O 
Senado aprovou em dois turnos nesta quarta-feira (3), por 59 votos a 
favor, 5 contrários e nenhuma abstenção, a proposta de emenda à 
Constituição que determina a execução obrigatória de emendas de bancada (PEC 34/2019).
 O texto é o substitutivo do senador Esperidião Amin (PP-SC), 
apresentando e votado pela manhã na Comissão de Constituição, Justiça e 
Cidadania (CCJ). No Plenário, por acordo de líderes, foi dispensado o 
prazo constitucional de cinco dias úteis para a votação entre o primeiro
 e o segundo turno. A proposta volta para a análise da Câmara dos 
Deputados, com previsão de celeridade na tramitação, conforme 
entendimento entre o presidente daquela Casa, Rodrigo Maia, e o 
presidente do Senado, Davi Alcolumbre.
Uma 
emenda de bancada é uma emenda coletiva, de autoria das bancadas dos 
estados e do Distrito Federal para atender os interesses dessas unidades
 da Federação com obras e serviços. Entre as alterações de Esperidião 
Amin no texto que saiu da Câmara, está a retirada do termo “caráter 
estruturante”, que condicionava o atendimento às mais diversas 
necessidades e prioridades de uma determinada região. Assim, o regime de
 execução obrigatória será aplicado a todas as emendas de bancadas 
estaduais indistintamente, e não somente a um subconjunto delas.
Percentual
Um 
acordo com o governo levou Esperidião Amin a incluir no texto a previsão
 de um escalonamento na execução das emendas de bancada, que será de 
0,8% da Receita Corrente Líquida (RCL) em 2020 e 1% a partir do ano 
seguinte. Com o escalonamento, o Executivo poderá se adaptar a essa execução obrigatório no Orçamento. Dessa forma, apenas com as emendas de bancada, cada estado terá mais R$ 300 milhões, chegando a R$ 1 bilhão no prazo de três anos. 
— Ao 
estabelecermos a emenda coletiva de bancada do estado como o polo 
gerador e o polo que vai repartir receitas e permitir despesas nas 
unidades federadas, nós estamos fazendo, sim, uma evolução federativa — 
avaliou o relator.
Mas 
Esperidião Amin retirou da proposta uma alteração do artigo 166 da 
Constituição que geraria a impositividade integral do Orçamento da União
 e, a seu ver, merecia debate mais aprofundado.
Remanejamentos e ajustes
A PEC 
também retira do texto constitucional o rito relativo ao processo e 
cronograma de análise, verificação de impedimentos e remanejamento, que 
se mostrou “excessivamente detalhado e pouco eficaz” (art. 166, §14, 
incisos II, III e IV). A sugestão é que a norma poderia ser definida e 
aperfeiçoada anualmente na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), já que
 a maior parte dos remanejamentos e ajustes é realizada com base nas 
autorizações contidas no texto do Orçamento anual, sem necessitar de 
projeto de lei de crédito adicional.
Restos a pagar
Também
 foi feito um ajuste no texto para facilitar a identificação clara de 
quais "restos a pagar" podem ser considerados para fins de cumprimento 
dos montantes das emendas impositivas. Por simetria, foi estendido o 
limite de 50%, existente no texto constitucional em vigor, para 
modalidade de emenda de bancada estadual.
Continuidade
O 
relator adicionou ainda um parágrafo para determinar que a as 
programações oriundas de emendas estaduais, na maioria investimentos de 
grande porte, com duração de mais de um exercício financeiro, tenha a 
necessária garantia de continuidade para evitar a multiplicação de obras
 inacabadas.
'Toma lá, dá cá'
Em 
Plenário, a maioria dos senadores defendeu a ampliação do Orçamento 
impositivo como instrumento moralizador da distribuição de recursos no 
país, acabando com a prática do “toma lá, dá cá”, a negociação de 
emendas do governo com parlamentares para influenciar o resultado das 
votações.
— Um 
Orçamento impositivo, que atende de forma igualitária todos os estados 
da Federação brasileira, dos mais ricos aos mais pobres. Evitando o 
fisiologismo, evitando a compra de voto, porque agora o governo federal 
vai ter que cumprir a determinação constitucional porque nós caminhamos 
unidos — destacou Simone Tebet (MDB-MS).
O senador Eduardo Braga (MDB- AM) disse apostar na liberação de verbas de emendas para a melhoria do escoamento
 da produção agrícola e a geração de emprego e renda. E os senadores 
Omar Aziz (PSD-AM), Vanderlan Cardoso (PP-GO) e Eliziane Gama 
(Cidadania-MA) defenderam investimentos nos municípios e no andamento de
 obras paradas.
Já o 
senador Major Olímpio, que a princípio era contra a PEC, em atenção ao 
cumprimento do teto de gastos, terminou por votar a favor da matéria 
após ouvir os colegas e a manifestação positiva do ministro da Economia,
 Paulo Guedes.
—  Se é o fim do toma lá, dá cá, não há mais motivação de não avançarmos com pautas fundamentais ao nosso país — afirmou.
Críticas
Contrários
 à proposta, os senadores Alvaro Dias (Pode-PR), Oriovisto (Pode-PR) e 
Flávio Arns (Rede-PR) apontaram a urgência da aprovação de uma reforma 
fiscal e tributária como forma de reduzir o déficit primário e melhorar a
 distribuição de renda.
— Não 
vejo essa proposta como o início da reforma do sistema federativo, ao 
contrário, ela sinaliza a desorganização que há. Ela aponta para as 
injustiças na distribuição dos recursos públicos arrecadados de forma 
significativa em função de um modelo tributário que esmaga o setor 
produtivo nacional e a economia do pais — disse Alvaro Dias.
 www12.senado.leg.br
 
 
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