segunda-feira, 29 de julho de 2019

Banco do Brics pretende financiar mais de US$ 1 bilhão no Brasil

O Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), instituição financeira que financia o grupo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) tem como meta aprovar US$ 1 bilhão em financiamentos para o Brasil em 2019, patamar que deve se tornar ainda maior nos próximos anos. Há cinco anos, foi realizada a assinatura do Acordo Constitutivo do NDB em Fortaleza, durante a VI Cúpula dos BRICS em 2014.
Em entrevista do Diário do Nordeste, o vice-presidente do banco, J.B Sarquis, afirmou que a instituição tem interesse em financiar projetos nas áreas de água, transporte, energia renovável no Ceará.  Além disso, Sarquis também ponderou que, mesmo em crise, o banco quer ofertar recursos para países membros do Brics e tornar esses mercados mais competitivos, como é o caso do Brasil.
Qual o volume de recursos disponíveis para o Brasil e quais as linhas disponíveis de financiamento?
O Novo Banco de Desenvovimento (NBD) já aprovou 38 projetos no valor acumulado de cerca de USD 10 bilhões. Os empréstimos são destinados aos setores público e privado nos cinco países membros do BRICS e sócios fundadores do NBD (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Há considerável espaço para incrementar os financiamentos às empresas e ao setor público (nos níveis federal, estadual e municipal).
O NBD tem feito seus empréstimos em dólares e começa gradualmente a considerar empréstimos em moeda local para atender à demanda crescente de investimentos domésticos em infraestrutura. O Banco trabalha com uma meta de empréstimos que somem mais de US$ 1 bilhão por ano por país. Buscará ainda aprovar projetos nesse volume para o Brasil em 2019 e mesmo superiores nos próximos anos. 
Existe algum foco específico de setor para os projetos do NDB no País, como infraestrutura? 
O NBD visa ao financiamento de longo prazo para investimentos em infraestrutura e projetos de desenvolvimento sustentável. Tem aprovado projetos nas seguintes principais áreas: água, saneamento e irrigação; transporte e logística, inclusive rodovias, ferrovias, portos e aeroportos; energia limpa e renovável, como solar, eólica e biomassa; mobilidade urbana, como metrôs e diferentes modalidades de transporte público; outras infraestruturas econômicas e sociais, em apoio aos serviços e à melhoria do bem-estar nas cidades.
Investimentos desse gênero fortalecem o crescimento sustentado e geram múltiplas externalidades positivas, contribuindo para a consecução dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável nos planos econômico, social e ambiental. 
Soubemos que o Ceará tentou a tomada de recursos no ano passado para alguns projetos de infraestrutura, mas o que levou a não confirmação do projetos? 
O NBD tem mantido diálogo com o Ceará e com Fortaleza e outros Estados e municípios no Brasil com vistas à preparação de projetos de financiamento de infraestruturas nas várias áreas mencionadas anteriormente. O NBD deseja ser parceiro dos setores público e privado para que sejam ampliados os investimentos nesse setor no Brasil. Há enorme demanda por esse gênero de investimentos no País, especialmente no Nordeste. 
O que o Estado poderia fazer para se adequar melhor aos financiamentos do NDB e ter projetos aceitos pela instituição?
A fase de planejamento e de preparação de projetos é fundamental para garantir que a sua execução gere os retornos financeiros e econômicos, bem como os demais efeitos de desenvolvimento sustentável. Com a instalação de seu escritório regional para Américas em São Paulo, com sub-escritório em Brasília, o NBD vai poder acompanhar melhor a preparação dos projetos e mesmo colaborar no seu desenvolvimento, de acordo com a demanda de cada um de seus clientes.
Ao mesmo tempo o Banco quer ser parceiro em iniciativas que almejem aumentar de modo sustentado a capacidade de estruturação de projetos no Brasil, e tem mantido diálogo com diferentes interlocutores a esse respeito.
No cenário nacional, o País tem discutido o papel dos bancos de desenvolvimento, como o NDB tem se posicionado para o mercado brasileiro? Uma opção com condições diferenciadas? E que condições seriam essas?
O NBD é um banco de desenvolvimento multilateral, estabelecido por tratado internacional assinado em Fortaleza em 2014. Iniciou suas operações em Xangai em 2015. Têm potencial de aumentar sua carteira de US$ 10 a 50 bilhões nos próximos anos, podendo chegar a financiar permanentemente projetos no valor total de US$ 10 bilhões em cada um dos países BRICS.
Estrutura-se como organização compacta, flexível e rápida, com baixo custo operacional e orientada ao conhecimento e ao uso de novas e eficientes tecnologias de gestão e processamento de dados. O NBD oferece condições de financiamento bastante competitivas para o setor público, mesmo quando comparado a outros bancos multilaterais de desenvolvimento. Ademais, o Banco não impõe condicionalidades aos seus empréstimos, priorizando o uso da legislação nacional no que se refere às políticas sociais, ambientais e de aquisições.
Qual a avaliação de funcionamento do Banco do Brics no contexto internacional desde a criação do banco?
A visão do tratado de Fortaleza constitutiva do Banco foi acertada. O NBD deve complementar as necessidades de financiamento de longo prazo para infraestrutura e desenvolvimento sustentável dos seus países fundadores e dos seus futuros membros. De fato, os países BRICS responderão por cerca de 40% dos investimentos nessas áreas nas próximas três décadas.
Esses cinco países e outras economias emergentes e em desenvolvimento representarão um total de cerca de 70% desses investimentos. O NBD procurará juntamente com outros bancos e investidores atender a essas enormes demandas, fundamentais para que se alcancem os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) dos paises.
No momento em que o Brasil está sem perspectivas de investimentos do setor privado, pela crise, o Banco espera, de alguma forma, ter mais atuação no País?
O NBD se prepara para ofertar recursos cada vez mais competitivos para os setores público e privado dos países membros. Está consolidando suas linhas de empréstimos soberanos e corporativos. À medida que aprimora suas operações e sistemas de gestão de riscos, deverá aos poucos começar a desenvolver project finance. Decidiu igualmente promover operações na forma de garantias e em ações.
Terá por objetivo não somente financiar projetos soberanos e corporativos, mas também intensificar e diversificar o financiamento de infraestrutura, ao apoiar e induzir a maior participação do setor privado em projetos neste setor. Assim atuará conforme as demandas, legislações e marcos regulatórios de cada país. 

dn

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