo no mês seguinte, em setembro. Demos até um sinal no valor R$ 150 mil”, cita Christina, que também é gerente da Frente Mar Empreendimentos Imobiliários.

Segundo instrumento particular de compra e venda de imóvel, documento que a corretora enviou à reportagem, o terreno foi negociado para a FG Invest Incorporadora no valor de R$ 940 mil, em 23 de setembro de 2010. Christina acrescenta que foram pagos R$ 15 mil de débitos devidos pelo dono do terreno e o Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), que, geralmente, é negociado em 30% do valor do imóvel. O documento confirma a história.

Pagamento do sinal

Mas uma cláusula deste documento dispõe que, se o pagamento do sinal não for feito em 90 dias, o contrato fica nulo. É aí que a história complica. Enquanto a FG Invest cita que pagou o sinal de R$ 150 mil, a MDMY Construtora afirma que esse pagamento não foi feito e que, por isso, pôde comprar legalmente o terreno.

“Nós incorporamos o terreno em 19 de janeiro de 2011. O pagamento foi feito normalmente para o vendedor Raimundo Galdino”, disse o proprietário da MDMY Construtora, Jamie MacDonald-Murray. Segundo ele, foi feita uma pesquisa sobre a condição do terreno e “estava tudo OK”. O terreno foi negociado a R$ 1,5 milhão.

“Só seis meses depois da incorporação do terreno, chegou uma notificação de processo criminal. Ficamos abismados. Se há problema, é entre a FG Invest e o vendedor do terreno”, afirma Jamie. Esse processo criminal foi impetrado pela FG Invest, seis meses depois, como confirma matrícula do imóvel a que O POVO teve acesso. Na data de 16 de junho de 2011, consta mandato de intransferibilidade do terreno; ele não poderia ser comercializado. Em maio, a situação foi regularizada e o terreno liberado, segundo a MDMY.

“Já gastamos R$ 150 mil com advogados para provar que estamos certos. Vamos processar a FG Invest por difamação e danos morais. O dono do terreno disse que tentou devolver o dinheiro dos débitos do imóvel pagos pela incorporadora, mas ela não quis conversa”, afirma Jamie.

A FG Invest não reconhece a tentativa de acordo tampouco o ganho de causa dado à MDMY, no mandato de intransferibilidade do terreno. “O terreno ainda está sub judice. Não pode ser comercializado”, afirma o advogado da FG Invest.

Onde

ENTENDA A NOTÍCIA

O terreno da Caucaia sob disputa fica na Estrada do Garrote, a poucos metros da Lagoa do Sibatan. O POVO visitou o terreno de 51 mil metros quadrados. O imóvel está murado e com o nome Altavila inscrito. Nenhuma indício de construção do residencial foi constatado.

Saiba mais

A assessoria de imprensa da FG Invest enviou a denúncia de intransferibilidade do terreno do residencial à imprensa, no Feirão da Caixa, em março, em Fortaleza.

No “release-denúncia”, a FG Invest cita que o residencial da MDMY é parte do programa Minha Casa, Minha Vida e que o terreno do empreendimento está sub judice; logo, não poderia ser comercializado. O POVO entrou em contato com a Caixa Econômica Federal.

O gerente regional da CEF, Lucas de Castro, afirmou que o empreendimento será financiado pela Caixa - mas não dentro do Minha Casa, Minha Vida - e que esse processo está em andamento para aprovação. “Só fizemos análise da engenharia do Altavila. A avaliação jurídica está em andamento, mas, diante da denúncia, a MDMY já apresentou o registro de incorporação do imóvel. Ele conseguiu em maio desse ano finalizar o registro. Se passar pela análise jurídica da Caixa, o imóvel está garantido”, assegura o gerente.

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