segunda-feira, 22 de abril de 2019

Período pré-eleitoral movimenta base e oposição na RMF

A disputa por prefeituras, que só acontece em 2020, já começou no Ceará e movimenta lideranças na construção de estruturas e nomes viáveis para as urnas. Na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), que concentra municípios estratégicos para o Estado, seja na economia ou no turismo, os enfrentamentos tendem a ser mais acirrados que os de 2016. A Grande Fortaleza está na mira dos principais partidos em atuação no Ceará. Largam na frente nomes e legendas mais conhecidos em cada região, mas diretórios estão sendo criados ou fortalecidos para a oferta de outras opções para a população.
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Em número de eleitores, Caucaia e Maracanaú lideram a lista das principais cidades, com 211 mil e 152 mil, respectivamente. A contribuição para o desenvolvimento do Ceará – são os dois maiores PIBs depois da Capital –, além da própria relevância política, geram interesse dos partidos.
A Prefeitura de Caucaia, por exemplo, é comandada por Naumi Amorim (PMB), que enfrentou um segundo turno acirrado em 2016 com o empresário Eduardo Pessoa (PSDB), falecido em 2017. Os dois grupos políticos devem novamente rivalizar em 2020, mas em condições diferentes. Filho de Tauá, Naumi sinaliza que não deve concorrer à reeleição, abrindo caminho para outro nome aliado.
“Muitos políticos esperam se desgastar até o povo não querer mais para sair da política. Eu quero sair no tempo que tiver melhor na gestão. A maioria pensa em ser dono da cidade”, diz o prefeito.
Do outro lado, os tucanos preparam o lançamento de um quadro com projeção local. A vereadora de Caucaia, Emília Pessoa (PSDB), candidata a vice-governadora na chapa do General Theophilo em 2018, é sondada pelo partido. Há, ainda, o ex-prefeito Washington Goes, filiado ao PDT, que governou Caucaia por dois mandatos, mas a legenda tucana deve apostar em um novo nome.
Em Maracanaú, Firmo Camurça (PSDB) encerra o segundo mandato no ano que vem com a possibilidade de devolver o bastão ao deputado federal Roberto Pessoa (PSDB). Ele foi vice do empresário entre 2005 e 2012, até assumir o Executivo. Reeleito em 2016, Camurça teve Pessoa como vice, até este conquistar vaga na Câmara dos Deputados. O nome da deputada estadual Fernanda Pessoa também é cotado entre aliados.
Adversário
O grupo da situação deve ter como concorrente, de novo, o deputado estadual Júlio César Filho (PPS), líder do Governo na Assembleia Legislativa, que carrega a bagagem política do pai, o ex-prefeito de Maracanaú e ex-deputado Júlio César Costa Lima. Em 2016, Júlio César Filho obteve 27,90% dos votos válidos, contra 72,10% de Camurça. 
Dentro da base governista, há lideranças que defendem renovação na disputa, enquanto o deputado reafirma a disposição de entrar no embate. “Pretendemos nos articular, unir a oposição, para que possamos apresentar, em momento oportuno, nas eleições de 2020, projeto alternativo”, pontua Júlio.
A terceira cidade mais importante da Região Metropolitana de Fortaleza, diante do eleitorado, é Maranguape. São 73.548 votantes para 127.098 habitantes, segundo o IBGE. O responsável por governar o município é o prefeito João Paulo Xerez (PHS), que ganhou sozinho as últimas eleições. Os possíveis concorrentes do então vereador saíram do páreo.
Regina Valentim (PCdoB), mãe do ex-prefeito George Valentim, renunciou ao pleito e decidiu apoiar Xerez, enquanto o ex-prefeito Marcelo Silva (PV) e o prefeito à época, Átila Câmara (Patri), tiveram as candidaturas indeferidas pelo Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE). O atual gestor governa a cidade, que tem vocação turística, com o apoio da maioria dos vereadores.
