Pode ser votado na próxima semana o projeto que pretende reverter decreto
presidencial de dispensa de visto para cidadãos da Austrália, do
Canadá, dos Estados Unidos e do Japão. O pedido de urgência com as
assinaturas de líderes partidários foi apresentado pelo senador Randolfe
Rodrigues (Rede-AP) na última quarta-feira (27).
O decreto presidencial foi publicado há cerca de duas semanas,
durante a visita do presidente Jair Bolsonaro aos Estados Unidos. A
dispensa do visto valerá a partir de 17 de junho. O principal argumento
de Randolfe, autor do PDL 68/2019,
é o princípio da reciprocidade. Para ele, o decreto resulta em um
tratamento desigual, já que o Brasil não tem dispensa de visto para
entrar nos quatro países.
— Não é justo que, enquanto os Brasileiros que queiram visitar esses
países sejam submetidos a longos processos burocráticos, os cidadãos
desses países sejam dispensados da obtenção de visto de forma unilateral
— argumentou o senador, que enumerou o alto custo e as dificuldades que
os brasileiros têm para obter os vistos, especialmente o dos Estados
Unidos.
Críticas
No dia em que foi publicado o decreto, senadores se revezaram em
Plenário para criticar a liberação do visto sem reciprocidade. Humberto
Costa (PT-PE) criticou a diferença no tratamento destinado aos
brasileiros.
— Vá o brasileiro querer ir para os Estados Unidos! Tem que pagar uma
taxa elevadíssima, tem que se submeter a várias visitas aos consulados,
às vezes, tem que ir para outro estado. Quando chegam aos Estados
Unidos, os estrangeiros são tratados como se fossem terroristas em
potencial. E o Brasil vai lá e entrega para eles o direito de virem ao
nosso país sem precisar de visto — criticou.
Plínio Valério (PSDB-AM) lembrou que o decreto não só dispensou o
visto para os quatro países, mas também abriu a possibilidade de que
futuras dispensas ocorram por ato conjunto dos ministros da Justiça e
das Relações Exteriores.
Sérgio Petecão (PSD-AC) usou o Twitter para afirmar que a dispensa de
visto prevista no decreto é uma decisão acertada. O argumento do
senador é de que Austrália, Canadá, Estados Unidos e Japão são países
desenvolvidos e de que a medida pode ter impacto positivo para o turismo
e economia.
Atribuição
Uma das atribuições do Congresso é sustar atos normativos do Poder
Executivo que exorbitem do poder regulamentar. Na Câmara, os deputados
apresentaram cinco projetos com a mesma intenção de sustar o decreto. Os
projetos aprovados em uma das Casas precisam passar pela outra para que
passem a sustar os atos questionados.
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