Em discurso a servidores durante a inauguração de uma ouvidoria no Palácio do Planalto nesta sexta-feira (5), Jair Bolsonaro pediu desculpas pelas "caneladas", disse não ter nascido para ser presidente e que seu cargo "é só problema".
"Desculpem as caneladas, não nasci para ser presidente, nasci para ser militar. Mas, no momento, estou nesta condição de presidente e, junto com vocês, nós podemos mudar o destino do Brasil. Sozinho não vou chegar a lugar nenhum", afirmou Bolsonaro.
Aos funcionários do Planalto, o presidente afirmou que, "daqui a um tempo" será "mortal como todos" e que, em seu cargo, "é só problema".
"Não tenho qualquer ambição. Não me sobe à cabeça o fato de ser presidente. Eu me pergunto, eu olho pra Deus e falo: o que eu fiz para merecer isso? É só problema, mas temos como ir em frente, temos como mudar o Brasil."
Bolsonaro comentou as declarações em entrevista após a cerimônia. Ele afirmou que sabia das dificuldades do cargo e brincou quando questionado se já havia aprendido a ser presidente.
"A gente tem que se virar, né? Para não ser engolido", disse.
Ainda no discurso, o presidente disse que nunca esperou chegar no posto em que está. Disse que, na eleição, tinha contra ele "imprensa, fake news, tempo de televisão, recurso de campanha".
Ouviu de servidores gritos de "amém" e "glória a Deus" e reagiu.
"Eu até queria fazer uma sugestão, já que falaram amém. Eu sei que o estado é laico, eu sei disso, mas se puder colocar aí o João 8:32, eu agradeceria. Aqui é o local adequado. E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará", afirmou, antes de cortar a fita de inauguração da ouvidoria.
O presidente disse que o Brasil vai deixar de ser "o país da chacota" e criticou a esquerda.
"Acredito, sem querer ser o salvador da Pátria, apesar de me chamar Messias, que se fosse outro presidente aqui, estaria uma hora dessas conversando com [o ditador Nicolás] Maduro lá na Venezuela. Quando nossos irmãos nem rato tem para comer mais", afirmou o presidente.
Bolsonaro também falou que é preciso lutar pela democracia -"temos que lutar pelo bem maior que nós temos, que é a nossa liberdade"- e valorizar "os valores da família".
"Quem não quer ter família, sem problema nenhum. Agora, a família existe, é a célula da sociedade. Uma família sadia é uma sociedade sadia, é um país com perspectiva de futuro. Da maneira como vinha sendo tratado até pouco tempo não tínhamos perspectiva de mudar o Brasil", disse Bolsonaro.
dn
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