O governador do Estado Camilo Santana (PT) afirmou ontem que pode adotar o "lockdown" como medida de enfrentamento à pandemia do novo coronavírus no Ceará. O sistema restringe ao máximo o fluxo de pessoas e de veículos nas ruas, criando bloqueios entre divisas e protocolos rígidos de acesso a estabelecimentos como farmácias e supermercados.
O chefe do Executivo antecipou também que prorrogará o decreto estadual que institui o distanciamento social e a suspensão de atividades não essenciais no Estado. O documento expira na próxima terça-feira, 5. Camilo não informou por quantos dias ele será estendido.
Em coletiva ao lado do prefeito Roberto Cláudio (PDT) e de secretários no Palácio da Abolição, a primeira presencialmente desde o início da quarentena, o petista descartou ainda flexibilizar ações de combate à doença, que já tem oito mil casos confirmados e matou 539 pessoas no Ceará.
"O que posso reafirmar agora é que este não é o momento para flexibilizar, é momento para ampliar ainda mais as medidas restritivas diante dos números que nos foram apresentados hoje (ontem)", avaliou o governador. "Não há a menor possibilidade, na capital cearense, de qualquer flexibilização diante dos números que temos".
Camilo vem sendo pressionado pelo setor produtivo e segmentos religiosos para permitir a reabertura do comércio e de igrejas em Fortaleza, que concentra mais de 90% dos contágios e de óbitos pela enfermidade e tem quase 100% da rede de UTIs ocupada por pacientes de Covid-19.
Questionado sobre quais decisões mais enérgicas pode tomar nos próximos dias e se o "lockdown" era uma dessas ferramentas sob análise, o mandatário disse que sim. "O lockdown está em discussão", respondeu Camilo.
"Não descartamos nenhum tipo de medida. Estamos analisando", prosseguiu. "Vamos passar o fim de semana trabalhando para avaliar a necessidade de medidas que possam endurecer e garantir que o isolamento social seja cumprido."
Na noite de ontem, a Justiça no Ceará negou um pedido apresentado por advogado para decretar "lockdown" no Estado. O defensor alegou falta de resultados eficazes nas políticas que o Governo tem empregado desde o início da quarentena, entre elas o isolamento.
O despacho, assinado pelo juiz Aisson do Valle Simeao, não deu provimento à demanda "por entender que o deferimento configuraria interferência indevida e desaconselhada do Poder Judiciário na atividade administrativa". O magistrado, todavia, admite no texto ter "entendimento pessoal no sentido de que o 'lockdown' parece ser o caso indicado para Fortaleza".
Presente à coletiva dessa sexta-feira, o secretário da Saúde no Estado, Carlos Roberto Martins Sobrinho, o Cabeto, comentou a possibilidade de soluções enfáticas diante da escalada da doença no País.
"Sobre medidas restritivas não há dúvidas. Restrição é consenso. Agora, essa forma nós estamos estudando para fazer da maneira mais responsável", declarou Cabeto, que chamou a atenção para o avanço da Covid-19 em municípios do Interior.
A respeito da hipótese de lockdown na cidade, o prefeito Roberto Cláudio expôs que "não pode haver dilema competitivo" e que existe um "comitê que vem trabalhando, muito bem constituído pelo governador Camilo".
Para o pedetista, "há uma questão ética fundamental, de proteção da vida humana", e que "nada pode ser mais importante do que proteger a vida das pessoas, e é isso que Governo e Prefeitura vêm fazendo".
O POVO
Nenhum comentário:
Postar um comentário