Barrada pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos
Renováveis (Ibama) no início deste ano, a usina de urânio de Itataia, em
Santa Quitéria, no Noroeste cearense, iniciará as atividades em 2026. A
afirmação é do secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético
do Ministério de Minas e Energia (MME), Reive Barros. Na Capital para a
28ª edição do Café com Energia, ele também anunciou investimentos da
iniciativa privada para o setor da ordem de R$ 400 bilhões até 2027. O
evento ocorreu na sede da Federação das Indústrias do Estado (Fiec).
O objetivo é destravar as obras da usina
Nuclear Angra 3, no Rio de Janeiro, no próximo ano, e colocá-la em
operação já em 2023. Com isso, será necessária a produção de
matéria-prima. "Será retomada a do Ceará e da Bahia. Com a Angra 3,
vamos precisar desse urânio", explicou.
Durante palestra, Reive afirmou que vislumbra as
instalações de "usinas de energia nuclear de três em três anos" no
Brasil. Questionado sobre os detalhes, afirmou que isso ainda será
anunciado no plano nacional do setor, em dezembro próximo.
Acrescentou que a realidade atual não é a mesma de
quando ocorreu o acidente nuclear de Chernobil, na Ucrânia em 1986.
Segundo ele, atualmente, há tecnologia e segurança nesses modelos de
equipamento. Ponderou, no entanto, que exemplos como esses devem ser
discutidos para que não se repitam.
Para o vice-presidente da Câmara Temática de Energias
Renováveis e consultor da Fiec, Jurandir Picanço, "o projeto assume uma
importância pelo planejamento geral que mantém a expansão da energia
nuclear, e, num determinado momento, terá que haver a produção".
A usina de Santa Quitéria previa investimentos de R$
850 milhões via consórcio entre as Indústrias Nucleares do Brasil (INB) e
o Grupo Galvani. À época, a INB estimou arrecadação tributária estadual
com o negócio de R$ 92,6 milhões com o Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços (ICMS) e Imposto Sobre Serviços de qualquer
natureza (ISS).
Mas, para retomá-lo, o Governo terá que apresentar um
novo projeto. Isso porque o empreendimento é considerado de risco em
razão dos impactos socioambientais que pode provocar na região. Ocorre
que seria necessária a construção de uma barragem para descartar os
rejeitos. Conforme reportagem publicada em fevereiro deste ano no O
POVO, após a tragédia de Brumadinho, em Minas Gerais, o Ibama negou
licenciamento da usina.
Para Talita Furtado Montezuma, do Núcleo Trabalho, Meio
Ambiente e Saúde da Universidade Federal do Ceará (Tramas-UFC), a
situação é preocupante. "Após mais de uma década de projeto, comprou-se a
ausência de viabilidade ambiental do projeto", aponta. "Diante do atual
contexto, em que se retirou o superintende do Ibama, isso enfraqueceu o
órgão e retirou a autonomia. A gente fica preocupada", complementa.
o povo
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