Lideranças políticas locais reconhecem que a disputa de 2020, por enquanto, está aberta. O atual prefeito pode buscar a reeleição ou apoiar um nome novo. O PV sinaliza para outra candidatura de Marcelo, assim como George e Átila são cogitados na cidade. Além dos nomes em evidência no último pleito, o PSDB pode voltar à política de Maranguape com o ex-deputado federal Raimundo Gomes de Matos, vice-prefeito e prefeito da cidade entre 1983 e 1993. Ele ou o filho, vereador de Fortaleza Pedro Matos, são cotados.
Aquiraz
Também com forte apelo turístico e industrial, com quase 55 mil eleitores, Aquiraz é o desejo de vários partidos. Desde 2017, quem dá as cartas é o MDB de Edson Sá, que impediu a reeleição de Antonio Fernando Guimarães, do PP. Como o último candidato se filiou ao Patriota, outro nome pode ser lançado pelo PP, segundo o presidente da sigla no Ceará, AJ Albuquerque. “O futuro do partido em Aquiraz ainda não é certo”, disse via assessoria. Edson Sá conta com ampla maioria.
Quem quer estar nas urnas da cidade é o deputado Bruno Gonçalves (Patri). Ele é filho do prefeito do Eusébio, Acilon Gonçalves (PR), que foi presidente da Câmara Municipal de Fortaleza, onde hoje está sua esposa, Marta Gonçalves, vereadora licenciada.
Já Bruno, que deve migrar para o PR, considera, também, a possibilidade de lançar o tio Walber Gonçalves à prefeitura. O grupo político já administra Eusébio há, pelo menos, 15 anos. Acilon, em 2016, derrotou Dr. Mauro, do PR, hoje partido do prefeito. Dos 15 vereadores do município, apenas dois, ambos do MDB, são de oposição.
O quinto município em quantidade de eleitores na Região Metropolitana, com 53.035, é Horizonte, que hospeda dezenas de indústrias dos setores têxtil, calçadista e automotivo, por exemplo. O atual prefeito, Chico César (PSDB), enfrentou o empresário José Rocha Neto, o Rochinha (PTB), em 2016. Ganhou com folga: 70,88% a 26,06%.
Ex-aliados
Chico César contou com o apoio do ex-prefeito e hoje deputado estadual Nezinho Farias, que deixou o ninho tucano em 2018 para se filiar ao PDT. Os dois hoje andam por caminhos opostos. Chico é o candidato natural do PSDB à reeleição, enquanto Nezinho confirma que pretende lançar nas urnas a esposa Jô Farias, ex-vereadora do município. 
O deputado cogita, inclusive, conversar com o ex-opositor Rochinha, que concorreu nas últimas três eleições, para formar uma aliança. A tendência é de confronto acirrado em Horizonte.
Afora os principais grupos políticos que dividem protagonismo nas cinco cidades da Região Metropolitana de Fortaleza com mais eleitores, outros partidos indicam que devem entrar com força, como PT, PDT, Pros, Novo e PSL.
Cenários podem mudar até as eleições
As disputas no formato “cabo de guerra”, com apenas duas forças no páreo, representam o momento das cinco principais cidades da Região Metropolitana de Fortaleza, em número de eleitores. São projeções baseadas nas últimas eleições, mas que podem ser afetadas por partidos tradicionais ou novos, em ascensão no cenário eleitoral do País. O recorte serve como baliza para os primeiros desenhos políticos.
Legendas que podem surpreender
O Partido Social Liberal (PSL), por exemplo, quer aproveitar o capital eleitoral do presidente Jair Bolsonaro para ganhar prefeituras. O presidente estadual do partido, deputado federal Heitor Freire, manifesta interesse nas cidades metropolitanas. O Novo, do empresário Geraldo Luciano, mira em cidades estratégicas e na RMF, mesmo interesse do Pros. PT, PDT, MDB e PSDB, mais tradicionais, também aparecem na briga.
Independência ao Governo estadual
Entre os atuais prefeitos da Grande Fortaleza, lideranças consultadas confirmam que há reconhecida “independência” em relação ao Governo Camilo Santana. Além da influência do apoio do governador, aliados dos gestores argumentam que também foi preponderante a própria projeção eleitoral conquistada nos respectivos municípios.

dn

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